- Atenção Primária à Saúde
Mateus Emanuel da Silva Santos
- 22 maio 2024
A definição de automedicação é o uso de medicamento sem prescrição médica, orientação ou acompanhamento (Brasil, 2001). Entretanto, em cidades pequenas, principalmente na saúde pública, a automedicação acontece de maneira diferente do que a veiculada nos meios de comunicação. Pela familiaridade com os profissionais de saúde, pela amizade com o médico e pela freguesia já estabelecida em determinado setor de saúde, as receitas são renovadas automaticamente pelos médicos com pouco rigor clínico ou quase nenhum, além dos usuários coagirem os médicos a prescreverem o que eles próprios – os pacientes – pedem que seja prescrito. Assim, visando adquirir correto manejo da dispensação farmacêutica municipal, foram adotados protocolos de dispensação farmacêutica, visando trabalhar a reeducação da prescrição médica (profissional e paciente) e o vínculo desse profissional prescritor com a secretaria da saúde.
Identificar situações sensíveis nas dispensações da farmácia, executar protocolo de dispensação medicamentosa, proporcionar atualização e educação permanente dos profissionais prescritores, solucionar possíveis problemas encontrados. O estudo foi levantado a partir de estudos realizados pela assistência farmacêutica municipal. Com os resultados encontrados nas prescrições e dispensações, foi estabelecido um plano de contingenciamento medicamentoso. Iniciou-se empoderando os profissionais farmacêuticos para dispensação apenas dentro das quantidades estabelecidas em protocolos farmacológicos, mesmo que os prescritores não tenham observado os protocolos. Em seguida, foi realizada educação permanente com médicos e farmacêuticos para equalização dos protocolos. E, finalmente, institui-se um sistema informatizado interligado com as Estratégias Saúde da Família para controle de quantidade e de pacientes vinculados à consulta médica.
Em 2017, aconteceram encontros de EP com médicos e farmacêuticos e estudou-se casos reais, protocolos e outros estudos. Após os treinamentos realizados, observou-se em 2018 uma melhora significativa na dispensação e prescrição de medicamentos. Por exemplo, em 2016 para Sertralina 50mg, Amoxicilina 500mg, Azitromicina 500mg, Nimesulida 100mg, Diazepam, Clonazepam 2mg, Omeprazol 20mg dispensou-se: 450.355, 152.022, 34.628, 84.659, 246.678, 623.179, 1.172.294 comprimidos respectivamente. em 2018 para os mesmos medicamentos observou-se na dispensação: 235.223, 87.708, 13.839, 64.172, 139.256, 340.247, 411.988 comprimidos respectivamente. Financeiramente os resultados também foram positivos, de R$ 1.700.000,00 em 2016 para R$ 750.000,00 em 2018. Observou-se a necessidade de intervir junto à assistência farmacêutica devido receitas de uso contínuo de anti-inflamatórios, várias receitas de antibiótico para o mesmo paciente no ano, além do alto número de medicamentos dispensados anualmente, assim, buscamos solucionar esse problema realizando educação e atualização dos médicos, além de empoderar o farmacêutico para executar suas atribuições sem sofrer retaliações de pacientes e médicos e promover uma saúde pública digna à população.
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