Dezembro Vermelho, campanha de conscientização e luta contra o HIV, vírus causador da aids, lançada em 2017 pelo Ministério da Saúde, marca uma grande mobilização no Brasil em torno da importância da prevenção, do diagnóstico precoce, do tratamento adequado e da redução do estigma associado ao HIV/aids, chamando atenção para os direitos das pessoas infectadas e para todas as infecções sexualmente transmissíveis (IST). O mês vem na esteira do Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro em todo o mundo, que foi instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Assembleia Geral da ONU, em 1988.
A campanha busca engajar tanto profissionais de saúde quanto a população, promovendo um diálogo mais inclusivo e livre de estigmas. A cor vermelha, símbolo tradicional da luta contra o HIV, representa a urgência e a solidariedade necessárias para enfrentar a doença. Este movimento vem ao encontro das metas globais da Organização da Nações Unidas (ONU), que visa à erradicação da doença, entre elas: diagnosticar 95% das pessoas vivendo com HIV, garantir que 95% delas estejam em tratamento antirretroviral e alcançar 95% de supressão viral entre os tratados.
Reconhecido mundialmente pelos seus avanços na luta contra o HIV/aids, o Brasil já alcançou índices de 96%, 82% e 95%, respectivamente. Além disso, 92% das pessoas em tratamento já atingiram o estágio de estarem indetectáveis, ou seja, estado em que a pessoa não transmite o vírus e consegue manter a qualidade de vida sem manifestar os sintomas da doença. O país se destaca, ainda, em relação a uma importante forma de se prevenir o HIV: atualmente, mais de 83 mil pessoas utilizam a profilaxia pré-exposição (PrEP), método disponibilizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2018, que consiste em tomar comprimidos antes da relação sexual, permitindo ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV.
Com 11.857 novas adesões nos dois primeiros meses de 2024, a PrEP é prescrita com acompanhamento médico. De acordo com a pesquisa da Agência Diadorim, publicada no Jornal da Universidade de São Paulo (USP), o número de usuários que fizeram uso da PrEP pelo menos uma vez ao ano cresceu de 8.215 para 119.333, evidenciando a ampliação do acesso e da adesão ao medicamento no país. Com isso, o Brasil mostra avanços significativos, mas, também, desafios a serem superados.
Luta contra o estigma
O estigma é um dos maiores obstáculos na luta contra a aids, dificultando a busca por diagnóstico e tratamento. Por isso, um dos principais objetivos da campanha Dezembro Vermelho é promover uma abordagem inclusiva e sem julgamentos, que permita que todos se sintam confortáveis em buscar cuidados médicos, independentemente de sua condição. Neste ano, o Ministério da Saúde apresentou as Diretrizes para a eliminação da aids e a transmissão do HIV como problemas de saúde no Brasil. Trata-se de um plano de ação que estabelece cinco objetivos principais para que o Brasil atinja a meta de eliminar a doença e a transmissão vertical do HIV como problemas de saúde pública até 2030.
O Dezembro Vermelho é, também, uma oportunidade para reforçar as conquistas, como o acesso universal ao tratamento e os esforços contínuos para reduzir a transmissão do HIV. Por isso, a Plataforma IdeiaSUS Fiocruz reúne aqui práticas inspiradoras sobre a temática:
Implementação da linha de cuidado integral á saúde da pessoa vivendo com HIV em Macapá;
O cuidado compartilhado no acompanhamento de mães e crianças expostas ao HIV;
Caminhos para a implementação da Profilaxia Pré-Exposição: de onde partimos e onde queremos chegar;
Caracterização e tendência em duas décadas de HIV;
Consultório na rua: uma ampliação da abordagem das pessoas vivendo com HIV/Aids focando a adesão.
A mobilização durante esse mês é um lembrete de que a luta contra o HIV/aids continua e que com informação, prevenção e solidariedade é possível construir uma sociedade mais inclusiva e menos afetada pela epidemia.
Por Ana Karolina (Jornalista/Bolsista da Plataforma IdeiaSUS Fiocruz)