A Auriculoterapia Clínica (AC) é um tratamento que utiliza a estimulação de pontos e áreas da orelha para provocar efeitos reflexos no Sistema Nervoso Central (Nogier, 2021). Este método é aplicável a uma ampla gama de condições, incluindo diversas disfunções orgânicas, dor, insônia e questões psicoemocionais, e demonstrou eficácia no apoio ao tratamento de dependências (Nogier, 2014). Este relato tem como objetivo avaliar mudanças nas condições físicas e emocionais de visitantes em eventos de Saúde, identificar as queixas prevalentes entre esses indivíduos e promover a efetividade da AC como um valioso recurso terapêutico.
Este relato de experiência refere-se às Oficinas de Auriculoterapia Clínica realizadas em três eventos de 2024: o estande USP 60+ durante a Expo-Longevidade; o Simpósio de Envelhecimento Saudável na USP 60+; e o Congresso Internacional de Gerontologia na EACH-USP. Os participantes foram visitantes desses eventos. As oficinas de AC contaram com uma média de nove auriculoterapeutas trabalhando por nove horas diárias ao longo de cinco dias. Os visitantes se aproximaram voluntariamente do estande da oficina de AC, onde lhes foi oferecida uma sessão de AC. Inicialmente, eles responderam à pergunta: “Se você pudesse mudar algo em sua saúde hoje, o que seria?” Caso mencionassem dor, aplicava-se a Escala Visual Analógica (EVA) antes e depois da terapia, variando de 0 (sem dor) a 10 (dor intensa). As orelhas foram examinadas e tratadas de acordo com as queixas apresentadas, utilizando eletroestimulação e inserção de agulhas na orelha externa nos pontos alterados identificados. Esses atendimentos seguiram as recomendações das Resoluções 466/2012 e 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde.
A amostra incluiu 644 participantes, sendo 581 mulheres e 93 homens, com idade média de 64 anos. A queixa mais prevalente foi dor musculoesquelética, relatada por 430 participantes. Além disso, houve queixas de sintomas ansiosos/depressivos (135), insônia (50) e outras queixas em menor número. Entre os 430 participantes que relataram dor, 426 apresentaram melhora imediata, com diferença predominante de cinco pontos na EVA ao comparar os níveis iniciais de dor com as avaliações finais. Ademais, 114 participantes relataram dor zero, indicando ausência completa de dor como efeito final da terapia. Notavelmente, alguns participantes entraram em contato conosco pessoalmente ou por telefone para compartilhar melhorias em sinais e sintomas indesejáveis nos aspectos físicos e emocionais tratados durante as sessões.
A AC mostrou-se eficaz na redução da dor musculoesquelética crônica, surgindo como uma opção terapêutica eficiente para promoção da saúde e recuperação (Morais et al., 2020; Nassif, 2020). Os artigos revisados demonstraram que a auriculoterapia é um método eficaz para reduzir dor musculoesquelética crônica e é bem aceita pelos pacientes. Essa evidência é altamente relevante para a saúde, considerando que a auriculoterapia representa um recurso terapêutico de fácil aplicação e com relativamente poucos efeitos colaterais, apoiando a promoção da saúde e a recuperação (Morais et al., 2020). Uma revisão sistemática da literatura realizada por Nassif (2020) encontrou efeito positivo no alívio da dor em 69% dos estudos analisados, com 100% de sucesso quando aplicada com laser.
Quanto aos efeitos psicoemocionais, Correa et al. (2020) relataram que a auriculoterapia se mostrou eficaz na maioria dos estudos em diversas situações clínicas envolvendo estresse, ansiedade e depressão, incluindo condições como esclerose múltipla, abuso de substâncias, demência, cefaleia associada a traumatismo cranioencefálico, insônia e dor. Além de sua eficácia, a AC demonstrou ser minimamente invasiva, segura, de baixo custo e exigir pouco tempo de aplicação. Notavelmente, o uso da AC em pacientes com sintomas depressivos resultou em melhorias significativas, trazendo benefícios nos aspectos de saúde, sociais e econômicos, conforme constatado por Crespo (2018) em um estudo com 206 pacientes tratados com AC para síndrome ansioso-depressiva. Os participantes também relataram que a auriculoterapia contribuiu para a melhora da qualidade do sono, corroborando os achados de Cordeiro, Kuba e Turrini (2023), que estudaram a qualidade do sono em 80 profissionais de enfermagem em situação de estresse e observaram que a auriculoterapia contribuiu significativamente para a melhora da insônia.
Os resultados demonstraram alívio imediato da dor na maioria dos participantes, além de melhorias em diversos sinais e sintomas que afetavam seu bem-estar geral. Esses achados reforçam a importância da integração da Auriculoterapia Clínica tanto nos serviços públicos quanto privados de saúde, destacando seu potencial como uma valiosa opção terapêutica para aprimorar o cuidado ao paciente e promover saúde.
Clinical Auriculotherapy (CA) is a treatment that uses the stimulation of points and areas of the ear to provoke reflex effects on the Central Nervous System (Nogier, 2021). This method is applicable to a wide range of conditions, including various organic dysfunctions, pain, insomnia, and psycho-emotional issues, and has demonstrated effectiveness in supporting the treatment of addictions (Nogier, 2014). This report aims to evaluate changes in the physical and emotional conditions of visitors at Health events, to identify the prevalent complaints among these individuals and promote the effectiveness of CA as a valuable therapeutic resource.
This experience report refers to the Clinical Auriculotherapy Workshops conducted at three events in 2024: the USP 60+ Booth during the Expo-Longevidade; the Healthy Aging Symposium at USP 60+; and the International Congress of Gerontology at EACH-USP. Participants were visitors to these events. The CA workshops featured an average of nine auriculotherapists working for nine hours daily over five days. Visitors voluntarily approached the CA workshop booth, where they were offered a CA session. Initially, they responded to the question: "If you could change something about your health today, what would it be?" If they mentioned pain, the Visual Analog Scale (VAS) was applied before and after therapy, ranging from 0 (no pain) to 10 (intense pain). The ears were examined and treated based on the complaints presented, utilizing electrostimulation and needle insertion in the external ear at the identified altered points. These treatments followed the recommendations of Resolutions 466/2012 and 510/2016 of the National Health Council.
The sample included 644 participants, consisting of 581 women and 93 men, with an average age of 64 years. The most common prevalent complaint was musculoskeletal pain, reported by 430 participants. Additionally, there were complaints of anxiety/depressive symptoms (135), insomnia (50), and other complaints in smaller numbers. Among the 430 participants who reported pain, 426 experienced immediate improvement, with a predominant difference of five points in the VAS when comparing initial pain levels to final evaluations. Furthermore, 114 participants reported zero pain, indicating a complete absence of pain as a final effect of the therapy. Notably, some participants contacted us in person or by phone to share improvements in undesirable signs and symptoms in the physical and emotional aspects that were treated during the sessions.
CA has proven effective in reducing chronic musculoskeletal pain, emerging as an efficient therapeutic option for promoting health and recovery (Morais et al., 2020; Nassif, 2020). The reviewed articles demonstrated that auriculotherapy is an effective method for reducing chronic musculoskeletal pain and is well accepted by patients. This evidence is highly relevant for healthcare, considering that auriculotherapy represents an easy-to-apply therapeutic resource with relatively few side effects, supporting health promotion and recovery (Morais et al., 2020). A systematic literature review by Nassif (2020) found a positive effect on pain relief in 69% of the analyzed studies, with a 100% success rate when applied with laser. Regarding psycho-emotional effects, Correa et al. (2020), reported that auriculotherapy proved effective in most studies across various clinical situations involving stress, anxiety, and depression, including conditions such as multiple sclerosis, substance abuse, dementia, headache associated with traumatic brain injury, insomnia, and pain. In addition to its effectiveness, CA has shown to be minimally invasive, safe, low-cost, and requires little time for application. Notably, the use of CA in patients with depressive symptoms resulted in significant improvements, bringing benefits in health, social, and economic aspects, as found by Crespo (2018) in a study involving 206 patients treated with CA for anxiety-depressive syndrome. Participants also reported that auriculotherapy contributed to improved sleep quality, corroborating findings by Cordeiro, Kuba, and Turrini (2023), who studied sleep quality in 80 nursing professionals experiencing stress and observed that auriculotherapy significantly contributed to the improvement of insomnia.
The results demonstrated immediate pain relief in the majority of participants, along with improvements in various signs and symptoms that were affecting their overall well-being. These findings underscore the significance of integrating Clinica Auriculotherapy into both public and the private healthcare settings, highlighting its potential as a valuable therapeutic option for enhancing patient care and promoting health.
