A avaliação sistemática dos pés em pessoas com diabetes, associada à educação estruturada voltada para o cuidado preventivo de ulcerações, constitui pilar essencial na prevenção de complicações que impactam diretamente a morbidade, a funcionalidade e a qualidade de vida desses indivíduos. Nesse contexto, as práticas integrativas e complementares em saúde (PIS) surgem como aliadas promissoras. Entre as PIS, a Reflexologia se destaca como técnica terapêutica reconhecida, que aplica pressão em pontos reflexos nas mãos e nos pés para promover o equilíbrio orgânico, demonstrando benefícios relevantes na melhoria da qualidade de vida dos usuários. A integração do cuidado com os pés, recomendado por diretrizes nacionais e internacionais, com os fundamentos da Reflexologia, orientada pelos princípios da Medicina Tradicional Chinesa, configura estratégia valiosa para os profissionais de saúde em ações preventivas voltadas a pessoas com diabetes.
Essa abordagem foi aplicada na capacitação de um grupo de idosos com diabetes durante um encontro terapêutico em grupo realizado em uma unidade de referência em Goiânia – GO, Brasil. A atividade foi conduzida por equipe multiprofissional do Centro de Referência em Atenção à Saúde da Pessoa Idosa (CRASPI), em parceria com o Projeto “Pegando no Pé”, da Liga Multiferidas e NUTADIES/UFG. O grupo terapêutico é estruturado em cinco encontros, abordando temas alinhados às demandas cotidianas do autocuidado no diabetes mellitus (DM). No encontro relatado, discutiram-se princípios de cuidado com os pés voltados à prevenção de ulcerações, incorporando a estimulação reflexa podal e palmar como estratégias complementares. A metodologia adotada foi a problematização, com atividades vivenciais e demonstrações práticas, favorecendo a aprendizagem ativa e o engajamento dos participantes.
Diante do desafio de implementar atividades educativas estruturadas sobre o cuidado com os pés, a integração de modalidades de PIS em intervenções educativas, bem como sua inclusão em protocolos de autocuidado na Doença do Pé Relacionada ao Diabetes (DPRD), mostra-se promissora. Especificamente, a partir desta experiência relatada, foi possível observar o envolvimento dos participantes em cada atividade proposta, evidenciado por suas respostas às perguntas sobre o conteúdo abordado e pelo compartilhamento de vivências pessoais. Por outro lado, a organização de intervenções educativas sistemáticas, reprodutíveis e significativas para essa população-alvo também se apresenta como desafio. Assim, essa experiência contribui para atender a essa demanda, por meio da construção de um protocolo de intervenção educativa para o autocuidado em DPRD, com abordagem dialógica e proativa, menos prescritiva, estruturada em pressupostos teóricos do autocuidado apoiado e da Medicina Tradicional Chinesa.
Durante o encontro, observou-se significativo engajamento com as técnicas apresentadas. A contextualização do conteúdo em relação às práticas cotidianas demonstrou a utilidade e a relevância da abordagem adotada. A integração dos Fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa — aplicados à reflexologia por meio da automassagem de mãos e pés — e dos princípios de cuidado com os pés para pessoas com diabetes (como inspeção sistemática, higiene, hidratação e identificação de sinais de alerta para lesões pré-ulcerativas) despertou nos participantes uma visão mais atenta sobre a importância do autocuidado diário na prevenção de complicações da DPRD. Além disso, as discussões em grupo sobre a aplicabilidade das técnicas no cotidiano contribuíram para a compreensão do conteúdo e incentivaram a adoção das práticas aprendidas como parte da rotina. Ao final, foi entregue um livreto com orientações de cuidado com os pés e um mapa de reflexologia plantar. Também foi realizada uma vivência musical com dança circular e coreografia para os pés ao som de músicas populares. Essa última atividade foi compreendida como reforço do valor da integração entre saberes tradicionais e diretrizes científicas em uma única intervenção, promovendo não apenas a prevenção de complicações do diabetes, mas também a atenção à qualidade de vida por meio do autocuidado.
Capacitar e acompanhar pessoas com diabetes para o autocuidado dos pés representa um desafio permanente para os profissionais que atendem essa população. Embora os benefícios das PIS na saúde de pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, como o diabetes, sejam reconhecidos pela literatura e pela prática clínica, eles frequentemente ocorrem de forma isolada. A proposta de integrar a reflexologia e a automassagem ao conjunto de cuidados preventivos das complicações do diabetes nos pés, conforme evidenciado nas recomendações técnico-científicas, constitui estratégia promissora a ser incentivada pelo seu potencial de promover o autocuidado e contribuir para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.
The systematic foot assessment for people with diabetes, coupled with structured education focused on preventive ulceration care, is a crucial pillar in preventing complications that directly impact morbidity, functionality, and quality of life for these individuals. In this context, integrative and complementary health practices (PIS) emerge as promising allies. Among ICHPs, Reflexology stands out as a recognized therapeutic technique that applies pressure to reflex points on the hands and feet to promote organic balance, demonstrating relevant benefits in improving users' quality of life. The integration of foot care recommended by national and international guidelines with the fundamentals of Reflexology, guided by Traditional Chinese Medicine principles, forms a valuable strategy for health professionals in preventive actions targeting people with diabetes.
This approach was applied in training a group of elderly individuals with diabetes during a group therapeutic meeting held at a reference unit in Goiânia – GO, Brazil. The activity was led by a multidisciplinary team from the Reference Center for Elderly Care (CRASPI), in partnership with the "Pegando no Pé" Project from the Liga Multiferidas and NUTADIES/UFG. The therapeutic group is structured into five meetings, addressing themes aligned with the daily demands of diabetes mellitus (DM) self-management. In the meeting described in this report, principles of foot care aimed at preventing ulcerations were discussed, incorporating pedal and palmar reflex stimulation as complementary strategies. The methodological approach adopted was problem-solving, utilizing experiential activities and practical demonstrations, fostering active learning and participant engagement.
Recognizing the challenge of implementing structured educational activities for foot care, the integration of PIS modalities into educational interventions, as well as their inclusion in protocols for self-management of Diabetes-Related Foot Disease (DRFD), appears promising. Specifically, from this reported experience, it was possible to observe participants' involvement in each proposed activity, demonstrated by their responses to questions about the content covered and sharing of personal experiences. On the other hand, the organization of systematic and reproducible educational interventions on this topic for this target population, which are also meaningful to participants, also presents a challenge. Thus, this experience contributes to addressing this demand through the development of a protocol for educational intervention for DRFD self-management with a dialogical and proactive, less prescriptive approach, structured on theoretical assumptions of supported self-care and Traditional Chinese Medicine.
During the meeting, significant engagement with the presented techniques was observed. The contextualization of the content in relation to daily practices demonstrated the usefulness and relevance of the adopted approach. The integration of Traditional Chinese Medicine Fundamentals—applied to reflexology through hand and foot self-massage—and foot care principles for people with diabetes (such as systematic inspection, hygiene, hydration, and identification of warning signs for pre-ulcerative lesions) awakened participants to a more attentive view of the importance of daily self-care for preventing DRFD complications. Furthermore, group discussions on the applicability of the techniques in daily life contributed to understanding the content and encouraged the adoption of learned practices as part of their routine. At the end, a booklet containing foot care information and a plantar reflexology map was provided. A musical experience involving a circle dance with foot choreography to folk music was also conducted. This last activity is understood to have reinforced the value of integrating traditional knowledge and scientific guidelines into a single intervention, promoting not only the prevention of diabetes complications but also attention to quality of life through self-care.
Training and monitoring people with diabetes for self-management of foot care represents an ongoing challenge for professionals serving this population. While the benefits of PIS in the health of people with non-communicable chronic diseases like diabetes are observed in literature and clinical practice, they often occur as isolated activities. The proposed integration of reflexology and self-massage into the range of preventive care for diabetes complications in the feet, as evidenced in technical-scientific literature recommendations, constitutes a promising strategy to be encouraged for its potential to promote self-care and contribute to improving the quality of life for these individuals.
