No Brasil, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) têm contribuído para o fortalecimento dos princípios centrais do sistema público de saúde do país. Nas Instituições de Ensino Superior, a responsabilidade social se expressa por meio da tríade missão universitária: Ensino, Pesquisa e Extensão. Desde 1996, o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Homeopatia e Fitoterapia (NEPHF), em parceria com o Departamento de Ciências Biomédicas da Universidade Federal da Paraíba, vem realizando ações envolvendo diversas terapias integrativas. As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), ferramentas digitais e redes sociais têm sido utilizadas para ampliar o acesso a esse conhecimento. Esta iniciativa atual é um relato de experiência dos extensionistas envolvidos no projeto “Caminho das PICS”, iniciado em 1º de agosto de 2024, que tem como objetivo ampliar o acesso às atividades e aos conhecimentos relacionados às PICS desenvolvidos no NEPHF/UFPB, por meio da divulgação de conteúdos audiovisuais em plataformas digitais, como o Instagram. Foi formado um grupo de trabalho para recuperar, desenvolver e publicar conteúdos e atividades relacionados às PICS no site do NEPHF e nas redes sociais. Os extensionistas foram capacitados tanto nos fundamentos teóricos das PICS quanto nos aspectos técnicos das plataformas digitais e da produção audiovisual. Além disso, foram realizadas palestras on-line de acesso aberto, disponíveis no canal do YouTube Cinema e Cuidado. Sessões presenciais vivenciais com diversas PICS também foram conduzidas, envolvendo principalmente estudantes extensionistas. A equipe de implementação inclui professores, técnicos e estudantes de cursos da área da saúde (odontologia, medicina e ciências biomédicas), com público estimado formado por estudantes de instituições brasileiras e internacionais de ensino em saúde, profissionais de saúde, terapeutas holísticos e a população em geral interessada em aprender sobre a aplicação prática das PICS na promoção da saúde e do bem-estar. Foi realizado um levantamento de documentos e arquivos do NEPHF/UFPB para catalogar ações relacionadas às PICS. Como resultado, conteúdos históricos foram compilados e disponibilizados para a comunidade universitária e o público.
Essa iniciativa de extensão surgiu em resposta a vários desafios. Primeiro, o acesso ao conhecimento sobre Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) ainda é limitado, tanto em ambientes acadêmicos quanto entre a população em geral. Há também uma lacuna entre a formação técnica em saúde e a abordagem holística e humanizada necessária para o cuidado integral. Muitos estudantes iniciam seus caminhos profissionais sem contato com perspectivas terapêuticas alternativas que valorizam o indivíduo em sua totalidade. Além disso, o uso limitado de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) em projetos de extensão em saúde dificulta a ampla disseminação do conhecimento. O projeto também responde à falta de visibilidade e reconhecimento institucional das PICS, buscando recuperar e destacar suas contribuições históricas por meio do NEPHF/UFPB. Por fim, procura fortalecer a responsabilidade social da universidade ao aproximar o conhecimento acadêmico do engajamento comunitário, oferecendo aos estudantes ferramentas para um desenvolvimento profissional mais empático e interdisciplinar. Nossa questão foi: de que maneiras o envolvimento de estudantes extensionistas influencia seu desenvolvimento profissional e o avanço do cuidado integral em saúde por meio das Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS)?
Os depoimentos dos estudantes são compartilhados a seguir:
“Durante essa jornada, percebi que além do conhecimento técnico, era possível acolher o ser humano em sua integralidade, reconhecendo os múltiplos aspectos do bem-estar. Essa experiência se tornou um ponto de virada, abrindo um novo horizonte cheio de significado e esperança.”
“Participar do ‘Caminho das PICS’ enriqueceu minha trajetória acadêmica, ampliando minha percepção sobre os desequilíbrios que afetam os seres humanos e as diversas abordagens terapêuticas disponíveis para o autocuidado e o cuidado com o outro. Além disso, o projeto foi fundamental para a definição de minhas escolhas profissionais quanto às práticas de cuidado que pretendo adotar em minha futura carreira.”
“As vivências, palestras e estudos sobre PICS foram fundamentais não apenas na construção da profissional que me tornarei. Destaco especialmente o estudo do Sistema de Flores de Saint Germain e do Reiki Usui e Tibetano, duas práticas com as quais desenvolvi forte conexão. Tive a oportunidade de ser iniciada no Reiki I. Sinto-me profundamente grata por tudo o que vivi nessa atividade de extensão. Não se trata apenas de novos conhecimentos — é uma jornada transformadora, uma mudança de visão de mundo e de personalidade. É um caminho de evolução do qual o viajante não deseja mais retornar.”
“O projeto ‘Caminho das PICS’ foi e continua sendo uma grande descoberta. Mais do que replicar essas práticas em ambientes educacionais, busca compreender o sentido e as raízes fundantes que tornam as PICS tão significativas. Minha experiência no projeto foi fortemente marcada pelo papel histórico do NEPHF na disseminação das PICS tanto para o público acadêmico quanto não acadêmico. Ao olhar para o passado, é possível perceber o quanto o núcleo contribuiu para ampliar a conscientização pública sobre a importância das PICS, evocando um forte sentimento de orgulho institucional.”
Promover uma integração mais ampla das PICS no currículo formal dos cursos de formação em saúde. Incentivar a formação continuada dos estudantes não apenas em conteúdos técnicos de saúde, mas também em abordagens humanizadas e interdisciplinares de cuidado. Expandir o uso das mídias digitais e das TICs para ampliar a divulgação e a educação pública sobre práticas integrativas. Fortalecer o reconhecimento e o apoio institucional às PICS dentro dos ambientes acadêmicos. Continuar recuperando e preservando a memória histórica das iniciativas de PICS dentro das universidades como base para futuras inovações em cuidado e educação.
In Brazil, Integrative and Complementary Health Practices (PICs) have contributed to strengthening the core principles of the country’s public health system. In Higher Education Institutions, social responsibility is expressed through the university’s triad mission: Teaching, Research, and Extension. Since 1996, the Center for Studies and Research in Homeopathy and Phytotherapy (NEPHF), in partnership with the Department of Biomedical Sciences at the Federal University of Paraíba, has carried out actions involving various integrative therapies. Information and Communication Technologies (ICTs), digital tools, and social media have been used to broaden access to this knowledge. This current initiative is an experience report from the extension workers engaged in the “Path of PICs” project, which began on August 1, 2024, and aims to increase access to activities and knowledge related to PICs developed within NEPHF/UFPB, through the dissemination of audiovisual content on digital platforms, such as Instagram. A working group was formed to recover, develop, and publish content and activities related to PICs on NEPHF's website and across social networks. Extension workers were trained both in the theoretical foundations of PICs and in the technical aspects of digital platforms and audiovisual production. Additionally, open-access lectures have been held online and are available on the YouTube channel Cinema e Cuidado. In-person experiential sessions with various PICs were also conducted, primarily involving extension students. The implementation team includes professors, technical staff, and students from health-related programs (dentistry, medicine, and biomedical sciences), with the estimated audience comprising students from Brazilian and international health education institutions, healthcare professionals, holistic therapists, and the general population interested in learning about the practical application of PICs in health promotion and well-being. A survey of NEPHF/UFPB documents and archives has been conducted to catalog PICs-related actions. As a result, historical content has been compiled and made available to the university community and the public.
This extension initiative emerged in response to several challenges. First, access to knowledge about Integrative and Complementary Health Practices (PICs) remains limited, both within academic settings and among the general population. There is also a gap between technical health training and the holistic, humanized approach required for comprehensive care. Many students enter their professional paths without exposure to alternative therapeutic perspectives that value the individual as a whole. Additionally, the limited use of Information and Communication Technologies (ICTs) by health extension projects hinders broader dissemination of knowledge. The project also responds to the lack of institutional visibility and recognition of PICs, aiming to recover and highlight their historical contributions through NEPHF/UFPB. Finally, it seeks to strengthen the university’s social responsibility by bridging the divide between academic knowledge and community engagement, offering students tools for more empathetic and interdisciplinary professional development. Our question was in what ways does the involvement of extension students influence their professional development and the advancement of comprehensive health care through Integrative and Complementary Health Practices (PICS)?
The students’ testimonials are shared below: “Throughout this journey, I realized that beyond technical knowledge, it was possible to embrace the human being in their wholeness, acknowledging the multiple aspects of well-being. This experience became a turning point, opening a new horizon full of meaning and hope”. “Participating in ‘The Path of PICs’ enriched my academic journey, enhancing my awareness of the imbalances that affect human beings and the diverse therapeutic approaches available for self-care and care for others. Furthermore, the project played a key role in shaping my professional decisions regarding the care practices I intend to adopt in my future career”. “The experiences, lectures, and studies on PICs were fundamental not only in building the professional I will become. I especially highlight the study of the Saint Germain Flower System and Usui and Tibetan Reiki, two practices to which I developed a strong connection. I had the opportunity to be initiated into Reiki I. I feel deeply grateful for everything I experienced through this extension activity. It is more than new knowledge—it is a life-changing journey, a shift in worldview and personality. It is a path of evolution from which the traveler no longer wishes to return”. “The ‘Path of PICs’ project was and continues to be a great discovery. More than replicating these practices in educational settings, it seeks to understand the meaning and foundational roots that make PICs so significant. My experience in the project was strongly marked by the historical role of NEPHF in disseminating PICs to both academic and non-academic audiences. Looking at its past, one can see how much the center has contributed to increasing public awareness about the importance of PICs, evoking a strong sense of institutional pride”.
Promote broader integration of PICs into the formal curriculum of health education programs. Encourage the continued training of students not only in technical health content but also in humanized, interdisciplinary care approaches. Expand the use of digital media and ICTs to enhance outreach and public education regarding integrative practices. Strengthen institutional recognition and support for PICs within academic environments. Continue recovering and preserving the historical memory of PICs initiatives within universities as a foundation for future innovations in care and education.
