O banho de floresta é uma prática terapêutica baseada no conceito japonês de Shinrin-Yoku, que utiliza a conexão sensorial com a natureza para reduzir o estresse e promover o bem-estar. Essa prática está alinhada com os princípios da Saúde Planetária e do conceito de “Saúde Única” (One Health) defendido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que destaca a interdependência entre a saúde humana, ambiental e animal. Fundamentado também no conceito de Biofilia — a tendência inata do ser humano de se conectar com a natureza — o banho de floresta integra a saúde integral ao abordar dimensões físicas, mentais e sociais, ao mesmo tempo em que promove a conscientização ambiental.
Implementado em 2024 pelo Centro Municipal de Práticas Integrativas (CEMPICS) de São Bento do Sul, o programa de banho de floresta foi desenvolvido como uma atividade terapêutica coletiva, combinando exercícios de respiração consciente, práticas de mindfulness, meditação, movimentos corporais e educação ambiental. A iniciativa teve como objetivo enfrentar os desafios contemporâneos relacionados à busca da saúde integral e aos impactos das mudanças climáticas na saúde individual e coletiva. Quatorze sessões semanais foram realizadas no Ecoparque do SAMAE, uma área urbana que contém mata nativa, e foram registradas no sistema e-SUS como atividades coletivas de saúde.
Falta de estratégias integrativas e comunitárias de saúde mental nos serviços públicos de saúde – particularmente aquelas que envolvem abordagens não farmacológicas, preventivas e baseadas na natureza no âmbito do SUS.
Consciência ambiental limitada e desconexão da natureza entre populações urbanas – fator que contribui para o estresse, doenças relacionadas ao estilo de vida e negligência ambiental.
Ausência de protocolos terapêuticos estruturados utilizando exposição à natureza na atenção primária – apesar das crescentes evidências dos benefícios à saúde dessas intervenções.
Necessidade de abordagens holísticas alinhadas aos princípios da Saúde Planetária e da Saúde Única – enfatizando a interdependência entre o bem-estar humano, a preservação da biodiversidade e a mitigação das mudanças climáticas.
Insuficiente incorporação de práticas biofílicas na promoção coletiva da saúde – enfraquecendo o potencial da reconexão sensorial e emocional com o meio ambiente para estimular comportamentos e ecossistemas mais saudáveis.
Após as 14 sessões, a equipe do CEMPICS/Farmácia Viva distribuiu um questionário eletrônico através do grupo de WhatsApp do banho de floresta, contendo perguntas sobre promoção da saúde, percepção da natureza e impacto ambiental pessoal. Os resultados indicaram que 100% dos respondentes consideraram o banho de floresta importante para sua saúde mental; 84,6% relataram perceber uma mudança positiva em seu bem-estar após a participação; 92,3% afirmaram que sua percepção sobre o meio ambiente e a natureza havia mudado; e 92,3% sentiram-se mais impactados pelas questões ambientais após a experiência.
Além disso, os participantes foram convidados a descrever a experiência do banho de floresta em uma única palavra. Termos relatados incluíram: “conexão”, “relaxante”, “essencial”, “terapêutico”, “revigorante”, “mágico”, “maravilhoso” e “paz”. Ao longo das sessões, a equipe profissional observou mudanças progressivas no relacionamento dos participantes com o ambiente natural. Com o tempo, os participantes relataram desenvolver um sentimento de cuidado e afeto pela trilha, sentindo um senso de pertencimento.
Essas narrativas reforçaram os efeitos do banho de floresta na estimulação da biofilia e destacaram a importância das práticas terapêuticas baseadas na natureza para fomentar essa conexão.
A experiência das 14 sessões de banho de floresta organizadas pelo CEMPICS/Farmácia Viva demonstrou o alcance da prática na promoção da saúde integral e da conscientização ambiental. Para além dos benefícios individuais, o banho de floresta destacou-se como uma estratégia alinhada ao conceito de “Saúde Única” atualmente defendido pela OMS. Essa abordagem integrada é relevante em tempos de crises climáticas, reforçando o elo intrínseco entre a saúde planetária e a saúde de pessoas, plantas e animais.
As palavras escolhidas pelos participantes para descrever o banho de floresta refletem o alcance da prática e sua capacidade de fomentar consciência ambiental e autocuidado.
Esse modelo de intervenção representa um avanço nas estratégias de promoção da saúde no SUS, unindo saúde integral e consciência ambiental.
A implementação de intervenções baseadas na natureza surge como uma estratégia viável para enfrentar os desafios contemporâneos relacionados à saúde humana e planetária. Recomenda-se a expansão dessa iniciativa para outros municípios e a realização de estudos de impacto em longo prazo para consolidar as práticas baseadas na natureza como ferramentas estratégicas de promoção da saúde individual e planetária no âmbito do SUS.
Forest bathing is a therapeutic practice based on the Japanese concept of Shinrin-Yoku, which utilizes sensory connection with nature to reduce stress and promote well-being. This practice aligns with the principles of Planetary Health and the “One Health” concept advocated by the World Health Organization (WHO), which highlights the interdependence among human, environmental, and animal health. Grounded also in the concept of Biophilia — the innate human tendency to connect with nature — forest bathing integrates integral health by addressing physical, mental, and social dimensions while fostering environmental awareness.
Implemented in 2024 by the Municipal Center for Integrative Practices (CEMPICS) of São Bento do Sul, the forest bathing program was developed as a collective therapeutic activity, combining conscious breathing exercises, mindfulness practices, meditation, body movements, and environmental education. The initiative aimed to address contemporary challenges related to the pursuit of integral health and the impacts of climate change on individual and collective health. Fourteen weekly sessions were conducted at the Ecoparque do SAMAE, an urban area containing native forest, and were registered in the e-SUS system as collective health activities.
Lack of integrative and community-based mental health strategies in public health services – Particularly those that involve non-pharmacological, preventive, and nature-based approaches within the SUS.
Limited environmental awareness and disconnection from nature among urban populations – A factor contributing to stress, lifestyle-related illnesses, and environmental neglect.
Absence of structured therapeutic protocols using nature exposure in primary care – Despite growing evidence of the health benefits of such interventions.
Need for holistic approaches aligned with Planetary Health and One Health principles – Emphasizing the interdependence between human well-being, biodiversity preservation, and climate change mitigation.
Insufficient incorporation of biophilic practices in collective health promotion – Undermining the potential of sensory and emotional reconnection with the environment to foster healthier behaviors and ecosystems.
After the 14 sessions, the CEMPICS/Farmácia Viva team distributed an electronic questionnaire through the forest bathing WhatsApp group, containing questions on health promotion, perception of nature, and personal environmental impact. Results indicated that 100% of respondents found forest bathing important for their mental health; 84.6% reported perceiving a positive change in their well-being after participating; 92.3% stated that their perception of the environment and nature had changed; and 92.3% felt more impacted by environmental issues following the experience.
Additionally, participants were asked to describe the forest bathing experience in a single word. Reported terms included: "connection”, "relaxing", "essential", "therapeutic", "re-energizing", "magical", "wonderful" and "peace". Throughout the sessions, the professional team observed progressive changes in participants' relationships with the natural environment. Over time, participants reported developing a sense of care and affection for the trail, feeling a sense of belonging.
These narratives reinforced the effects of forest bathing in stimulating biophilia and highlighted the importance of nature-based therapeutic practices for fostering this connection.
The experience of the 14 forest bathing sessions organized by CEMPICS/Farmácia Viva demonstrated the reach of the practice in promoting integral health and environmental awareness. Beyond individual benefits, forest bathing stood out as a strategy aligned with the "One Health" concept currently advocated by WHO. This integrated approach is relevant in times of climate crises, reinforcing the intrinsic link between planetary health and the health of people, plants, and animals.
The participants' chosen words to describe forest bathing reflect the reach of the practice and its ability to foster environmental awareness and self-care.
This intervention model represents an advancement in health promotion strategies within the SUS, uniting integral health and environmental consciousness.
Implementing nature-based interventions emerges as a feasible strategy to address contemporary challenges related to human and planetary health. Expanding this initiative to other municipalities and conducting long-term impact studies are recommended to consolidate nature-based practices as strategic tools for promoting individual and planetary health within the SUS framework