Este relato apresenta a experiência de implementação de práticas integrativas em um hospital federal de alta complexidade no Rio de Janeiro, destacando os desafios enfrentados na condução de um estudo de pesquisa aprovado sobre práticas integrativas no contexto hospitalar. A narrativa enfatiza a discrepância entre o discurso institucional de promoção da pesquisa e as barreiras práticas para viabilizar iniciativas inovadoras, como meditação e o Método Feldenkrais®, tanto para pacientes quanto para profissionais de saúde. A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) propõe um modelo de cuidado integral que pode representar uma inovação no Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente diante do aumento das condições crônicas e do envelhecimento populacional. Este relato descreve uma experiência entre 2013 e 2014 no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO/MS), um hospital federal que conta com comitê de ética, comissão científica e infraestrutura interna de apoio à pesquisa. O projeto, aprovado por instâncias institucionais, foi implementado no setor de reabilitação com o objetivo de oferecer práticas integrativas a pacientes com dor crônica. Embora oficialmente aprovado, o trabalho enfrentou inúmeras barreiras logísticas e resistências institucionais, como a competição por espaços físicos, a falta de apoio na organização das sessões, falhas no fornecimento dos lanches acordados com o setor de pesquisa clínica (Peclin) e a ausência de reconhecimento institucional pelo tempo dedicado à intervenção. Além disso, o autor lançou o projeto “MEDITA-INTO”, que ofereceu sessões regulares de meditação e aulas do Método Feldenkrais® para os profissionais da instituição. A adesão inicial foi positiva, mas a atividade foi descontinuada devido à falta de espaço e de apoio logístico. Apesar da retórica pró-inovação da instituição, a prática revelou barreiras estruturais, culturais e de gestão.
Apesar das barreiras, a pesquisa foi conduzida com sucesso e resultou em benefícios percebidos pelos participantes. As sessões contribuíram para o alívio da dor, a melhora do bem-estar e o engajamento ativo no autocuidado. Além disso, a experiência despertou a atenção de alguns setores internos e demonstrou que é possível implementar práticas integrativas mesmo em ambientes resistentes à mudança.
Os participantes relataram efeitos positivos das sessões, incluindo melhora na percepção da dor, melhor sono, maior consciência corporal e uma sensação de cuidado recebido. O projeto também incentivou reflexões internas sobre a necessidade de maior integração entre cuidado, ensino e pesquisa.
Recomenda-se que sejam estabelecidas políticas de apoio institucional efetivo à pesquisa em práticas integrativas no SUS, com reconhecimento dos profissionais envolvidos, provisão de infraestrutura mínima e cumprimento dos acordos firmados. O principal desafio é transformar o discurso de promoção da inovação em práticas concretas, garantindo recursos, espaços adequados e tempo protegido para tais atividades. A resistência institucional deve ser reconhecida como um fator limitante real e enfrentada por meio de estratégias de sensibilização, diálogo intersetorial e mudança cultural.
This report presents the experience of implementing integrative practices in a high-complexity federal hospital in Rio de Janeiro, highlighting the challenges faced in conducting an approved research study on integrative practices within the hospital context. The narrative emphasizes the discrepancy between the institutional discourse promoting research and the practical barriers to enabling innovative initiatives, such as meditation and the Feldenkrais Method®, for both patients and healthcare professionals. The National Policy on Integrative and Complementary Practices (PNPIC) proposes a model of comprehensive care that may represent an innovation within Brazil’s Unified Health System (SUS), especially in light of the rise in chronic conditions and population aging. This account describes an experience between 2013 and 2014 at the National Institute of Traumatology and Orthopedics (INTO/MS), a federal hospital that has an ethics committee, scientific commission, and internal research support infrastructure. The project, approved by institutional bodies, was implemented in the rehabilitation department with the goal of offering integrative practices to patients with chronic pain. Although officially approved, the work faced numerous logistical barriers and institutional resistance, such as competition for physical spaces, lack of support in organizing sessions, failures in supplying the snacks agreed upon with the clinical research department (Peclin), and a lack of institutional recognition for the time spent on the intervention. Additionally, the author launched the "MEDITA-INTO" project, which offered regular meditation sessions and Feldenkrais® Method classes to the institution’s professionals. The initial uptake was positive, but the activity was discontinued due to the lack of space and logistical support. Despite the institution’s pro-innovation rhetoric, the practice revealed structural, cultural, and management barriers.
Despite the barriers, the research was successfully conducted and resulted in benefits perceived by the participants. The sessions contributed to pain relief, improved well-being, and active engagement in self-care. Additionally, the experience raised awareness among some internal sectors and demonstrated that it is possible to implement integrative practices even in environments resistant to change.
Participants reported positive effects from the sessions, including improved pain perception, better sleep, increased body awareness, and a sense of being cared for. The project also encouraged internal reflections on the need for greater integration between care, education, and research.
It is recommended that policies for the effective institutional support of research on integrative practices within the SUS be established, with recognition of the professionals involved, the provision of minimum infrastructure, and a commitment to established agreements. The main challenge is to transform the discourse of innovation promotion into concrete practices, ensuring resources, adequate spaces, and protected time for such activities. Institutional resistance must be acknowledged as a real limiting factor and addressed through awareness strategies, intersectoral dialogue, and cultural change.