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Arts and Healing: Experiences of Art and Music Therapy in a Chilean Pediatric Hospital
Mónica Galanti
mgalanti@uchile.cl
Chile
Artes e Cura: Experiências de Arteterapia e Musicoterapia em um Hospital Pediátrico Chileno
Descrição

Inspirados pelo relatório da Organização Mundial da Saúde (2019), que revisa mais de 900 estudos sobre os efeitos positivos das artes na saúde, apresentamos uma experiência no Chile: a incorporação da arteterapia e da musicoterapia em um hospital pediátrico público como parte da abordagem clínica e psicossocial de crianças, adolescentes e seus cuidadores. Essa iniciativa, desenvolvida no Hospital Infantil Roberto del Río, mostrou como a arte e a música transformam a experiência hospitalar, promovem a adesão terapêutica e fomentam o bem-estar emocional, especialmente em contextos vulneráveis. Crianças e adolescentes atendidos, com idades entre 2 e 18 anos, encaminhados pelos serviços de nutrição, reumatologia, nefrologia, gastroenterologia e reabilitação, com diagnósticos predominantes de dor crônica, transtornos de ansiedade, transtornos alimentares, transtorno do espectro autista e depressão. Este relato descreve dois casos ambulatoriais tratados com arteterapia e dois casos hospitalizados acompanhados por musicoterapia. O consentimento informado foi obtido para todos os casos, resguardando a confidencialidade e a identidade dos pacientes. As intervenções foram realizadas por terapeutas formados pela Universidade do Chile, que desenharam processos terapêuticos individualizados adaptados ao estado físico e emocional de cada paciente. O progresso foi monitorado por meio de entrevistas clínicas e relatórios qualitativos enviados por cuidadores e familiares. Os dois casos ambulatoriais receberam sessões de arteterapia de 60 minutos a cada duas semanas, utilizando lápis, aquarelas, massinha, retalhos, objetos reciclados e elementos simbólicos. O primeiro caso, recebeu 18 sessões, focadas em facilitar a expressão emocional, promover a regulação emocional e construir um espaço seguro de jogo, cura e apoio. O segundo caso, recebeu nove sessões, abordando aspectos como controle de impulsos, elaboração simbólica do luto e fortalecimento da autonomia. Quanto aos casos hospitalizados, as sessões de musicoterapia duraram 30 minutos semanais em ambiente familiar, incorporando instrumentos ao vivo, voz, gravações, fantoches e recursos multissensoriais. O primeiro caso, um paciente em cuidados paliativos, nove sessões focaram na aceitação do diagnóstico, no apoio ao processo de despedida e no fortalecimento do vínculo espiritual entre mãe, pai e filha. O segundo caso, uma paciente em tratamento oncológico, recebeu treze sessões destinadas a fortalecer núcleos internos saudáveis, reduzir a ansiedade antecipatória diante de procedimentos invasivos e promover a resiliência emocional da paciente e de seus familiares.

Problemas abordados

Entre os principais problemas de saúde atuais em nossa população pediátrica estão os transtornos mentais, transtornos nutricionais, dor crônica, transtorno do espectro autista, crianças com necessidades especiais e cuidados paliativos, todos os quais produzem condições emocionais que se expressam por meio de diferentes doenças. Verbalizar essas emoções é um desafio para adultos, mas ainda mais para crianças. As artes ajudam-nas a mostrar e expressar o que está acontecendo dentro delas, tornando possível oferecer diferentes estratégias terapêuticas que as ajudem a lidar com suas emoções.

Resultados (opcional)

Em todos os quatro casos, as crianças expressaram verbal e artisticamente mudanças positivas em sua saúde mental e bem-estar. No primeiro caso ambulatorial, houve interrupção da automutilação, diminuição da incontinência urinária, aumento da motivação escolar e melhora evidente do humor geral. No segundo caso, comportamentos agressivos diminuíram, o envolvimento familiar aumentou e surgiu um genuíno desejo de retornar à escola. No primeiro caso hospitalizado, observou-se maior expressividade, melhora na regulação emocional e momentos de alegria compartilhada durante um estágio terminal, alcançando um vínculo espiritual profundamente fortalecido. No segundo caso, a ansiedade antecipatória diminuiu e maior envolvimento familiar no processo terapêutico foi evidente. A adesão ao tratamento foi alta, medida tanto pela frequência quanto pelo feedback positivo das famílias. Nenhum evento adverso foi relatado.

Recomendações ou Desafios

A literatura internacional tem documentado amplamente os benefícios das terapias artísticas em ambientes hospitalares pediátricos. Fancourt e Finn (2019) destacam sua eficácia na redução de sintomas físicos e emocionais, na facilitação do vínculo terapêutico e na humanização do cuidado médico. Nossa experiência confirma esses achados em um contexto clínico e social altamente complexo, onde a arte serviu como ponte entre a abordagem biomédica e as dimensões humanas do cuidado. As terapias artísticas ofereceram às crianças e adolescentes um espaço simbólico, corporal e emocional para expressar o que era difícil colocar em palavras. Entre as limitações do programa estão a falta de sistematização quantitativa, o desconhecimento inicial das equipes clínicas e a estrutura precária, sustentada por trabalho voluntário sem financiamento estável. Apesar disso, os resultados observados nos pacientes e suas famílias revelam o profundo potencial dessas disciplinas para serem integradas ao sistema público de saúde chileno. As terapias artísticas não apenas complementam o tratamento médico convencional, mas também o transformam. Elas redefinem a experiência de hospitalização, abrindo caminhos para expressão, jogo, apoio e elaboração de sentido, fortalecendo os vínculos essenciais que sustentam o processo de cura. As artes foram particularmente importantes para expressar emoções e sentimentos complexos que não podem ser facilmente verbalizados. Em contextos pediátricos, seu impacto é integrativo e profundamente humano.

Palavras-chave
Arts and Healing: Experiences of Art and Music Therapy in a Chilean Pediatric Hospital
Description

Inspired by the World Health Organization (2019) report, which reviews more than 900 studies on the positive effects of arts on health, we present an experience in Chile: the incorporation of art and music therapy in a public pediatric hospital as part of the clinical and psychosocial approach to children and adolescents, and their caregivers. This initiative, developed at the Roberto del Río Children's Hospital, showed how art and music transform the hospital experience, promote therapeutic adherence, and foster emotional well-being, especially in vulnerable contexts. Children and adolescents treated, with ages between 2 to 18 years, referred from nutrition, rheumatology, nephrology, gastroenterology and rehabilitation departments, with predominant diagnoses being chronic pain, anxiety disorders, eating disorders, autism spectrum disorder and depression. This report describes two outpatient cases treated with art therapy and two inpatient cases accompanied by music therapy. Informed consent was obtained for all cases, safeguarding the confidentiality and identity of the patients. The interventions were carried out by therapists trained at the University of Chile, who designed individualized therapeutic processes tailored to each patient's physical and emotional state. Progress was monitored through clinical interviews and qualitative reports submitted by caregivers and family members. The two outpatient cases received 60-minute art therapy sessions every two weeks, using pencils, watercolors, modeling clay, scraps, recycled objects, and symbolic elements. The first case, received 18 sessions, focused on facilitating emotional expression, promoting emotional regulation, and building a safe space for play, healing and support. The second case, received nine sessions, addressed aspects such as impulse control, symbolic grief processing and strengthening autonomy. Regarding the hospitalized cases, the music therapy sessions lasted 30 minutes weekly in a family setting, incorporating live instruments, voice, recordings, puppets, and multisensory resources. The first case, a patient in palliative care, nine sessions focused on accepting the diagnosis, supporting the farewell process, and strengthening the spiritual bond between mother, father and daughter. The second case, a patient undergoing cancer treatment, received thirteen sessions aimed at strengthening healthy inner cores, reducing anticipatory anxiety in the face of invasive procedures, and promoting emotional resilience in the patient and those around her.

Problems Addressed

Among the main health issues today in our pediatric population are mental health disorders, nutrition disorders, chronic pain, autism spectrum disorder, children with special needs and palliative care, all of which produce emotional conditions that express through different diseases. Verbalizing these emotions is a challenge for adults but even more for children. Arts help them show and express what is happening inside themselves, making possible to offer different therapeutic strategies that help them cope with their emotions.

Results (optional)

In all four cases, children verbally and artistically expressed positive changes in their mental health and well-being. The first outpatient, stopped self-harm, urinary incontinence decreased, school motivation increased, and overall mood improvement was evident. The second case, aggressive behaviors decreased, family involvement increased, and a genuine desire to return to school emerged. The first hospitalized case, greater expressiveness, improved emotional regulation and moments of shared joy were observed during a terminal stage, achieving a deeply strengthened spiritual bond. The second case, anticipatory anxiety decreased and greater family involvement in the therapeutic process was evident. Treatment adherence was high, as measured by both attendance and positive feedback from families. No adverse events were reported.

Recomendations or Challenges

International literature has extensively documented the benefits of art therapies in pediatric hospital settings. Fancourt and Finn (2019) highlight their effectiveness in reducing physical and emotional symptoms, facilitating therapeutic bonding, and humanizing medical care. Our experience confirms these findings in a highly complex clinical and social setting, where art has served as a bridge between the biomedical approach and human dimensions of care. Art therapies offered children and adolescents a symbolic, corporeal and emotional space to express what was difficult for them to express in words. Among the program's limitations are the lack of quantitative systematization, the initial lack of knowledge from clinical teams, and the precarious structure, which was sustained through volunteer work without stable funding. Despite this, the results observed in patients and their families reveal the profound potential of these disciplines to be integrated into the Chilean public health system. Art therapies not only complement conventional medical treatment, but also transform it. They redefine the experience of hospitalization, opening avenues for expression, play, support, and meaning-making and strengthening the essential bonds that sustain the healing process. Arts were particularly important for expressing complex emotions and feelings that cannot be easily verbalized. In pediatric settings, their impact is integrative and deeply human.

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