Vacinação itinerante: suporte em busca das altas coberturas vacinais no município de Macapá (AP)

Desde a criação do Programa Nacional de Imunização (PNI) em 1973, alcançar níveis satisfatórios e efetivos na prevenção de doenças tem sido um desafio constante para o sistema de saúde brasileiro. A chegada da pandemia de Covid-19 em 2020, causada pelo vírus SARS-CoV-2, intensificou ainda mais a necessidade de rápida produção e disseminação de conhecimento, especialmente em um mundo cada vez mais globalizado. Esse cenário também trouxe um novo olhar para as necessidades de saúde da população. Os impactos da Covid-19 foram particularmente devastadores para os habitantes de Macapá, capital do estado do Amapá, que abriga 66% da população do estado, somando 522.357 pessoas. Aproximadamente um ano após a detecção dos primeiros casos, o Brasil iniciou a distribuição das primeiras vacinas contra a doença, um marco importante na luta contra o vírus. A pandemia revelou fragilidades em diversos setores, desde a infraestrutura de saúde até a forma como lidamos com emergências sanitárias. Mudou comportamentos e expôs a necessidade urgente de rever conceitos e práticas em todos os aspectos da sociedade. Além disso, trouxe à tona a importância da vacinação e da prevenção como pilares fundamentais para a proteção da saúde coletiva e o controle de surtos epidemiológicos. Essas lições sublinham a necessidade contínua de fortalecer programas de imunização, investir em infraestrutura de saúde e promover a conscientização pública sobre a importância da vacinação e das medidas preventivas. O caminho para superar esses desafios envolve a colaboração de todos os setores da sociedade, com um foco constante na melhoria da saúde e bem-estar da população.

Com o advento de novos desafios sanitários, os imunobiológicos voltaram a ocupar um papel central nas estratégias de saúde pública. No entanto, houve um aumento exponencial da demanda por vacinas, superando a capacidade de oferta da atenção primária, que já enfrentava limitações significativas devido a inviabilidades estruturais, déficit de recursos humanos e a disseminação de fake news. Em resposta a essa situação, medidas emergenciais foram adotadas, incluindo o remanejamento de equipes e a mobilização de atividades voluntárias, na tentativa de atender às necessidades urgentes no curto prazo. No segundo semestre de 2021, foi observado um aumento significativo nos casos de doenças que há anos não eram registradas. Esse crescimento pode ser atribuído, em parte, à baixa cobertura vacinal, que foi agravada durante o período da pandemia. A série histórica de baixa adesão às campanhas de vacinação evidenciou a necessidade de ações imediatas para evitar surtos e proteger a saúde pública. Diante desse cenário, surgiram novas demandas prioritárias, levando à implementação de medidas rápidas para expandir a cobertura vacinal contra doenças como poliomielite, sarampo e influenza. Essas iniciativas visam não apenas restaurar a confiança na vacinação, mas também prevenir o retorno de enfermidades que já estavam sob controle. A superação desses desafios exige uma abordagem integrada, que envolve o fortalecimento da infraestrutura de saúde, a formação e contratação de mais profissionais, a intensificação de campanhas educativas para combater a desinformação, e o engajamento da comunidade para aumentar a adesão às vacinas. A resposta coordenada e o compromisso contínuo são fundamentais para assegurar a eficácia das estratégias de imunização e garantir a proteção de toda a população.

Com o objetivo de padronizar processos, atender às legislações vigentes e qualificar as equipes de saúde, em maio de 2021 foi iniciado o projeto municipal de vacinação itinerante em Macapá. Esse projeto foi composto por grupos de enfermeiros e técnicos de enfermagem, focados na oferta descentralizada de imunobiológicos. A análise das coberturas vacinais existentes indicou a necessidade de expandir e integrar outras atividades e serviços ao programa itinerante, buscando apoiar o processo de recuperação das coberturas vacinais. Essa estratégia não apenas ofereceu suporte complementar às equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF), mas também fortaleceu as ações de prevenção à saúde. O projeto itinerante foi projetado para atuar junto à sociedade, integrando-se em ações culturais e sociais, tanto em regiões cobertas quanto em áreas descobertas pelo ESF. O objetivo foi traçar oportunidades para garantir acesso a todos os grupos da população, sem discriminação, independentemente de horário, região ou condições de acesso. Desde sua criação, o serviço itinerante já vacinou 185 mil pessoas, com a administração de 287 mil doses. Isso representa 38,3% do total de doses administradas entre maio de 2021 e maio de 2022, abrangendo as áreas urbanas, distritais e ribeirinhas de Macapá. Esses resultados demonstram o impacto significativo do projeto itinerante na ampliação da cobertura vacinal e na proteção da saúde pública. A continuidade e expansão dessas ações são fundamentais para a manutenção e melhoria dos índices de vacinação, contribuindo para o controle e prevenção de doenças imunopreveníveis em toda a população de Macapá.

Atualmente, o projeto de vacinação itinerante continua a se transformar e a integrar novas atividades com o objetivo de aprimorar continuamente as coberturas vacinais. Essas ações buscam superar desafios críticos, como a disseminação de fake news, a falta de credibilidade em torno das vacinas e a necessidade de sensibilizar a população sobre a importância dos imunobiológicos na prevenção de doenças. A experiência adquirida ao longo do projeto tem facilitado significativamente o acesso da população à vacinação. Isso tem gerado maior visibilidade e reconhecimento, conquistando a confiança e o apreço dos munícipes. Os bons retornos recebidos, assim como a expressão de satisfação dos cidadãos ao se sentirem acolhidos, reforçam a eficácia da estratégia adotada. Essa resposta positiva indica que o projeto não apenas cumpre seu papel de saúde pública, mas também reafirma o compromisso com o direito fundamental à saúde. A abordagem contínua e adaptativa do projeto, incorporando feedbacks e novas estratégias, assegura que ele se mantenha relevante e eficaz. Esse sucesso é essencial para a construção de uma cultura de saúde preventiva e para garantir que todos os segmentos da população tenham acesso igualitário aos benefícios da vacinação.

Principal

KLEVERTON RAMON SANTANA SIQUEIRA

klevertonsiqueira@gmail.com

Coautores

KLEVERTON RAMON SANTANA SIQUEIRA, CELEOMAR BRITO OLIVEIRA

A prática foi aplicada em

Macapá

Amapá

Norte

Esta prática está vinculada a

Secretaria Municipal de Saúde de Macapa - Rua Eliezer Levy - Central, Macapá - AP, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Monique Melo Gomes

Conta vinculada

05 set 2024

CADASTRO

05 set 2024

ATUALIZAÇÃO

Condição da prática

Concluída

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