O município de Ferreira Gomes, localizado no Amapá e cortado pelo rio Araguari, abriga comunidades ribeirinhas geograficamente isoladas, onde o acesso a serviços de saúde é extremamente limitado. A dispersão populacional, as longas distâncias fluviais e a ausência de infraestrutura terrestre dificultam a oferta regular de atendimento médico, deixando essas populações vulneráveis a agravos evitáveis, especialmente doenças crônicas como hipertensão e diabetes.
Apesar da atuação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS), a cobertura assistencial é insuficiente. Dados de uma expedição fluvial realizada em março de 2025 revelaram que:
76% dos pacientes hipertensos atendidos estavam com pressão arterial fora do alvo terapêutico.
78% dos diabéticos apresentavam glicemia descontrolada.
Essa realidade evidencia a urgência de um modelo inovador de atenção básica adaptado ao contexto amazônico.
Objetivo Geral
Implantar um modelo sustentável de atenção básica fluvial para reduzir em 50% as complicações por hipertensão e diabetes nas comunidades ribeirinhas de Ferreira Gomes até dezembro de 2025.
Objetivos Específicos
Ampliar a cobertura de ACS em 100% das áreas isoladas até 2026, utilizando georreferenciamento digital.
Garantir consultas quinzenais até julho de 2025, com acompanhamento longitudinal (3 consultas médicas + 3 de enfermagem/ano por paciente).
Identificar e monitorar pacientes de alto risco cardiovascular e metabólico, assegurando continuidade do cuidado.
Implementar um sistema de registro clínico fluvial para embasar decisões e políticas públicas.
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JUSTIFICATIVA
A equidade no SUS exige estratégias adaptadas a realidades remotas. Em Ferreira Gomes, o isolamento geográfico:
Atrasava diagnósticos e tratamentos, agravando condições crônicas.
Impunha barreiras logísticas a medicamentos e vacinas.
Limitava a vigilância em saúde, com subnotificação de agravos.
1. A expedição piloto de março/2025 comprovou que:
✔ Atendimentos itinerantes reduzem complicações.
✔ O vínculo comunitário (inclusive pernoites) aumenta adesão ao tratamento.
✔ Dados clínicos em tempo real permitem priorizar ações.
A saúde fluvial não é apenas uma solução logística, mas um direito constitucional para populações com difícil acesso.
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METODOLOGIA DE IMPLEMENTAÇÃO
O projeto será desenvolvido em 3 eixos:
Expedições Fluviais Mensais
Utilização de embarcações adaptadas (voadeiras e futuramente um catamarã equipado).
Roteiros georreferenciados, cobrindo 92,78 km de rotas críticas.
Kit de insumos: medicamentos para 60 dias, hipoclorito de sódio, vacinas e materiais para curativos.
Protocolo Clínico Itinerante
Triagem rápida: aferição de PA, glicemia, avaliação de feridas e risco cardiovascular.
Consulta médica e de enfermagem com foco em hipertensão/diabetes.
Ações integradas: vacinação, educação em saúde e distribuição de insumos.
Sistema de Monitoramento
Banco de dados com perfis de risco (ex.: pacientes com PA > 180/110 mmHg).
Parceria com a Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) para análise epidemiológica.
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RESULTADOS PARCIAIS (EXPEDIÇÃO PILOTO)
✅ 44 atendimentos em 3 dias (30 consultas para crônicos + 20 vacinas).
✅ 100% das famílias receberam hipoclorito de sódio.
✅ 1 curativo por acidente ofídico.
✅ Mapeamento de áreas sem ACS para priorização.
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SUSTENTABILIDADE E INOVAÇÃO
Catamarã-Saúde: Proposta de aquisição de uma embarcação adaptada para consultórios móveis, garantindo atendimento contínuo.
Formação de Agentes Locais: Capacitação de ribeirinhos como multiplicadores em saúde.
Integração com a Rede SUS: Encaminhamentos via Regulação Municipal para casos complexos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto SUS nas Águas demonstra que é possível superar barreiras geográficas com criatividade e compromisso. Sua replicabilidade pode inspirar políticas públicas para outras regiões amazônicas, tornando o SUS verdadeiramente universal.
Palavras-chave: Saúde Fluvial, Equidade, Hipertensão, Diabetes, Amazônia, SUS Itinerante.
Em Ferreira Gomes/AP, comunidades ribeirinhas vivem em isolamento geográfico extremo, sem acesso regular a serviços de saúde. A dificuldade de deslocamento por vias fluviais, a falta de infraestrutura e a escassez de profissionais resultam em:
Altas taxas de descontrole da hipertensão e diabetes (76% dos pacientes atendidos em expedição estavam fora da meta terapêutica).
Subnotificação de agravos e atraso no tratamento de emergências (como acidentes ofídicos).
Falta de acompanhamento contínuo para doenças crônicas, aumentando riscos de complicações evitáveis.
Essa realidade expõe uma lacuna crítica no SUS: a necessidade de um modelo de atenção básica adaptado a contextos amazônicos, onde rios são as únicas vias de acesso. A expedição fluvial piloto de março/2025 comprovou que ações itinerantes organizadas podem salvar vidas, mas a intermitência das visitas ainda limita o impacto.
A oportunidade está em institucionalizar a saúde fluvial como política pública, garantindo:
✔ Atendimento contínuo por meio de embarcações equipadas.
✔ Prevenção de agravos com monitoramento ativo.
✔ Equidade no acesso, assegurando que populações isoladas não sejam excluídas do SUS.
Sem essa intervenção, o ciclo de vulnerabilidade persiste, com custos humanos e financeiros crescentes para o sistema de saúde..
A expedição fluvial em Ferreira Gomes/AP demonstrou impactos imediatos e lições valiosas:
✔ 44 atendimentos realizados em 3 dias, incluindo 30 consultas para hipertensos/diabéticos e 20 vacinas aplicadas;
✔ 76% dos pacientes com pressão arterial descontrolada identificados, permitindo ajuste terapêutico in loco;
✔ 100% das famílias receberam hipoclorito de sódio e medicamentos para 60 dias;
✔ 1 caso de acidente ofídico tratado com sucesso, evitando complicações graves;
✔ Mapeamento inédito de áreas sem cobertura de ACS, direcionando futuras ações.
Inovações:
Protocolo de atendimento fluvial adaptado à realidade amazônica;
Uso de georreferenciamento para planejamento logístico;
Pernoite da equipe para fortalecimento de vínculos.
Lições aprendidas:
A saúde itinerante exige flexibilidade e adaptação às condições do rio;
O acompanhamento contínuo é essencial para controle de doenças crônicas;
Parcerias locais são fundamentais para sustentabilidade.
Resultados esperados (até dez/2025):
Redução em 50% das complicações por hipertensão/diabetes;
Ampliação da cobertura para 100% das comunidades ribeirinhas.
Logística adaptada ao território:
Priorize embarcações adequadas (voadeiras/catamarãs) e kits portáteis de saúde.
Use georreferenciamento para planejar rotas e calcular insumos.
Engajamento comunitário:
Envolva líderes locais no agendamento das visitas.
Capacite ribeirinhos como multiplicadores em saúde básica.
Protocolos simplificados:
Desenvolva fluxos rápidos para triagem e atendimento de crônicos.
Padronize kits de medicamentos essenciais (hipertensão, diabetes, primeiros socorros).
Parcerias estratégicas:
Articule com universidades para monitoramento de dados.
Busque editais para financiamento de embarcações adaptadas.
Lições-chave:
“O pernoite da equipe fortalece vínculos e aumenta adesão ao tratamento.”
R. Tiradentes, 592, Ferreira Gomes - AP, 68915-000, Brasil
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