Em tempos de fragmentação de dados de vacinação em dezenas de sistemas de informação ativos nas plataformas do Ministério da Saúde, a visão crítica compartilhada por gestores em saúde revela dificuldade em se ampliar a cobertura vacinal. Nitidamente, nenhuma simplificação do fluxo ou harmonização das plataformas. Presumem-se a cobertura por vacina, sem discriminar a idade em que a dose foi aplicada e os esquemas concluídos, e não por criança imunizada. Para a experiência de gestão em Pilar, passou a ser essencial a realização de inquéritos de cobertura vacinal e o desenvolvimento de registros informatizados de imunização mais consistente. De acordo com a Censo Escolar Municipal de 2023, mais de 2000 estudantes da Rede Pública e Privada estão matriculados. Um número que ganha importância por suas vantagens, maximizando oportunidades de coleta e análise de dados como idade, sexo, domicílio, contato, dados pessoais, pais ou responsáveis. Informações reunidas, disponíveis, tratadas e em tempo real. À luz dessa condição única, a escola, por seu caráter social integrativo, acolhe o serviço de prestação em saúde itinerante, mais realista, que vai se fazendo conhecer, em conjunto com técnicos, vacinadores, educadores e comunidade escolar. A automação do sistema de informação municipal foi o primeiro passo para o caminho menos inerte, neutro. Na alegada hesitação à vacinação, promoção de ampla discussão e convencimento, integrando ações de maneira individual e sistematizada.
Foi conduzido estudo descritivo, de abordagem qualitativa, nas unidades de saúde, por meio de entrevistas semiestruturadas com gerentes/diretores, coordenadores e profissionais da Atenção Básica (AB), acerca do Sistema de Informação de Imunização, tendo como referência a estrutura definida pelo SUS. O Sistema de Informação do PNI utiliza para medir a cobertura vacinal o número de doses aplicadas e não crianças vacinadas, tornando-se assim impossível saber, em termos coletivos, a situação vacinal das crianças e determinar, por exemplo, o percentual de crianças completamente vacinadas. Outro aspecto relevante na análise da cobertura vacinal é a diversidade social. Diferentes determinantes podem gerar disparidade na cobertura vacinal em um território municipal e que não são reveladas pela média. É possível que em áreas de maior vulnerabilidade social o acesso ao programa de imunizações seja diferenciado em relação a outras. Mesmo que os dados dos serviços possam dar uma ideia dessas diferenças, estariam excluídas as informações de crianças atendidas por clínicas particulares de vacinação que, apesar de ser uma exigência legal, não informam as autoridades municipais as vacinas aplicadas em suas instituições. Apenas a avaliação da cobertura vacinal por meio de inquéritos domiciliares realizados periodicamente permitiria estimar a real proporção de crianças vacinadas. Além disso, o modelo de sistema de informação apresentado pelo SUS gera pouca informação para tomada de decisões antecipatórias. Em Pilar, o modelo de AB é tradicional, com uso de prontuário eletrônico pelos profissionais da saúde. A coordenadoria de imunização municipal é isolada quanto à automação dos processos de trabalho, com predomínio dos envios de relatórios físicos desde a AB, comprometendo o monitoramento das ações e coordenação do cuidado. Para a caracterização, foi realizado um amplo levantamento documental a partir do ano de 2020, junto ao Censo Escolar Municipal, reunindo dados de crianças e adolescentes de idades entre 0 a 16 anos. Procedeu-se a criação do sistema próprio, identificando, entre outros aspectos: lógica do sistema, instrumentos de coleta, variáveis incluídas, indicadores propostos, fluxo das informações, distintas potencialidades, além das dificuldades operacionais percebidas. A análise comparativa das variáveis coletadas por outros sistemas de informação em saúde, fomentou atividades e ações direcionadas aos usuários SUS, determinadas pela condicionalidade de idade e área domiciliar.
A solução adotada para a ampliação da cobertura vacinal no município de Pilar (re)conheceu as individualidades dos usuários SUS, em sistema informatizado próprio, em conjunto com dados coletados e estratificados do Censo Escolar, anulando processos ineficazes, insustentáveis. Simplificado o controle de cobertura na identificação por filtragem em sistema nacional, vinculado ao Bolsa Família, de crianças e adolescentes em idade escolar comuns para a oferta de atividades e ações sistematizadas. Sendo exequíveis a promoção da saúde de forma zoneada, para população própria. Além disso, a facilidade do planejamento dos recursos assistenciais através de Sistema de Informação Municipal independente, foi fundamental para o melhoramento do atendimento e aprimoramento da experiência do usuário nos serviços SUS. Conhecer, em tempo real, a população prioritária, acessando, rápido e precisamente, o histórico de vacinação, garantiu agilizar o teleatendimento de informações no Centro de Imunização Municipal.
Em Pilar, não diferente do restante do país, dados indicavam para a baixa cobertura vacinal, o que gerou discussões sobre seu enfrentamento. Sistemas de Informação que não atendem às necessidades de gestores em saúde. Muito embora seja igualmente importante reconhecer a necessidade de expansão do acesso a serviços de retaguarda, com foco ações de promoção e prevenção à saúde nos territórios municipais. Ainda pela informatização parcial das UBS’s em Pilar, o processo de referência comum constava em coletar as guias físicas nas AB para catalogação posterior da profissional da enfermagem. Agravada pela equipe de agentes de saúde que não acompanhava o ritmo da vacinação, tampouco as listas de crianças não vacinadas ao revisar o envolvimento da AB de forma mais geral. Ao focar na informatização, a Secretaria de Saúde justifica o atendimento de necessidades específicas de monitoramento, que o sistema público nacional não atende. Corroborando com o aumento da cobertura vacinal.
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