- Atenção Primária à Saúde
Francilúcia Linhares de Moura
- 15 abr 2024
A Atenção Domiciliar (AD) é definida como uma modalidade de atenção à saúde que
envolve ações de promoção da saúde, prevenção, tratamento, reabilitação e paliação em
domicílio, de forma integrada com as Redes de Atenção à Saúde (RAS). Essa
modalidade tem se expandido em resposta às mudanças demográficas, epidemiológicas,
sociais e culturais que vêm tomando lugar, tanto no Brasil quanto no cenário mundial,
para atender à necessidade de viabilidade e sustentabilidade econômica dos sistemas de
saúde, bem como pela busca de uma proposta de cuidado que promova maior bem-estar
aos usuários e às suas famílias, reduzindo as iniquidades em saúde.
A AD desafia a lógica tradicional de produção do cuidado ao ultrapassar os muros das
instituições de saúde e torna-se uma modalidade substitutiva ao possibilitar a produção
de novos modos de cuidar que transcendem o modelo hegemônico medicalizante.
Exige, portanto, que as equipes trabalhem na complexidade do território da casa, na
multiplicidade de dinâmicas familiares, incorporando seus valores e saberes ao cuidado.
Nesse sentido, e tendo em vista o impacto que os serviços de AD têm produzido na vida
dos usuários que recebem o cuidado das equipes nessa modalidade de atenção, faz-se
necessário aprofundar o conhecimento acerca da produção do cuidado na AD, buscando
contemplar seus desafios e potencialidades.
Com abordagens diferenciadas, esse tipo de serviço está disponível no Sistema Único de
Saúde (SUS). De acordo com a necessidade do paciente, esse cuidado em casa pode ser
realizado por diferentes equipes. Quando o paciente precisa ser visitado com menos
frequência, por exemplo, uma vez por mês, e já está mais estável, este cuidado pode ser
realizado pela equipe de Saúde da Família/Atenção Básica de sua referência. Já os casos
de maior complexidade são acompanhados pela equipe multiprofissional de atenção
domiciliar (EMAD) e de apoio (EMAP), do Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) –
Melhor em Casa. Os profissionais responsáveis pelo Serviço fazem parte das Equipes Multiprofissionais
de Atenção Domiciliar (EMADs), compostas de Médico, Enfermeiro, Auxiliar/Técnico
de Enfermagem, Fisioterapeuta. Existem ainda as Equipes Multiprofissionais de Apoio
(EMAPs), voltadas para oferecer suporte e complementar as ações das EMADs,
composta por psicólogo, fonoaudiólogo e assistente social.
Visando todo o cuidado e atendimento aos usuários o município de Santana- AP,
implementou o Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) que iniciou em 2023, com o
intuito de integração com equipe multiprofissional e níveis de assistência objetivando-se
a resolutividade, integralidade e humanização. O Serviço constitui uma nova modalidade de atenção à saúde, substitutiva ou complementar às já existentes, oferecida
em domicílio e com garantia de continuidade do cuidado na Rede de Atenção à Saúde.
O público atendido são pessoas com dificuldade ou impossibilidade física de locomoção
até uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e cujo problema de saúde exige maior
frequência de cuidado, recursos de saúde e acompanhamento contínuo, com a finalidade
também de promover e proteger a saúde dos pacientes, a partir da assistência de um
caso índice, orientar a família/cuidador, incentivar o desenvolvimento da
responsabilidade da família/cuidador para o autocuidado, estabelecer mecanismo de
integração entre a rede de serviços da saúde e a família.
Durante as visitas domiciliares, os profissionais abordam as famílias de maneira
acolhedora e prestativa, buscando criar vínculo efetivo com cada morador e facilitar
possíveis demandas pessoais, seja através de atendimentos básicos prestados ou uma
comunicação facilitada com o serviço de saúde do bairro. Ademais, quando
identificado algum morador idoso na residência, este é realizado uma maior inserção do
idoso nos serviços de saúde e maior sociabilidade deste, devido a grande dificuldade
dos idosos comparecerem a uma unidade de Saúde. Diante disso, os resultados obtidos
até o presente momento são inúmeros, tanto para a melhoria do atendimento em saúde
local e fortalecimento do vínculo entre unidade de saúde e população assistida, quanto
para os profissionais inseridos no projeto, pois através deste, os profissionais puderam
aprimorar seus métodos de atendimento, além de criar uma escuta e atendimento cada
vez mais qualificado e voltado para a visão do paciente de maneira integral.
Conforme Lobato (2004), a avaliação da política pública deve se aproximar dos
Stakeholder, deve-se buscar uma proximidade e identificação dos indivíduos que
compõem a estrutura da política, a autora afirma que: “é hoje um desafio para a área de
avaliação incluir elementos que dêem conta de avaliar os indivíduos como sujeitos e não
somente como beneficiários de programas ou usuários de benefícios.” As organizações
dos cuidados continuados domiciliares a partir da atenção básica e articulados aos
outros níveis de complexidade da atenção exigiram integrar, ainda, tecnologia e
humanização. Com a implantação de cuidados centrados em alto grau de tecnologia
realizados em domicílios, favoreceu a uma progressiva visão de que se pode alterar as
antigas noções, idéias de quem enxergava a complexidade como um predicado das
maquinas mais caras dos hospitais. Trabalhar com famílias em condições de
vulnerabilidade, atender pacientes em privação de mobilidade, construir redes sociais de
apoio(redes formais e informais) a pacientes e cuidadores, executar no domicílio ações
terapêuticas baseadas em evidências: A ampliação de cuidados domiciliares como
estratégia nos serviços de saúde , configura novos saberes que valorizam a integralidade
, humanização e cuidado centrado na família e amparado pelas redes sociais de apoio.
Av. Santana, 2913 – Paraíso, Santana
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO