O Centro de Promoção da Saúde (CEDAPS), propositor do projeto, é uma organização da sociedade civil fundada em 1993, com atuação voltada ao fortalecimento de comunidades populares na busca por soluções para seus desafios e contribuir para a melhoria dos serviços públicos que atuam nestas localidades. Sua trajetória é marcada pela promoção da saúde, prevenção de doenças e defesa de direitos em territórios vulnerabilizados, como favelas, quilombos e periferias urbanas. Tem como base a tecnologia social “Construção Compartilhada de Soluções Locais”, desenvolvida pelo Cedaps e reconhecida pela Fundação Banco do Brasil. Fundamenta-se na participação ativa da comunidade, colocando a população no centro dos processos de transformação como protagonistas das mudanças.
Desde 2005, articula e apoia tecnicamente a Rede de Comunidades Saudáveis (RCS), uma iniciativa que reúne mais de 200 organizações e coletivos comunitários em diferentes estados do Brasil. A RCS é reconhecida como uma articulação democrática e aberta, formada principalmente por mulheres negras que atuam como lideranças locais engajadas na promoção da saúde, da equidade e da qualidade de vida nos territórios onde vivem.
Nesse contexto, o projeto “Saúde nas Favelas: Vigilância Popular em Saúde e Memória Social” tem como objetivo principal fortalecer as lideranças comunitárias da RCS, ampliando suas capacidades de atuação em práticas de vigilância popular em saúde, promoção da saúde e prevenção de doenças transmissíveis (IST, HIV, tuberculose e hanseníase). O projeto está estruturado em três eixos de ação complementares, com foco na formação, mobilização e visibilidade:

Eixo 1 – Trocas de experiências e formação
Realização de oficinas temáticas bimestrais e encontros entre as lideranças da RCS, abordando temas como vigilância popular em saúde, prevenção de doenças, racismo ambiental, participação social e atuação em espaços de controle social. Essas atividades visam fortalecer capacidades políticas, técnicas e organizativas das lideranças comunitárias.

Eixo 2 – Ações territoriais de vigilância popular em saúde
Seleção e apoio técnico e financeiro para 20 lideranças que desenvolverão planos de ação locais voltados à vigilância em saúde, com foco em IST, HIV/aids, tuberculose e hanseníase. Esses planos serão elaborados com base na Tecnologia Social da Construção Compartilhada de Soluções Locais.

Eixo 3 – Registro da Memória Social
Realização de entrevistas com lideranças comunitárias para registrar suas trajetórias, práticas e saberes no enfrentamento das doenças e na promoção da saúde. Esse material será organizado e divulgado por meio do Museu da Pessoa, um museu virtual de histórias de vida, contribuindo para a valorização da memória social e para a difusão de experiências comunitárias inspiradoras.

O projeto reconhece o papel estratégico das lideranças na construção de respostas comunitárias às desigualdades em saúde, especialmente em contextos onde a presença do Estado é reduzida. Moradias precárias, ausência de saneamento básico, insegurança alimentar, violência urbana, racismo estrutural e acesso limitado a serviços públicos impactam diretamente a saúde da população de favelas e periferias. Esses fatores contribuem para a alta incidência de doenças evitáveis e para a perpetuação de desigualdades. Diante desse cenário, torna-se fundamental reconhecer e fortalecer os saberes locais, as estratégias de cuidado e as formas de resistência construídas pelas próprias comunidades, promovendo a valorização da vida, a ampliação do acesso a direitos e o protagonismo das populações historicamente marginalizadas.

Nas favelas brasileiras, os efeitos das desigualdades sociais são profundos e persistentes. O estado do Rio de Janeiro, o mais desigual do país, apresenta na Baixada Fluminense os piores indicadores de desenvolvimento humano e social. Nessas regiões, os moradores enfrentam sérios problemas: falta de saneamento básico, insegurança alimentar, violência urbana e doméstica, moradias precárias e violações de direitos fundamentais como saúde, educação e proteção social. Esses fatores decorrem de políticas públicas enfraquecidas, que impactam diretamente a qualidade de vida e a saúde da população.

Segundo o Data Favela (2022), o número de favelas no Brasil dobrou na última década, ultrapassando 13 mil. No estado do Rio, mais de 17 milhões de pessoas vivem nesses territórios, sendo 67% pessoas negras e 21% dos lares chefiados por mães solo. A cobertura do SUS é insuficiente: apenas 7 dos 22 municípios da Região Metropolitana possuem cobertura acima de 50%. Essa realidade reflete-se no aumento de doenças transmissíveis crônicas. De 2012 a 2024, foram registrados 88.130 casos de tuberculose, sífilis, Aids e hanseníase, segundo o Observatório Epidemiológico do município do Rio de Janeiro.

Diante desse cenário crítico, o projeto “Saúde nas Favelas” propõe-se como uma resposta estratégica para fortalecer lideranças comunitárias da Rede de Comunidades Saudáveis em ações de vigilância popular em saúde. A iniciativa aposta em metodologias participativas e integradas para promover uma resposta coletiva, localizada e sustentável aos determinantes sociais da saúde.

Resultados esperados (o projeto ainda está em andamento):

– Lideranças comunitárias com mais conhecimento sobre participação social, vigilância popular em saúde e prevenção de doenças (IST, HIV,Tuberculose e Hanseníase).

– Capacidades locais reforçadas e ampliadas com vistas à defesa do direito à saúde, propagação da qualidade de vida e bem-estar e com vistas ao alcance de serviços públicos mais saudáveis para os territórios populares.

– Registro e visibilidade da memória social de práticas de vigilância popular em saúde, promoção da saúde e prevenção de doenças – Coleção Rede de Comunidades Saudáveis – no Núcleo Museu da Pessoa (CEDAPS).

Para facilitar a implementação de uma prática semelhante, é fundamental reconhecer e valorizar as lideranças locais como protagonistas dos processos de mudança e como parte essencial do enfrentamento dos determinantes sociais. São elas que conhecem de perto os desafios e as potencialidades do território. Para isso, é importante adotar metodologias participativas — como a construção compartilhada de soluções — que alinhem as ações às reais necessidades da comunidade, promovendo maior engajamento e corresponsabilidade. Assim, a escuta ativa, a valorização do “saber fazer” e a organização em rede são elementos centrais para a construção de soluções eficazes e sustentáveis.
Para saber mais da metodologia, acesse: https://transforma.fbb.org.br/tecnologia-social/construcao-compartilhada-de-solucoes-locais

Principal

Cedaps - Centro de Promoção da Saúde

wanda@cedaps.org.br

Coordenadora Geral do CEDAPS

Coautores

Katia Edmundo, Socorro Vasconcelos, Wanda Guimarães, Juliana Reiche, Isabele Aguiar, Suzane Cuba, Mariana Taranto.

A prática foi aplicada em

Rio de Janeiro, Mesquita, Magé, São João de Meriti, Duque de Caxias, São Pedro da Aldeia, Niterói, Belford Roxo, Nova Iguaçu, Cachoeiras de Macacu, São Gonçalo, Petrópolis

Rio de Janeiro

Sudeste

Esta prática está vinculada a

Avenida Rio Branco, 135 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, Brasil

Uma organização do tipo

Terceiro Setor

Foi cadastrada por

Wanda Lucia Branco Guimarães

Conta vinculada

07 jun 2025

CADASTRO

07 jun 2025

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Condição da prática

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