1. Resumo da Prática
Entre 2020 e 2025, no município de Santa Cruz Cabrália (BA), consolidou-se um modelo inovador de cuidado integral por meio da articulação entre Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS), justiça restaurativa, espiritualidade e educação popular. A experiência, sistematizada no Volume II do Livro de Recordações Restaurativas e Sistêmicas do SUS, documenta uma série de ações formativas, vivências comunitárias, práticas terapêuticas e políticas intersetoriais que fortaleceram a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), ampliando o acesso ao cuidado humanizado. A prática inclui a criação de círculos de cura, cursos temáticos (Setembro Amarelo, Outubro Rosa, Novembro Azul), uso terapêutico do FamilySearch, implantação das PICS na rede municipal e formação de facilitadores comunitários. O protagonismo popular e a espiritualidade foram os pilares metodológicos, transformando as ações em experiências de saúde integral e pertencimento coletivo. O legado está sendo compartilhado com outras regiões como referência de cuidado em liberdade, política pública restaurativa e modelo replicável.
2. Problema ou Oportunidade que Motivou a Ação
A implantação das PICS em Cabrália partiu do diagnóstico de que os modelos tradicionais de cuidado à saúde mental estavam esgotados, centrados na medicalização e com baixa adesão dos usuários. A ausência de espiritualidade, escuta qualificada e vínculos comunitários nas práticas clínicas agravava o sofrimento psíquico e dificultava a promoção de autonomia. Ao mesmo tempo, havia uma rica diversidade cultural e espiritual no território, com saberes populares potentes, mas ainda não reconhecidos institucionalmente. Surgiu, então, a oportunidade de articular práticas restaurativas, espiritualidade, educação popular e políticas públicas de saúde, de forma intersetorial, integrando CAPS, NASF, CRAS, CREAS, CEJUSC, escolas e organizações sociais. A escuta das comunidades e dos trabalhadores revelou a necessidade urgente de um modelo mais sensível, participativo e espiritualizado. A prática nasceu do desejo coletivo de cuidar com mais presença, de valorizar o invisível que cura e de promover justiça restaurativa como política de saúde. O “Maio das PICS” e os ciclos formativos criaram o ambiente necessário para sistematizar essas ações e consolidar um movimento nacional.
3. Resultados Alcançados ou Impactos Percebidos
A prática teve resultados expressivos em diferentes dimensões. No campo institucional, houve a implantação oficial das PICS no SUS municipal, com apoio da gestão pública e registro das práticas nos sistemas de informação. Foram realizados cursos de formação continuada (Pensamento Sistêmico, Recordações Sistêmicas, Círculos Restaurativos, Auriculoterapia, Reflexoterapia, Terapia Floral), envolvendo centenas de profissionais, lideranças comunitárias, agentes de saúde e usuários. No campo comunitário, destacam-se os círculos de cura em escolas, CAPS, Unidades de Saúde e territórios vulneráveis, que promoveram escuta, reconciliação, fortalecimento emocional e redução de medicalizações. O uso do FamilySearch como ferramenta terapêutica ampliou o resgate identitário, espiritual e genealógico, atuando como tecnologia social de cuidado. No campo espiritual e subjetivo, observou-se redução do sofrimento psíquico, fortalecimento da autoestima, pertencimento e esperança. O movimento “Emagrecendo na Alma” criou um grupo de apoio terapêutico com base sistêmica, com resultados relevantes na superação da compulsão alimentar e no autocuidado. Os relatos, registros audiovisuais e depoimentos formam um acervo vivo de transformação. A prática se consolidou como modelo sistêmico-replicável, integrado ao SUS e fundamentado no cuidado em liberdade.
4. Recomendações, Sugestões e Referências
A experiência recomenda a valorização da espiritualidade, da memória e dos vínculos familiares como dimensões essenciais no cuidado à saúde mental. Sugere-se a replicação do modelo integrativo-restaurativo com base nos seguintes pilares:
Círculos de cura e rodas de escuta como política pública (não apenas como prática opcional);
Formação de facilitadores sistêmicos com base na educação popular em saúde;
Uso de plataformas genealógicas como o FamilySearch como estratégia terapêutica e política;
Criação de cursos sazonais temáticos (ex: Setembro Amarelo Sistêmico, Outubro Rosa Integrativo);
Registro audiovisual e produção de livros sistêmicos pessoais como metodologia de identidade e cuidado.
Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (PNPIC).
BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Educação Popular em Saúde.
HELLINGER, B. As Ordens do Amor.
CEJUSC e Rede PICS Cabrália/Porto Seguro. Relatórios Institucionais (2020–2025).
IDEASUS/Fiocruz. Banco de Boas Práticas em Saúde.
LEAL, D. R. Livro de Recordações Restaurativas e Sistêmicas do SUS – Vol. I e II (2005-2025).
Lives e imagens dos cursos, oficinas e materiais acessíveis em: YouTube @npicscabralia e Instagram @saudeintegral.pics
(Documental do Npics Brasil)
@emagrecendonaalma (Documental do NASF/CEJUSC)
Essa prática está documentada integralmente nos Volumes I e II, disponível em formato digital e audiovisual para consulta, adaptação e inspiração, disponível nos links:
Volume 1 compilado:
https://www.familysearch.org/memories/memory/221031116?cid=mem_copy
Volume 2 compilado:
https://www.familysearch.org/memories/memory/223977624?cid=mem_copy
Álbum completo do Livro construído no Maio Restaurativo das PICs 2025:
https://www.familysearch.org/memories/gallery/album/1486009?cid=mem_copy
Forum Jutahy Fonseca, Santa Cruz Cabrália - BA, Brasil
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