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PRIMEIRA EXPERIÊNCIA COM GRUPO DE OUVIDORES DE VOZES EM NATAL-RN.

Ouvir vozes é uma experiência humana comum. Muitas pessoas que ouvem vozes encontram uma maneira de viver com as mesmas; outras pessoas têm muitos problemas com as vozes que ouvem. Os ouvintes têm uma longa história de estigma, patologização, exclusão e violações de seus direitos humanos (CENAT, 2023). A ocorrência da alucinação auditiva tem sido comprovada desde a Antiguidade, contudo, a partir da década de 1980 com os trabalhos de Marius Romme, psiquiatra holandês, começou a compreender o fenômeno não mais como sinal de doença mental.
O Movimento de Ouvidores de Vozes promove o entendimento de uma mudança de paradigma frente ao fenômeno de ouvir vozes, necessitando assim de um cuidado especializado que vai além da simples supressão de sintomas. Reconhecê-lo como expressões legítimas das experiências individuais de quem as ouve, sem estar associada à um transtorno, mas que novas compreensões possam ser construídas. O Grupo de Ouvidores de Vozes visa acompanhar experiências de usuários com o objetivo de identificar e desenvolver estratégias de cuidado que dialoguem com a perspectiva grupal de ajuda e suporte mútuos no campo da saúde mental. Essa abordagem, baseada no respeito à subjetividade e na promoção do bem-estar psicológico, é a primeira experiência no âmbito do município de Natal-RN, apontando uma prática pioneira na RAPS local, assim como um avanço significativo no campo da saúde mental e abre caminho para uma maior inclusão e compreensão das experiências de quem ouve vozes.

A compreensão e abordagem das experiências relacionadas a ouvir vozes representam um desafio significativo para a Psicologia e a Saúde Mental contemporâneas. O interesse no estudo deste tema sucedeu a partir de uma proposta de estágio, enquanto supervisora de campo, cujo objetivo foi implementar um grupo baseado na metodologia dos “Ouvidores de Vozes”. A convicção em explorar mais o campo se intensificou a partir da minha participação no III Congresso Internacional de Novas Abordagens em Saúde Mental, realizado na cidade de Recife-PE em junho de 2022, onde foi dialogado sobre a relevância do protagonismo da pessoa em sofrimento psíquico. Tal evento ocorreu junto com o IV Congresso Nacional de Ouvidores de Vozes, trazendo a importância da Reforma Psiquiátrica para as pessoas que ouvem vozes e as colaborações do Movimento dos Ouvidores de Vozes.

A criação de um Grupo de Ouvidores de Vozes em um serviço de saúde mental na Cidade do Natal-RN surge como uma intervenção potencialmente crucial e inovadora.
Ainda em 2022, no segundo semestre, iniciamos no serviço o “Grupo de Ouvidores de Vozes: um dispositivo de cuidado” para conversar sobre a experiência de ouvir vozes, considerando que ouvi-las em si não é um sinal de doença mental. A partir da prática de grupos de ajuda, segundo a Cartilha de Ajuda e Suporte Mútuos em Saúde Mental (Vasconcelos, 2013) são construídos espaços de acolhida, trocas de experiência e apoio emocional, valorizando a experiência de vida de cada participante e do grupo como um todo. Os encontros são semanais, atualmente realizado nas terças-feiras, às 09 horas na sala de artes do serviço, e é dedicado para pessoas que ouvem vozes, familiares e amigos. Para que se ajudem mutuamente na batalha de eliminar a descriminação que sofrem.

O Movimento Internacional de Ouvidores de Vozes teve seu início atrelado à mobilização de um novo lugar para a identidade do sujeito que foi condenado por décadas, daqueles diagnosticados como loucos. Nascido na Holanda, na década de 1980 a partir da experiência de Marius Romme, psiquiatra holandês com a sua paciente, ouvidora de vozes, Patsy Hage, propõe uma nova visão sobre a experiência de ouvir vozes, que até então era assimilada como uma concepção psiquiátrica tradicional como sintoma de doença mental. A fim de romper barreiras sociais existentes entre os próprios ouvidores, Marius resolveu organizar reuniões entre os ouvidores de vozes frequentadores de seu consultório, com o objetivo de deixar com que eles trocassem experiências sobre ouvir vozes, como lidavam com elas, dentre outras coisas. É importante destacar que atualmente são encontrados grupos em mais de 30 países, incluindo o Brasil. Aqui, somente ganhou destaque em 2015, quando Paul Baker e Marius Romme participaram de workshops nas cidades paulistas de Campinas e Marília. É preciso conhecer a atuação da INTERVOICE BRASIL. igualmente, um grupo que tem sido desenvolvido no CAPS 3 de Ribeirão Preto com resultados notáveis na construção de espaços em que pessoas com experiências de ouvir vozes possam dizer de suas vivências sem que tenham que se submeter ao estigma. Foi produzido pelo Canal Futura, em 2017, um documentário “Ouvidores de Vozes (Hearing Voices)” disponível no Youtube. Importante destacar também a Lei n 14.609 de 30 de Setembro de 2021, onde inclui no calendário oficial de eventos do município de Ribeirão Preto, o “Dia de Reconhecimento dos Ouvidores de Vozes” comemorado anualmente em 14 de setembro.

Principal

Raiany de Matos Barbosa

raianybarbosapsi@gmail.com

Psicóloga

Coautores

Raiany de Matos Barbosa

A prática foi aplicada em

Todos os Municípios (AL)

Todos os Municípios (BA)

Todos os Municípios (CE)

Todos os Municípios (MA)

Todos os Municípios (PB)

Todos os Municípios (PE)

Todos os Municípios (PI)

Natal

Todos os Municípios (SE)

Rio Grande do Norte

Nordeste

Esta prática está vinculada a

Rua Mipibu, 404 - Petrópolis, Natal-RN, 59020-500.

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Raiany de Matos Barbosa

Conta vinculada

A prática foi cadastrada em

20 fev 2024

e atualizada em

11 mar 2024

Início da Execução

Fim da Execução

Condição da prática

Andamento

Situação da Prática

Arquivos

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