O processo de participação social e escuta ampliado através de estudantes de medicina em uma unidade básica de saúde da Paraíba

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A participação social é uma diretriz do Sistema Único de Saúde (SUS) e um princípio, garantido pela legislação complementar e pela Constituição. Nesse sentido, a participação social se refere a aspectos da interação entre sociedade e estado de forma mais abrangente que o controle social, envolvendo características de organização, intervenção e gerenciamento dos processos de saúde. Além disso, a escuta também é intrínseca, uma vez que se dá de maneira espontânea pelos constituintes dessa dialética participativa e também contribuem para o estabelecimento de um Sistema de Saúde brasileiro mais forte, concatenado com a realidade de cada lugar, de cada Unidade de Saúde. Segundo Carvalho (1998), em meados da década de 80 surgiram movimentos que reivindicavam a ampliação dos direitos, principalmente no que se refere as decisões e participação democrática. Dessa forma, os processos de participação têm ampliado as reuniões com as equipes de saúde, os Conselhos de Saúde são divulgados e abertos á comunidade, enfim, os instrumentos de escuta e participação aumentaram muito. Desse modo, dentro da perspectiva de integralidade e multidisciplinaridade, a inserção dos estudantes de medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) nos semestres iniciais na unidade básica Nova Conquista, localizada no bairro Alto do Mateus, contribui para o processo de escuta e participação, principalmente na organização, elaboração de agendas, rodas de conversa, dinâmicas interativas com grupos (hipertensos, diabéticos, idosos, entre outros) e modificam a realidade da Unidade através dessa relação de proximidade, de entusiasmo, de interação. Justificativa: Os processos de interação social devem ser fortalecidos, visto que todas as relações sociais se fazem através de diálogos, conversas e significantes coletivos. Dessa forma, a observação e relato dessa interação em uma Unidade Básica no município de João Pessoa, tendo como os estudantes de medicina mais um agente contribuidor desse processo é importante na medida em que se criam vínculos, ampliam-se participações, quebram-se preconceitos e estigmas e fortalecem o Sistema Único de Saúde. Dentro do cenário da comunidade, há articulações entre estruturas e conjunturas, as quais as relações sociais, econômicas e políticas são indissociáveis, mas estimulantes do trabalho coletivo, da harmonia. Medidas de aumento da participação social são importantes, pois modificam situações existentes de comodismo, de individualidade e preconceitos. Objetivos: a inserção dos estudantes de medicina proporciona a democratização de relações, estimulação e ampliação da escuta, de maneira que cada agente coletivo amplie os aspectos de cidadania, percebendo o SUS como parte seu, como pertencente e não excluído. Assim, a participação de estudantes de medicina da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) tem por objetivo possibilitar a construção de sujeitos ao criar oportunidades para que os diversos atores recuperassem a iniciativa dentro de seus contextos, observassem e analisassem a realidade, escutasses, tomassem decisões, avaliassem atividades, projetos, situações. A participação é um exercício da condição humana que se concretiza através da liberdade e compartilhamento efetivo da realidade intrínseca, conhecendo as necessidades dos atores sociais, estabelecendo linguagens comuns, conhecendo a realidade, necessidades e opiniões do outro, valorizando a dimensão subjetiva dos sujeitos. Metodologia: em uma conjuntura geral de participação social e escuta, a participação dos estudantes de medicina é relacionada a um espaço aglutinador de ideias e pessoas, possibilitando a expressão de proposições, desejos, interesses. Os espaços coletivos de reflexão e ação através de rodas de conversa, a utilização da medicina popular e cenopoesia como instrumentos de escuta revelam-se geradores de energia capazes de mover os sujeitos em direção à participação, quebrando barreiras de individualismo, comunicação dos microespaços interiores em relação à realidade social. Segundo Jürgen Habermas o sujeito não é definido exclusivamente como sendo aquele que se relaciona com objetos para conhecê-los ou para agir através deles e dominá-los. Mas como aquele que durante o seu processo de desenvolvimento histórico, é obrigado a entender-se junto com outros sujeitos sobre o que pode significar o fato de conhecer objetos, agir através de objetos ou ainda dominar objetos ou coisas (Siebeneichler, 1989). Diante disso, a participação dos estudantes de medicina possibilita a construção de consenso entre distintos atores, referenciada no reconhecimento próprio (si mesmo) e do outro. Resultados: a participação dos estudantes proporcionou o aumento espontâneo da comunidade à Unidade Básica, ampliou a participação popular e o vínculo, estabelecendo uma relação de pertencimento, com olhares sob o ponto de vista coletivo. O exercício de escuta implicou na alteração do interior dos sujeitos, numa mudança de conceitos antes estabelecidos e na percepção da coletividade como forma de construção de objetivos comuns, de compartilhamento de ideias e saberes. Considerações finais: atuando juntos (estudantes de medicina da UFPB, médicos, comunidade) fora dos muros da Universidade, todos desenvolvem novas formas de aprendizado, práticas de saúde, desenvolvem a escuta e praticam valores de compreensão e solidariedade. Essa atuação é além de um processo institucional, como propostas de um plano pedagógico. Ocorreram inovações, dinâmicas não previstas no currículo, mas muito importantes para a comunidade nas rodas de conversa. Portanto, o envolvimento da população, a participação permite a ela se apropriar de sua saúde e conduz à formação da cons­ciência sanitária que se estende às demais questões sociais. Nesse processo, alcançam-se amadurecimento político e ampliação da cidadania, essenciais ao processo de participação social.

A participação social é uma diretriz do Sistema Único de Saúde (SUS) e um princípio, garantido pela legislação complementar e pela Constituição. Nesse sentido, a participação social se refere a aspectos da interação entre sociedade e estado de forma mais abrangente que o controle social, envolvendo características de organização, intervenção e gerenciamento dos processos de saúde

Principal

Francisco Teles de Macedo Filho

Coautores

Francisco Teles de Macedo Filho

A prática foi aplicada em

Crato

João Pessoa

Paraíba

Nordeste

Esta prática está vinculada a

Secretaria Municipal de Saúde de João Pessoa (PB)

Alto do Mateus, João Pessoa - PB, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Francisco Teles de Macedo Filho

Conta vinculada

05 fev 2016

CADASTRO

02 ago 2024

ATUALIZAÇÃO

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

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