Finalidade da experiência: pretendemos através deste projeto, construir parcerias com a comunidade em favor de uma saúde de qualidade, além da construção de um status em saúde voltado para a integralidade, qualidade de vida e bem-estar social, valorizando todos os profissionais da rede. Despertar na comunidade o interesse investigativo a fim de aprimorar o conhecimento e aprendizado na preservação ambiental e na biodiversidade. Identificar as plantas medicinais existentes na comunidade, seus princípios ativos e aplicabilidade permitindo seu uso adequado e, desta forma, construir uma melhor qualidade de vida e preservação da saúde humana. Propor o cultivo de ervas medicinais, valorização, preservação e conhecimento dos princípios ativos. Resgatar e manter o conhecimento popular sobre as ervas medicinais valorizando a cultura local: sua história e seus costumes. Criar um fluxograma que tem seu ponto de partida baseado no acolhimento resolutivo e humanizado. Dinâmica e estratégias dos procedimentos usados: montamos um calendário, através de reuniões de equipe bem estruturadas, que foi entregue a cada uma das famílias do município, além da divulgação na mídia local e agentes comunitárias de saúde, além de um imã de geladeira em forma de calendário que serve de orientação a todos. O piso de incentivo à atenção básica estadual, o PIES, além do PMAQ foram um grande auxílio para o fomento de atividades educacionais, ampliação do acesso ao serviço, permitindo um novo olhar para a alocação de recursos na atenção básica. A ideia inicial foi de sensibilização com a comunidade, ofertando-se assim dois encontros iniciais para acompanhar o interesse, bem como o conhecimento prévio dos possíveis voluntários e como seria o contato com as plantas em seus domicílios, convívio, e como foi o resgate do conhecimento dos antepassados. Após a sensibilização foi montado o grupo com a finalidade de construção dos hortos, difundindo a ideia das plantas medicinais por toda a comunidade e incluindo esta terapêutica no fluxograma do serviço. Juntamente com a Emater do município, a Escola Estadual Dr. José Bisognin, Secretaria da Agricultura, Secretaria de Obras damos inicio à construção dos Hortos municipais. Onze comunidades do município, mais a Sede, criaram o seu horto e plantaram as suas mudas para compartilhamento com os demais. Foi oferecida capacitação à comunidade e agora uma vez por mês, técnicos científicos fortalecem o conhecimento através da condução de oficinas farmacêuticas com os voluntários responsáveis pelos hortos e toda a comunidade interessada. A tecnologia empregada é a do relógio do corpo humano que surgiu da necessidade de conhecer mais as plantas medicinais utilizadas pelas famílias e de reuni-las em um único local. O horto oferece segurança na produção das plantas medicinais, livres de agroquímicos, animais e contaminantes, didaticamente serve de suporte do conhecimento, facilita o acesso da comunidade, preserva o ambiente e as espécies e promove.
O projeto Saúde Integrada criado pela Secretaria da Saúde de Severiano de Almeida busca, através, da formação e dinâmica de grupos integrar a demanda dos usuários dos serviços de saúde local com o planejamento dos profissionais de saúde de forma multidisciplinar com vistas á interdisciplinaridade. Dentre os grupos criados e mantidos pelo voluntariado, secretaria municipal de saúde e entidades apoiadoras, destaca-se o grupo de Hortoplantas Medicinais, que motiva os usuários a repensar a forma de produzir e reproduzir saúde, criando uma cultura saudável baseada nas plantas. A utilização das plantas medicinais é uma das mais antigas armas empregadas para o tratamento das enfermidades humanas e muito já se conhece a respeito de seu uso por parte da sabedoria popular. Com os avanços científicos, esta prática milenar perdeu espaço para os medicamentos sintéticos, entretanto, o alto custo destes fármacos e os efeitos colaterais apresentados contribuíram para o ressurgimento da terapia através das plantas. O município de Severiano de Almeida, com uma população de 3842 habitantes, segundo o censo de 2010, tem uma cobertura 100% pela Estratégia de Saúde da Família. A constante busca dos usuários pelos serviços a nível curativo, fez com que a equipe da gestão e assistência pensasse em alternativas de valorização da atenção básica de forma a promover, prevenir e educar em saúde. Através da criação de grupos locais com colaboração dos usuários, resgatamos nas raízes do Sistema Único de Saúde (SUS) novos valores para a condução dos processos de trabalho e fluxograma do serviço.
Ofertamos e participamos de vários cursos de formação, orientações em reuniões de equipe, congressos, palestras, educação continuada e permanente o que uniu mais a equipe e potencializou o status de interdisciplinaridade. Conseguimos ratear o recurso do PMAQ entre a equipe como forma de motivação diante de tantos resultados alcançados, fazendo assim, a administração entender o sentido real de promover, educar e prevenir em saúde. A população está mais educada e adquiriu um bom conhecimento em relação ao funcionamento do Sistema Único de Saúde e do fluxograma local. Os usuários permitem a intervenção de outros profissionais da rede, devido a um acolhimento humanizado e resolutivo, com reconhecimento de ambiente, redes sociais, vulnerabilidades e criação de vínculos. As reuniões de equipe se mantêm como ordenadoras do planejamento em saúde da atenção básica, com participação efetiva de todos os profissionais e qualificação dos mesmos com educação continuada e/ou permanente. O calendário criado pelo serviço para a orientação aos usuários já é presença constante nos lares da comunidade, bem como no comércio local e entidades apoiadoras. É clara a mudança com a introdução dos hortos medicinais e os demais grupos no serviço de saúde de Severiano de Almeida. Ainda, em relação ao hortosmedicinais, com a constante interação com os serviços de praticas integrativas e complementares do Estado e União, o serviço pensa na criação e regulamentação das Farmácias Vivas, com expectativa de fortalecimento desta prática. A inclusão das terapias já realidade, no entanto, necessita de constante aperfeiçoamento e monitoramento. O serviço tem a felicidade de externar que durante este pequeno período, de pouco mais de dois anos, já recebeu a visita de mais de 15 municípios que buscam o Projeto Saúde Integrada como exemplo, com registros e certificados. Além de participar de eventos como a 7ª Reunião Estadual de Plantas Bioativas, desenvolvida pela Embrapa, I e II Seminários Sul Brasileiro de Práticas Integrativas e Complementares, Intercambio com os países de Cuba e Uruguai a convite do Governo do Estado do RS, Expoepi 2013, Mostra Nacional da Atenção Básica 2014, dentre outros. A participação nos grupos é motivadora e mostra que a mudança de paradigmas é real e pode ser conquistada com o esforço de todos e com o devido planejamento. Além disso, promover uma aplicação de recursos voltada ao desenvolvimento de ações de promoção e prevenção transforma os gastos em investimentos futuros cujos resultados, certamente, são em longo prazo, mas que serão essenciais para termos uma população mais sadia e consciente no decorrer deste processo.
Severiano de Almeida, RS, Brasil
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