Ferramenta no pré-natal de alto risco à distância: cuidando de quem está longe

O Centro Regional Especializado de Atenção Materno Infantil (CREAMI) de Ji-Paraná/RO tem como território de abrangência 2 regiões de saúde com um total de 17 municípios, 8 deles estão a mais de 100 km de Ji-Paraná e o mais distante está a 371 Km. Para chegar até o ambulatório algumas dessas pessoas usuárias precisam de embarcação e passam mais de 6 horas em deslocamento. Neste sentido, foi inicialmente para garantir o acompanhamento de uma criança com diabetes Mellitus tipo I, em uso de insulina, que apresentava perfil glicêmico descompensado e não poderia comparecer para o atendimento subsequente que a teleinterconsultoria foi iniciada no CREAMI de Ji-Paraná em Dezembro/2022. Desde então, considerando os desafios geográficos do território e a necessidade de acompanhar as pessoas usuárias estratificadas como de alto ou muito alto risco compartilhados com o CREAMI, a utilização desta modalidade de teleatendimento vem sendo ampliada e aprimorada no ambulatório, garantindo apoio à equipe de Atenção Primária à Saúde (APS) e o cuidado das pessoas usuárias. A telemedicina foi regulamentada pela resolução CFM nº2314/2022, e em 2023 pela Política Nacional de Atenção Especializada que prevê entre estratégias a serem utilizadas por equipes de atenção especializada a teleconsultoria, teleinterconsulta, telediagnóstico, teleconsulta e telerregulação assistencial.

O principal problema enfrentado era o difícil acesso das gestantes de alto risco aos atendimentos de acompanhamento no ambulatório do CREAMI, devido às grandes distâncias e à precariedade dos meios de transporte, sobretudo em áreas rurais e ribeirinhas. Essa barreira comprometia a continuidade do cuidado e a segurança das gestantes e dos bebês. A teleinterconsultoria surgiu como uma oportunidade de superar tais obstáculos, possibilitando o acompanhamento remoto das gestantes com a participação conjunta das equipes da APS e da AAE. Essa solução não apenas promove a equidade no acesso, como também fortalece os vínculos entre os serviços, propiciando trocas de saberes e co-responsabilização pelo cuidado, conforme preconizado pelo SUS.

Entre dezembro de 2022 e abril de 2025, foram realizadas 137 teleinterconsultorias, beneficiando 103 pessoas usuárias (99 gestantes e 4 crianças), oriundas de 14 municípios. O crescimento da adesão ao modelo evidencia sua efetividade: em 2023 foram 27 atendimentos, número que quase quintuplicou até abril de 2025. A experiência proporcionou benefícios expressivos, como a redução de custos com transporte e deslocamento, continuidade do cuidado em tempo oportuno e maior resolutividade local. A integração das equipes promoveu o telematriciamento, ampliando a capacidade clínica da APS e garantindo planos de cuidado individualizados e compartilhados. Além disso, a presença simultânea dos profissionais das duas esferas de atenção favoreceu a qualificação da linha de cuidado materno-infantil, com sensibilidade às especificidades socioculturais das usuárias.

Para a implementação bem-sucedida de uma prática similar, recomenda-se:
1) fortalecer o vínculo entre os níveis de atenção desde o início, com definição clara dos fluxos e papéis das equipes;
2) assegurar infraestrutura mínima nas UBS para realização das teleinterconsultorias (sala reservada, conexão estável, computador com câmera e microfone);
3) capacitar as equipes envolvidas quanto ao uso da tecnologia e abordagem clínica compartilhada;
4) manter articulação permanente entre as coordenações regionais e municipais para apoio técnico e monitoramento;
5) estimular a institucionalização da prática nos instrumentos de gestão local.
A experiência reforça que a teleinterconsultoria é uma ferramenta estratégica para superar desigualdades de acesso e qualificar o cuidado no SUS.

Principal

Yargo Alexandre de Farias Machado

yargoalexandre@gmail.com

Fisioterapeuta - Técnico em Gestão em Saúde na IGRS

Coautores

DANIELLE AMARAL DE ALMEIDA, ANA PAULA SILVA DE LIMA, ALICE PEDROSO NASCIMENTO, ILDETE LIMA DA CRUZ, RARIENE DA SILVA LEAL, RAQUEL PATRÍCIA CAMPOS MARTINS DE OLIVEIRA, GILVÂNIA MARIA DE SOUSA E SILVA e THAMARA CAROLINE THOMAZI

A prática foi aplicada em

Ji-Paraná

Rondônia

Norte

Esta prática está vinculada a

Rua Cruzeiro do Sul, 2663 - Mario Andreazza, Ji-Paraná - RO, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Yargo Alexandre de Farias Machado

Conta vinculada

30 abr 2025

CADASTRO

30 abr 2025

ATUALIZAÇÃO

01 ago 2023

inicio

29 abr 2025

fim

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

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