Estratégias que ContribuírAM para Aumentar a Cobertura Vacinal no Município de Dom Basílio – Ba

O Programa Nacional de Imunização (PNI), criado em 1973 e reconhecido internacionalmente, é responsável pela Política Nacional de Imunizações que visa reduzir a transmissão de doenças imunopreveníveis, ocorrência de casos graves e óbitos, com fortalecimento de ações integradas de vigilância em saúde para promoção, proteção e prevenção em saúde da população brasileira. Com o PNI muitas doenças foram erradicadas ou deixaram de ser problema de saúde pública porque foram eliminadas no Brasil e nas Américas. Entretanto, a partir de 2016 observou-se uma acentuada redução das coberturas vacinais tornando-se necessário analisar sua situação atual, identificar os desafios e buscar estratégias de enfrentamento, a fim de fortalecer as ações de imunização nos territórios municipais, sendo então realizada a Pesquisa Nacional sobre Cobertura Vacinal, seus múltiplos determinantes e as ações de imunização nos territórios municipais brasileiros, entre 2021 e 2022. Ao analisar a situação vacinal do município de Dom Basílio-BA, a coordenação de imunização municipal, em parceria com a diretoria de atenção básica e equipes de saúde da família, identificou os desafios a serem enfrentados. Desse modo, esse trabalho visa relatar a experiência de Dom Basílio-BA na implementação de estratégias para aumentar a cobertura vacinal no município em 2022. Dentre as ações implementadas, destaca-se a capacitação dos profissionais, a intensificação vacinal independente de campanhas, a utilização de drive como cartão espelho, a busca ativa de faltosos em atividades extramuros, a articulação com a atenção básica e outros setores, dentre outras. O município, que em 2013 atingiu 113, 84% de cobertura vacinal, teve sua cobertura vacinal reduzida para 72,03% em 2019 e 74,4% em 2020. Com a implementação de algumas ações houve um aumento da cobertura vacinal para 96,77% em 2022 e espera-se que em 2023 o alcance das metas seja ainda maior.

Após a análise dos dados e informações, a coordenação de imunização municipal, em conjunto com a diretoria de atenção básica, enfermeiras e técnicas de enfermagem da sala de vacina das equipes de saúde da família, identificou os seguintes problemas a serem enfrentados para melhoria das coberturas vacinais no município: – Mudança no sistema de informação para o Prontuário Eletrônico do Cidadão (PEC) e dificuldades na alimentação do mesmo, demandando um período de adaptação para as vacinadoras; – Desabastecimento, atraso ou periodicidade irregular no recebimento de insumos e imunobiológicos em alguns momentos, a exemplo da BCG, algumas vacinas contra COVID-19, seringas e agulhas; – O impacto da pandemia de COVID-19 devido ao isolamento social e consequente redução do comparecimento dos usuários às unidades; – A hesitação vacinal de alguns pais principalmente relacionada à vacina contra COVID-19 para crianças menores de 5 anos; – Mudança de profissional da sala de vacina, demandando um tempo para sua adaptação; – Sobrecarga de trabalho na sala de vacina, principalmente com a introdução das vacinas contra COVID-19 e de outras vacinas no calendário básico nos últimos anos; – Internet instável em unidades da zona rural em alguns momentos; – Suspensão do incentivo financeiro estadual/federal para realização das ações de imunização; – Limitação no agendamento de transporte para atividades extramuros devido à ausência de um veículo exclusivo para imunização; – Dificuldade de acompanhamento do controle vacinal dos usuários de algumas unidades, principalmente devido à ausência do ACS em algumas microáreas (devido aposentadoria ou falecimento); – Disseminação de notícias falsas relacionadas às vacinas aliada a pouca informação à população ou a à questões políticas/ideológicas/religiosas.

Diante dos problemas identificados, foram implementadas as seguintes ações em Dom Basílio para alcance de boas coberturas vacinais: – Treinamento para as equipes das USFs quanto ao uso correto no PEC e monitoramento dos registros e dados nos sistemas de informação; – Capacitação ofertada aos profissionais (técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos) através do curso “Fortalecimento de Ações de Imunização em Territórios Municipais” promovido pelo Ministério da Saúde, CONASEMS e a Faculdade São Leopoldo Mandic; – Capacitação realizada por técnicas da Base Regional de Saúde para os profissionais que atuam na sala de vacina, bem como reuniões periódicas com a coordenação municipal para padronização do processo de trabalho e cooperação horizontal; – Mobilização de outros membros da equipe de saúde para apoio às vacinadoras, principalmente durante as campanhas; – Articulação com a Atenção Básica para agendamento do transporte para atividades extramuros; – Melhorias no provedor de internet local e assistência do técnico em informática sempre que necessário; – Aviso sobre a vacinação de rotina e de campanha pelos ACS através de visita domiciliar e de mensagens pelo celular; – Orientações sobre a importância da vacina na sala de espera e durante as consultas de enfermagem e de alguns médicos; – Vacinação extramuros em pontos estratégicos (postos satélites, igrejas, escolas) da população em geral, e no domicilio aos acamados ou domiciliados; – Gratificação financeira municipal às técnicas da sala de vacina; – Implantação do cartão espelho informatizado por meio de drive, facilitando o acesso à consulta e à busca ativa de faltosos, bem como o monitoramento dos registros pela coordenação de imunização e da diretora da atenção básica; – Intensificação da busca ativa de faltosos pelos ACS, os quais auxiliam na alimentação do drive; – Monitoramento trimestral ou sempre que necessário das coberturas vacinais no SIPNIWEB para avaliar os dados e realizar as intervenções necessárias; – Agendamento da vacinação de rotina de crianças nos dias de acompanhamento com a enfermeira, facilitando e oportunizando o acesso; – Intensificação vacinal, inclusive em finais de semana, independente das campanhas, de forma planejada de acordo com as necessidades identificadas nos monitoramentos; – Articulação com a atenção básica para ações de busca ativa e vacinação durante as atividades do Programa Saúde na Escola (PSE); – Divulgação de cards e mídias com informações do Ministério da Saúde a fim de combater notícias falsas, além de reforçar com os ACS a importância da orientação adequada à população durante as visitas domiciliares e ações educativas.

Mundialmente reconhecido, o Programa Nacional de Imunização (PNI) oferta, de maneira universal e gratuita pelo Sistema Única de Saúde (SUS), uma ampla gama de imunobiológicos, contribuindo para a redução da transmissão de doenças imunopreveníveis, ocorrência de casos graves e óbitos. Ao longo dos anos as coberturas vacinais foram aumentando chegando a atingir patamares acima das metas estabelecidas pelo PNI na década de 1990. No entanto, desde 2016, a cobertura vacinal tem estado abaixo da meta preconizada. Com o objetivo de analisar a situação atual e identificar os principais desafios à efetividade da política e das ações de imunização nos territórios municipais em nível nacional, investigando a queda da cobertura vacinal e seus determinantes, com ênfase na hesitação vacinal, foi realizada a Pesquisa Nacional sobre Cobertura Vacinal, seus Múltiplos Determinantes e as Ações de Imunização nos Territórios Municipais Brasileiros. A partir dessa pesquisa foram identificadas como possíveis razões para o declínio das coberturas vacinais o enfraquecimento do SUS, aspectos sociais e culturais, o movimento antivacina, a hesitação vacinal, o desconhecimento dos esquemas vacinais preconizados nos calendários, dificuldade de acesso em razão do horário de funcionamento das salas de vacina, o desabastecimento de insumos, número insuficiente de profissionais de saúde para atender à demanda e sua deficiente capacitação, e a manutenção insuficiente do sistema de informação do PNI. Pesquisas como essas são de extrema importância, pois possibilitam à coordenação municipal de imunização a elaboração de estratégias e políticas para melhoria das coberturas vacinais. As estratégias implementadas em Dom Basílio objetivaram, além de aumentar as coberturas vacinais, garantir aos usuários do serviço o acesso universal (busca ativa de faltosos, divulgação nas redes sociais e espaços comunitários, atividades extramuros e em finais de semana, dentre outros), equânime (vacinação no domicílio, cartão espelho através do drive e busca ativa, dentre outros) e integral (investigação sobre a situação vacinal durante as consultas, atividades intersetoriais, dentre outras), bem como favorecer a articulação das ações de vigilância em saúde e atenção básica, podendo ser replicadas ou adaptadas em outros municípios. Contudo, nota-se ainda que algumas ações poderiam ser aprimoradas, tanto de responsabilidade municipal, quanto estadual e federal, a exemplo de mais capacitações presenciais ofertadas pelas bases regionais de saúde e município para qualificar o processo de trabalho e os registros nos sistemas de informação; recurso estadual ou federal para aquisição de veículo exclusivo para vacinação, bem como para aquisição e manutenção de equipamentos em geral e de informática para as salas de vacina e rede de frio; investimento municipal em dispositivos de proteção contra quedas de energia elétrica; garantia do abastecimento regular e suficiente de insumos e imunobiológicos em tempo oportuno aos municípios; melhor remuneração aos profissionais de enfermagem; sensibilização dos profissionais médicos e de enfermagem para um maior engajamento na disseminação de informações corretas e combate às notícias falsas relacionadas às vacinas durante os atendimentos; e a intensificação da educação permanente para os trabalhadores da saúde e educação em saúde para a população.

Principal

VALIANE LOREDO DE MATOS FÉLIX

Coautores

Valmor Santos Félix, Glaucilene Lima Macedo Oliveira, Thais Barbosa Lima, Maluanne Santos Silva, Eliane Lima dos Santos Dias, Joliane Cardoso Queiroz, Karina Coelho da Silva, Ivana Karla Sampaio Leite, Rita de Cassia Neves Silva, Cleidimar da Silva Chaves, Ana Maria da Silva, Larisse Silva Correia, Lais da Silva Ferreira

A prática foi aplicada em

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Instituição Privada

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23 dez 2023

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23 dez 2023

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