Devido a pandemia de covid-19, as unidades básicas de saúde tiveram que se adaptar a uma nova rotina de atendimentos e cuidados, visando a proteção da própria comunidade e dos profissionais da assistência. Para fortalecer os princípios da Atenção Primária a Saúde (APS) a equipe da UBSF Biquinha, localizada no município de Valença/RJ precisou se reinventar garantindo com algumas medidas a manutenção do acesso e a divulgação de informação em saúde com qualidade ao território. Foram tomadas medidas de reestruturação na logística de recepção dos pacientes, que foram separados em sintomáticos e não sintomáticos respiratórios e direcionados em acessos diferentes para o atendimento. Para informar a população sobre as novas medidas de segurança e proteção, além de orientar pelos agentes comunitários de saúde (ACS) sobre como e quando procurar a assistência, a unidade usou a internet como facilitadora. Um facebook institucional foi criado, onde informações sobre funcionamento, acesso e saúde eram postados de forma semanal e continua. Também iniciamos as tele consultas através do aplicativo WhatsApp business com o número de telefone fixo da unidade instalado no celular da médica de família para o atendimento dos doentes crônicos. Este Remodelamento foi fundamental para garantir a manutenção dos serviços básicos de saúde na unidade neste momento delicado.
Primeiramente organizamos a unidade em duas entradas principais, criamos outro acesso exclusivo para pacientes com sintomas respiratórios, garantindo maior segurança para os usuários. Programamos horários mais esparsos entre os atendimentos, mantendo agendados a puericultura e o pré-natal em horários pré estipulados com menos demanda, mas ainda assim, o absenteísmo era grande. Mesmo com todos os cuidados oferecidos os crônicos descompensados não compareciam a unidade. Houve estatisticamente uma redução do fluxo de atendimentos presenciais dos pacientes com comorbidades no inicio da pandemia, as pessoas por medo, não procuravam a unidade, estando reclusas em suas casas. Ainda tínhamos um problema, como fazer chegar as pessoas nossa forma de funcionamento? Os Agentes Comunitários de Saúde estavam em menor número, muitos foram afastados por fazerem parte do grupo de risco. Era necessário garantir o cuidado continuado e precisávamos pensar em alternativas acessíveis e de baixo custo, como a internet. Assim decidimos informar a população atraves do facebook da unidade. Postagens semanais eram criadas informando e integrando a população ao cenário atual, bem como do nosso funcionamento adaptado a realidade vigente. Também iniciamos a telemedicina pelo aplicativo WhatsApp business, como não é uma plataforma oficial de atendimento digital, fizemos algumas adaptações, as receitas eram levadas pelos ACSs assim como os exames se solicitados.
No cenário pandêmico atual é necessária uma remodelação funcional e estrutural das equipes de saúde da família, que consiga garantir a manutenção dos princípios da APS. Era preciso olhar além do covid-19, criar novas formas de assistência, gerir a saúde da comunidade de maneira ampla e transparente.Os vídeos e posts que criamos no facebook tiveram um grande impacto na população, as pessoas participavam ativamente das postagens elogiando e interagindo, colocando sugestões, colaborando com a construção de uma nova forma de comunicação e participação social. A telemedicina atingiu nosso publico alvo, os doentes crônicos em isolamento. Assim, com poucos recursos e muita criatividade nos reconstruimos e nos adaptamos dentro do território garantindo o acesso seguro na porta de entrada do Sistema Único de Saúde.
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO