- Atenção Primária à Saúde
Mateus Emanuel da Silva Santos
- 22 maio 2024
A Atenção Primária a Saúde em Belo Horizonte tem apresentado crescentes desafios, como o aumento da pressão assistencial e a complexificação das demandas e serviços ofertados, num cenário de restrições orçamentárias. Várias estratégias têm sido utilizadas para melhorar o cuidado, dentre elas a Gestão do Cuidado no Território (GCT), que vem sendo implantada progressivamente desde 2016 e objetiva melhorar a saúde da população nos territórios dos 152 Centros de Saúde (CS) do município, através da organização dos processos de trabalho das equipes. O acesso foi o problema mais recorrente apontado pelas equipes, seja na chegada do usuário à unidade, seja na organização interna das equipes para ofertar os cuidados demandados. Em função disso, foi proposta uma reorganização do acesso, como parte do planejamento estratégico municipal, que vem sendo realizada a partir dos dados assistenciais de cada unidade, tendo as equipes dos CS como protagonistas na proposta das ações de melhoria.
Reorganizar o acesso aos CS, para facilitar a entrada, qualificar a escuta inicial, reduzir tempos de espera, otimizar fluxos internos, o equilíbrio da agenda de trabalho, além de realizar a abordagem sistematizada dos usuários hiperutilizadores. A metodologia consiste no uso de ciclos de melhoria pelo PDSA (plan-do-study-act). Todas as etapas envolvem as equipes locais, colegiados gestores e apoiadores do nível central e regional. Utiliza-se um conjunto de ferramentas de análise elaboradas pela gestão para diagnóstico como: mapeamento do acesso e tempo de espera na unidade, estudo da agenda dos profissionais e hiperutilizadores. Os problemas locais de acesso levantados pela equipe são retificados com planos de ação e as medidas iniciais como taxa de utilização, tempo de espera para atendimento e agendamento e satisfação do usuário, compõem indicadores que são monitorados após a implementação das ações. Ajustes são planejados em reuniões regulares do Colegiado Gestor das unidades.
Impactos positivos observados nos CS: aumento do engajamento das equipes locais e regionais, em construções compartilhadas, no planejamento do cuidado e desenvolvimento de ações construtivas, baseadas em mensurações objetivas do trabalho local reordenamento de fluxos internos confusos ou redundantes otimização das atividades das recepções melhorias na sinalização das unidades e na comunicação interna reduções nos tempos de espera para atendimento e agendamento dos usuários (exemplo: redução do tempo de agendamento de três meses para um mês), maior integração entre os diversos setores internos maior satisfação de usuários, trabalhadores e gestores, bem como aumento na integração dos níveis de gestão local, regional e central. O acesso é um dos atributos essenciais a APS, sem o qual o cuidado não ocorre. O foco na qualificação deste nos CS é prioritário e de relevante impacto para usuários e trabalhadores e toda a rede do SUS (BH), uma vez que aperfeiçoa o encaminhamento a outros pontos da rede e a coordenação do cuidado. Favorece inclusive, a revisão de outros processos dos CS, como a atenção à demanda espontânea e às condições crônicas. Frente aos resultados positivos, o esforço futuro é de expansão para todos os CS.
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