Em função desta dificuldade percebida, buscou-se ampliar estratégias para que novos mecanismos fossem desenvolvidos na perspectiva de redução desta limitação dos profissionais. Também, que este processo resultasse na capacitação dos profissionais para avaliar seu trabalho e buscar correções no rumo das suas ações. O processo de EPS se deu em cinco fases. A primeira fase foi a capacitação dos profissionais (cirurgiões-dentistas de UBS tradicionais, cirurgiões-dentistas e auxiliares de saúde bucal das equipes de saúde bucal da Estratégia Saúde da Família – ESF) para identificar e caracterizar problemas, estabelecer objetivos, metas, ações e indicadores. Esta capacitação foi realizada em parceria com dois docentes da Unidade de Saúde Bucal Coletiva da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas (FO-UFPel). Foram discutidos e sintetizados, em grupo, seis conceitos relativos ao planejamento, monitoramento e avaliação: 1. problema (função/missão do serviço que não está sendo realizada total ou parcialmente, como por exemplo: identificação de população em risco, execução de medidas preventivas e educativas, monitoramento de agravos à saúde e manutenção-recuperação-reabilitação da saúde bucal da população).

A Educação Permanente em Saúde (EPS) é um processo de aprendizagem de natureza participativa, sendo o trabalhador o sujeito do seu próprio processo formativo, pois retira do seu cotidiano do trabalho em saúde elementos de reflexão e crítica. A Portaria GM/MS nº 1.996 de 20/08/2007 aponta as diretrizes da Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS), reforçando a estratégia de descentralização e regionalização do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo uma responsabilidade tripartite e a Portaria GM/MS nº 278 de 27/02/2014 atualiza as diretrizes para a implementação da PNEPS. A EPS se baseia na possibilidade de transformar as práticas profissionais e a própria organização do trabalho, levando os profissionais a se tornarem conhecedores da sua realidade local. Deve ser feita a partir dos problemas reais, levando em consideração os conhecimentos e as experiências das pessoas. Propõe que os processos de educação dos trabalhadores da saúde se façam a partir da problematização do processo de trabalho, e considera que as necessidades de formação e desenvolvimento dos trabalhadores sejam pautadas pelas necessidades de saúde das pessoas e populações. A gestão deve oferecer, aos profissionais, possibilidades de transformação das suas práticas por meio da reflexão crítica sobre o trabalho em saúde. Assim, em seu trabalho de organização dos serviços e estruturação do cuidado em saúde, deve criar espaço onde seja possível para os trabalhadores pensar o aprender e o ensinar formando profissionais para o SUS. Para alcançar este objetivo os gestores deverão planejar e implantar um modelo de atenção que contemple nas agendas de todos os atores não somente o cuidado em saúde, mas o ensino, a produção do conhecimento e as trocas e conversas entre as equipes nos diversos pontos de atenção. Os responsáveis pela saúde bucal dos estados e municípios devem estar atentos quanto às necessidades locais de EPS para viabilizar projetos que contemplem essas demandas. Nessa lógica, o serviço de saúde bucal da Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas desenvolveu estratégias que geraram iniciativas de planejamento, monitoramento e avaliação do processo de trabalho desenvolvido nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

O empoderamento é uma das ferramentas mais importantes para se consolidar qualquer prática. Percebe-se, cada vez mais, o envolvimento dos profissionais, que se responsabilizam pela comunidade sob seus cuidados, pois estão conseguindo incorporar o processo de avaliação/monitoramento à rotina de trabalho e observar os resultados de suas ações. A capacitação para planejamento em nível local permite levar o princípio de regionalização ao seu extremo, buscando atender à necessidade da população considerando os problemas detectados pelos profissionais na ponta da rede de atenção. A capacidade de avaliação também contribui para a satisfação profissional, que passa a identificar o impacto das suas ações na realidade do serviço.

Principal

Letycia Barros Gonçalves, Baltassare Laroque, Raquel Viegas Elias, Tania Izabel Bighetti

letyciabgoncalves@gmail.com

Coautores

Letycia Barros Gonçalves, Baltassare Laroque, Raquel Viegas Elias, Tania Izabel Bighetti

A prática foi aplicada em

Pelotas

Rio Grande do Sul

Sul

Esta prática está vinculada a

Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas

R. Tiradentes, 3120 - Porto, Pelotas - RS, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Letycia Barros Gonçalves, Baltassare Laroque, Raquel Viegas Elias, Tania Izabel Bighetti

Conta vinculada

02 jun 2023

CADASTRO

01 ago 2024

ATUALIZAÇÃO

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

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