Primeiros Socorros (PS) são definidos como os atendimentos fornecidos à pessoa ferida, ou em risco de vida, os quais podem ser realizados por qualquer indivíduo. É o tratamento aplicado de imediato ao acidentado ou portador de mal súbito, antes da chegada da equipe de saúde.
Acidentes podem acontecer a qualquer momento, sendo o ambiente escolar propício a esses eventos, dado o tempo em que as crianças e adolescentes permanecem nesses locais, e considerada a diversidade de atividades que ali desenvolvem; sobretudo no período de intervalo das aulas, de recreação ou de lanche. Os professores [e demais funcionários das escolas] são os principais indivíduos a presenciar emergências no espaço escolar, o que lhes impõe a responsabilidade de prestar os primeiros socorros e/ou de encaminhar o acidentado ao serviço médico. Todavia, estudos brasileiros têm reportado desconhecimento, despreparo e insegurança desses profissionais em torno da temática.
A experiência é realizada pela Equipe 06 da UBS Santa Maria da Codipi que fica localizada no bairro de mesmo nome, na zona Norte e periférica da cidade de Teresina, com população em vulnerabilidade social; possui 04 Equipes de Saúde da Família com adesão ao Previne Brasil, onde a Equipe 06 funciona no turno da tarde com 3.798 pessoas cadastradas e tem 02 escolas em sua área de abrangência do PSE: EM Mariano Alves de Carvalho (625 alunos) de ensino fundamental e CMEI Amélia Bevilaqua (150 alunos) de ensino infantil. Objetiva-se relatar os resultados da implantação do “Curso de Primeiros Socorros para Comunidade Escolar” promovido pela equipe 06 da UBS Codipi efetivando o Programa de Saúde na Escola (PSE) na APS de Teresina.
É fundamental a qualificação dos profissionais da Educação para ofertarem primeiros socorros; e como a residência também é um local em potencial que acontece grande parte dos acidentes com crianças e adolescentes e ou situações de urgência, a Equipe decidiu incluir na ação além do Corpo Docente e Funcionários da Escola também os Pais dos alunos. Dessa forma criamos o Curso a ser ofertado no ambiente escolar em 3 sextas-feiras seguidas sem interferir na rotina escolar, ministrado pela Enfermeira da Equipe, que também trabalha na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para 2 turmas, uma no turno da manhã e outra à tarde, ambas com 30 alunos. A divisão das vagas foi equitativa, sendo 10 vagas para alunos do nono ano pois já estão na adolescência e tem o maior potencial de aprendizagem, 10 vagas para professores e funcionários da Escola e 10 vagas para pais de alunos. Sendo que qualquer grupo de vagas que não fosse preenchida seria remanejada para as outras categorias.
O curso foi divulgado na reunião de pais convocadas pela Direção da Escola no início do período letivo com o tempo hábil para que todos os interessados pudessem se inscrever. Os assuntos foram: Sinais Vitais, Afogamento, Bandagem, Choque elétrico, Coma diabético e hipoglicemia, Crise hipertensiva, Convulsões, Corpos estranhos / Asfixia, Desmaio, Hemorragia, Intoxicação / Envenenamento, Mordidas e picadas de animais, Queimaduras, AVC, PCR e SBV, Acidente automobilístico, Ferimentos, Trauma de ossos e articulações, Entorse, Fraturas, Luxação, Amputação e Curativos.
A Escola caracteriza-se como um dos locais em que podem acontecer diversos casos de urgências e emergências, pois a maioria dos alunos passa até 8h no ambiente escolar. Nesse contexto, a adesão da comunidade escolar ao curso foi muito boa pois todas as vagas foram preenchidas e houve uma frequência de mais de 70% dos alunos nas 3 aulas. Durante as aulas todos se mostraram interessados em aprender as técnicas ensinadas e como conduzir da melhor forma uma situação de urgência e emergência.
Durante as aulas foram relatadas situações individuais vivenciadas por eles, e a forma que foram conduzidas, também demonstraram interesse em saber como se portar em situações hipotéticas. Foi possível realizar momentos práticos de reanimação cardiopulmonar, enfaixamento, avaliação de risco e manobras de desengasgo, dentro das limitações encontradas. Os alunos receberam apostila com os slides utilizados e certificado do curso, bem como o link com todo o material didático utilizado para programação dos conteúdos.
Durante as aulas foram exibidos vídeos das principais técnicas de salvamento realizadas e roda de conversa com os participantes sobre a importância de se prevenir a ocorrência de acidentes e a necessidade de saber como se comportar nessas situações para ajudar o máximo possível as vítimas.
A educação e a saúde são práticas sociais que sempre estiveram articuladas ao longo da história. Apesar de poder-se evitar a maioria dos acidentes, quando eles ocorrem, o conhecimento básico em primeiros socorros evita complicações futuras por um atendimento tardio ou mal feito. O socorrista deve saber analisar e classificar a situação do acidente, solicitar a ajuda de forma razoável, centrada e sem desesperos, qualificando a intensidade do risco de morte em que a vítima se encontra; e estar ciente de suas responsabilidades.
Atingimos o objetivo do curso em fornecer formação e subsídios aos Educadores, Pais e adolescentes; orientando-os na tomada de condutas em casos da necessidade de atendimento de primeiros socorros no ambiente escolar ou residencial, pois nesse tipo de atendimento são fundamentais atitudes e ações que mantenham a vítima com vida e nas melhores condições possíveis até a chegada do suporte.
Dessa forma, a capacitação de educadores leigos em conhecimentos sobre primeiros socorros se torna muito importante a cada dia, pois ela pode auxiliar na redução dos altos índices de morbidade e mortalidade por acidentes e violência no país. E quando estão corretamente treinados terão maior capacidade de conduzir a situação.
UBS Santa Maria Da Codipi - R. Raimundo Dorotéia, S/N - Santa Maria, Teresina - PI, 64012-450, Brasil
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