A experiência do centro de testagem e aconselhamento/serviço de atenção especializada (CTA/SAE) Itinerante de Juara (MT) foi desenvolvida para ampliar o acesso à prevenção combinada das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e fortalecer a integração entre o sistema único de saúde (SUS) e a rede privada nos municípios do Vale do Arinos: Juara, Porto dos Gaúchos, Novo Horizonte do Norte e Tabaporã, que juntos somam cerca de 54 mil habitantes. A iniciativa surgiu diante de desafios como o estigma relacionado às ISTs, a baixa adesão à testagem rápida, o uso inadequado da profilaxia pós-exposição (PEP), o alto consumo da pílula do dia seguinte e o desconhecimento sobre os protocolos de PEP e profilaxia pré-exposição (PrEP), tanto por parte da população quanto de profissionais da rede privada.
Com o objetivo de aproximar os serviços de saúde das comunidades, reduzir barreiras geográficas e sociais e promover educação em saúde, o CTA Itinerante levou ações extramuros a drogarias, unidades básicas de saúde (UBS), laboratórios, escolas, fazendas, empresas privadas, prostíbulos, (centro de referência de assistência social (CRAS) e outros locais de vulnerabilidade, realizando testagem rápida para vírus da imunodeficiência humana (HIV), sífilis e hepatites B e C, orientações sobre prevenção combinada, distribuição de preservativos e encaminhamentos para tratamento oportuno. Também foram realizadas capacitações de profissionais da rede pública e privada sobre os protocolos de PEP e PrEP, ampliando a capacidade local de acolhimento e orientação aos usuários.
O público jovem foi especialmente contemplado, com palestras e atividades educativas sobre sexualidade, métodos contraceptivos e uso correto da pílula do dia seguinte, fortalecendo o protagonismo juvenil na prevenção. A equipe percorreu mais de 700 km entre ida e volta em algumas ações, garantindo atendimento em territórios rurais e de difícil acesso, como fazendas e armazéns de grãos, onde vivem e trabalham migrantes e caminhoneiros: grupos historicamente excluídos das campanhas de saúde.
A experiência consolidou-se como um modelo inovador de prevenção itinerante e intersetorial, que integra educação, diagnóstico, cuidado e articulação comunitária. Sua implementação demonstrou que, ao unir o SUS e a rede privada, é possível levar o cuidado onde o usuário está, reduzir vulnerabilidades e fortalecer os princípios de universalidade, integralidade e equidade do sistema público de saúde.
A experiência do CTA/SAE Itinerante de Juara-MT surgiu diante da baixa procura por testagem de ISTs, uso inadequado da PEP e falta de conhecimento sobre PrEP no Vale do Arinos. Identificou-se a necessidade de aperfeiçoar as ações de prevenção, tornando-as mais acessíveis e descentralizadas, especialmente para grupos vulneráveis como trabalhadores rurais, caminhoneiros, profissionais do sexo e jovens.
Com essa finalidade, foram realizadas ações itinerantes e extramuros em drogarias, escolas, empresas, fazendas, prostíbulos e espaços comunitários, com testagem rápida, orientação sobre PEP e PrEP e capacitação de profissionais. A iniciativa fortaleceu a integração entre SUS e rede privada e ampliou o acesso à prevenção combinada em territórios de difícil alcance.
Entre fevereiro de 2023 e junho de 2025, o CTA/SAE Itinerante de Juara (MT) realizou 1.986 testagens rápidas para HIV, sífilis e hepatites B e C, alcançando mais de 3 mil pessoas com ações educativas e de prevenção combinada. Foram identificados 5 casos de HIV, 13 de hepatite B, 3 de hepatite C e 35 de sífilis, todos com tratamento imediato. Também ocorreram 18 dispensações de PEP, 16 por relação sexual e 31 cadastros de PrEP, com 25 usuários em uso contínuo.
A prática destacou-se pela integração entre o CTA/SAE e a atenção básica, fortalecida pelo matriciamento, que promoveu apoio técnico e troca de saberes entre profissionais de UBS, drogarias, laboratórios e escolas, descentralizando o cuidado e levando testagem e prevenção a grupos historicamente afastados do SUS, como caminhoneiros, trabalhadores rurais, jovens e profissionais do sexo.
A inovação da experiência consistiu na parceria inédita entre o SUS e a rede privada, com ações em locais não convencionais: drogarias, empresas, fazendas, prostíbulos e secadores de grãos, aproximando os serviços de quem raramente acessam as UBS. Essa estratégia criou novos fluxos colaborativos de encaminhamento e acompanhamento, ampliando a adesão à PrEP e o uso oportuno da PEP.
Entre os benefícios e lições, destacam-se o aumento expressivo da testagem e do diagnóstico precoce, a redução do estigma relacionado às ISTs e o fortalecimento da educação em saúde como ferramenta de transformação territorial. A experiência mostrou que o matriciamento contínuo, o trabalho intersetorial e a escuta ativa das comunidades são essenciais para o sucesso e a sustentabilidade das ações. Como solução replicável, recomenda-se investir em parcerias locais, comunicação acessível e estratégias itinerantes, garantindo que a prevenção chegue a todos os públicos e consolidando o SUS como sistema equitativo, integral e inovador.
A experiência do CTA\SAE Itinerante de Juara (MT) demonstrou que levar informações, testagem rápida e orientação sobre PEP e PrEP diretamente aos territórios é uma estratégia eficaz para alcançar populações pouco assistidas, como caminhoneiros, trabalhadores rurais, jovens e profissionais do sexo. A integração entre o SUS e a rede privada foi o grande diferencial, permitindo que profissionais de drogarias e laboratórios se tornassem aliados na prevenção, ampliando encaminhamentos e fortalecendo o cuidado contínuo.
Os autores destacam como dica essencial a importância de construir parcerias locais sólidas com farmácias, escolas, empresas e meios de comunicação, pois a articulação comunitária amplia o alcance e gera confiança. Também orientam que as ações sejam adaptadas à realidade de cada território, levando o serviço até onde as pessoas estão, como fazendas, armazéns e prostíbulos, garantindo acesso e equidade. Outra recomendação é investir em capacitação prática e linguagem acessível, tanto para profissionais de saúde quanto para a população, tornando o diálogo sobre ISTs mais natural e acolhedor.
Além disso, aconselha-se combinar estratégias presenciais e digitais, como uso de rádios locais, redes sociais e materiais gráficos, para atingir diferentes públicos e manter a mensagem ativa e próxima da comunidade. Por fim, os autores reforçam que escutar as necessidades locais, respeitar o contexto sociocultural e valorizar o trabalho intersetorial são passos fundamentais para o sucesso e a sustentabilidade de práticas semelhantes. Essa experiência mostra que, com criatividade, empatia e cooperação, é possível fortalecer o SUS e ampliar o acesso à prevenção e ao cuidado integral em saúde.
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