- Atenção Primária à Saúde
Mateus Emanuel da Silva Santos
- 22 maio 2024
As mulheres cegas possuem muitas dúvidas sobre a temática do câncer de mama, pois não têm as mesmas oportunidades dos videntes e acabam por não desenvolver o autocuidado de forma correta. Esta realidade levou a Secretaria Municipal de Saúde de Campina Grande (PB), em parceria com a Liga Acadêmica de Enfermagem Materno-Infantil, a criar uma nova proposta de atenção a esse público no mês de outubro de 2018, mês este alusivo ao Outubro Rosa. A primeira medida foi criar uma cartilha em braille como ferramenta de inclusão social às informações, com orientações voltadas ao combate e prevenção do câncer de mama para mulheres com deficiência visual do Instituto dos Cegos do Município de Campina Grande (PB). Se contextualizarmos a vertente social em que essas mulheres estão inseridas, se enquadram em situação de desigualdade, e os profissionais acabam por não ter um resultado satisfatório na captação dessas mulheres, encontrando dificuldades em fomentar meios de promover o acesso à informação.
Construir uma cartilha em Braille com orientações de combate e prevenção do câncer de mama, proporcionando autocuidado entre as mulheres cegas do SUS. Apresentar minimamas que aproximem a percepção tátil das mulheres cegas com as alterações clínicas, Inicialmente a Coordenação de Saúde das Mulheres foi ao Instituto dos Cegos mobilizar a ação junto ao Coordenador e o público alvo. A posteriori, foram idealizadas quatro ferramentas de inclusão: elaboração de uma cartilha em Braille, uma cartilha escrita em verdana 18 para mulheres com baixa visão, um CD para mulheres que preferem ouvir e minimamas para reconhecimento tátil de alterações clínicas, para diagnóstico precoce do câncer de mama. em campo, foi realizado um momento de relaxamento com as mãos e, em seguida, uma roda de diálogo, onde cada participante fez adesão à ferramenta que mais se adequava à sua realidade visual.
Participaram do momento aproximadamente 15 mulheres e 6 homens cegos. Os resultados obtidos foram: participação ativa de todos os envolvidos com questionamentos, reflexões e discussão sobre ore(significado) das orientações de combate e prevenção do câncer de mama. Fatores bastante relevantes e inovadores na abordagem foram a apresentação e a percepção tátil das alterações clínicas nas minimamas. Os participantes, ao perceberem estas alterações, faziam indagações sobre cada alteração e o mais importante, falavam que nunca tinham participado de um momento em que eles se viam como protagonistas e não como meros recebedores de informações. Foi possível perceber que este tema é mais complexo do que se imagina. Constatou-se que a maioria dos participantes tinha um conhecimento restrito sobre as orientações de combate e prevenção do câncer de mama. Há que se ressaltar que o diálogo não termina, mas a ideia é criar novas cartilhas, garantindo a continuidade do cuidado, da inclusão social e a promoção e garantia da equidade.
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