A Organização Mundial da Saúde – OMS, em 2019, definiu a hesitação vacinal como uma das dez maiores ameaças mundiais à saúde pública. A vacinação é a principal ferramenta de prevenção primária de doenças e uma das medidas mais bem-sucedidas em saúde pública, com melhor custo-efetividade (ABBAS et al, 2006; WHO, 2021a). Além disso, a imunização evita incapacidades e cerca de 2 a 3 milhões de mortes, em todo o mundo, a cada ano (UE, 2020; PAHO, 2022; WATSON et al., 2022). A cobertura vacinal é o indicador que estima a proporção da população-alvo vacinada e supostamente protegida para determinadas doenças. É obtida através da equação entre o total de doses que completam o esquema vacinal e a estimativa da população-alvo, multiplicando-se por 100 (BRASIL, 2014). A OMS estima uma cobertura ideal de forma específica para cada agravo e seu imunizante (WHO, 2021a). No Brasil, a queda da cobertura vacinal teve início em 2012, acentuando-se a partir de 2016, e sendo agravada pela pandemia da COVID-19. O alerta da baixa cobertura vacinal vem acompanhado pela reintrodução de doenças imunopreveníveis, como o sarampo. O retorno de doenças até então eliminadas, como a poliomielite, pode agravar a crise sanitária ainda em curso. Mesmo sendo reconhecido como um dos mais efetivos programas de imunizações do mundo e dos esforços permanentes, o Programa Nacional de Imunizações enfrenta um cenário extremamente adverso no que tange às coberturas vacinais. O índice de Cobertura Vacinal no Município de Mirassol d´Oeste teve uma queda perceptível no período da pandemia da COVID-19, assim como em todo território brasileiro. Desde então temos buscado estratégias para garantir a progressão da cobertura vacinal no município. São Vários os fatores que contribuem para a dificuldade em atingir a cobertura vacinal estabelecida pelo Ministério da Saúde, que hoje é 95%, porém quando comparamos dados do Município a nível de Brasil observamos que estamos caminhando para bons resultados, que acreditamos conseguir melhorar os índices com as ações que estão sendo realizadas dentro do território. Este trabalho descreve como a Integralidade entre Educação e Atenção Primária à Saúde resultou no Aumento da Cobertura Vacinal no Município de Mirassol d´Oeste trabalhando na ponta do sistema, onde a Atenção Primária executa ações dentro do território escolar, a qual vem sendo implementada desde 2021 e agora já começa a apresentar resultados promissores, o que nos permite afirmar que é possível conseguir a reversão das baixas coberturas vacinais, a partir da articulação de ações estruturais e interinstitucionais, com o fortalecimento das políticas públicas e desenvolvimento de medidas de curto, médio e longo prazos. Além das ações, a articulação entre as equipes nos permite fazer um levantamento dos fatores que dificulta a adesão à vacinação.
A população brasileira tem acesso gratuito a todas as vacinas recomendadas pela OMS, incluindo imunizantes direcionados a crianças, adolescentes, adultos e idosos. Ao todo, são mais de 20 vacinas com recomendações e orientações específicas para crianças, adolescentes, adultos, gestantes, idosos e indígenas. Recentemente, o país incluiu em seu calendário a imunização contra a COVID-19. Os adolescentes estão entre os grupos prioritários para o Programa Nacional de Imunização (PNI), devido à alta suscetibilidade a algumas doenças preveníveis por meio da imunização e, principalmente, pela baixa cobertura vacinal apresentada por essa faixa etária. A queda das coberturas vacinais é global, levando a OMS em 2019, a definir a hesitação vacinal como uma das 10 maiores ameaças globais à saúde. No Brasil, o declínio da cobertura vacinal teve início em 2012, acentuando-se a partir de 2016, e sendo agravada pela pandemia de COVID-19 (Figura 2). De acordo com dados do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal da população vem despencando, chegando em 2021 com menos de 59% dos cidadãos imunizados. Em 2020, o índice era de 67% e, em 2019, de 73%. O patamar preconizado pelo Ministério da Saúde é de 95%. Dentro do Município foi realizada uma busca e análise das causas das baixas coberturas vacinais, com o intuito de buscar fortalecer o protagonismo local. Dessa forma, dentre os apontamentos, ressaltamos alguns fatores, dentre estes: 1 – Os Frascos de imunobiológicos serem multidoses, onde os profissionais de saúde precisam atuar estrategicamente no momento de abrir um frasco multidose, com o objetivo de alcançar a máxima utilização de doses e garantir a vacinação oportuna. Na tentativa de reduzir desperdícios, os profissionais podem estabelecer estratégias para limitar a abertura de frascos multidose. Por exemplo, aguardar um quantitativo de pessoas que necessita daquele imunobiológico que justifiquem a abertura de um frasco ou não abrir novos após determinado horário. Contudo, isso significa que podem perder oportunidades de vacinação. 2 – Dificuldade de Registro no Sistema, onde o vacinador relata uma sobrecarga em administrar o imunobiológico e inserir os dados no sistema sem ter um digitador para auxiliá-lo, além de que, quando os cadastros estão duplicados, ou com alguma inconsistência, esses dados de vacinação que foram lançados acabam se perdendo e não contabilizam para o Ministério da Saúde. Dessa forma, a vacina é administrada, porém como se registra essa vacina no Sistema de Informação, muitas vezes, por diversos viés, acaba se perdendo no meio do caminho, o que de fato, não gera um resultado totalmente fidedigno ao que se está ocorrendo. 3 – A falta de informações sobre as áreas descobertas por Agentes Comunitários de Saúde, visto que estes são o elo entre a UBS e a população, como forma de busca ativa aos faltosos à vacina e promoção de educação em saúde.
O índice de Cobertura Vacinal no Município de Mirassol d´Oeste teve uma queda perceptível no período da pandemia da COVID-19, assim como, em todo território brasileiro. Desde então, temos buscado estratégias para garantir a progressão da cobertura vacinal no município. No ano de 2021, de acordo com o SPNI a cobertura Vacinal na Região Oeste foi de 63,68% e as doses de cálculo desse período ficou em torno de 6.601. Diante do cenário, digamos catastrófico, o Município se mobilizou no sentido de desenvolver estratégias para garantir o aumento da cobertura vacinal e assegurar a prevenção primária como forma de promoção à saúde. Visando este objetivo, a Atenção Básica resolveu inovar e desenvolveu estratégias voltadas à busca ativa aos faltosos da vacinação. Como forma de estratégia, as Unidades Básicas de Saúde, desde então, realizam busca ativa aos faltosos de vacinas, com foco nas crianças em escolas e creches. O Município tem usado como obrigatoriedade para a realização da matrícula ou rematrícula uma declaração de que as vacinas estão em dia. Além disso, as Equipes das UBS realizam uma busca ativa trimestralmente nas escolas e creches, onde fazem a atualização desta caderneta de vacina e, através de uma autorização do responsável é realizada a administração dos imunobiológicos faltantes dentro da própria instituição e, quando não é possível essa administração, é enviado um comunicado ao responsável para comparecer até a UBS para regularizar a caderneta de vacina, sob pena de ser acionado Conselho Tutelar, quanto ao não comparecimento, no sentido de garantir o direito da criança e do adolescente, conforme o ECA.
Após análise e discussões dos resultados, conclui-se que, quando comparamos os dados da Cobertura Vacinal do Brasil e do Município de Mirassol d´Oeste em específico, conseguimos observar que, por mais que estamos abaixo da meta de 95%, ainda estamos com o Índice de cobertura Vacinal bem mais elevado a nível nacional. No ano de 2022, no Brasil a cobertura foi de 67,80%, conforme dados do DataSus. Em contrapartida, temos uma cobertura de 76,02% no município de Mirassol d´Oeste, que elevou o Índice de Cobertura Vacinal em 12,34%, concomitantemente, aumentou o número de doses aplicadas. Nesse sentido, observamos que as ações desenvolvidas no período de busca ativa nas escolas e creches contribuíram favoravelmente para o aumento do Índice da Cobertura Vacinal mesmo diante dos vários apontamentos encontrados para elevação deste índice. Por fim, percebemos que a ação teve um resultado positivo, porém ainda existem outras variáveis que precisam se adequar para contribuir com o aumento da cobertura vacinal, não tendo apenas o munícipio como responsável, mas o envolvimento dos demais entes federativos.
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO