A inserção dos dados no o Sistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN) é de responsabilidade da equipe de Vigilância Epidemiológica (VE) municipal, mas envolve diversos atores, desde o digitador até o Agente Comunitário de Saúde (ACS), especialmente no contexto amazônico, onde há localidades de difícil acesso e ausência de meios de comunicação, como a internet.
Nesse sentido, apresentamos a experiência do município de Barreirinha/AM, durante o ano de 2024, no que concerne aos caminhos utilizados para aperfeiçoar a coleta e o processamento de dados da VE municipal, com foco principalmente em ações participativas dos profissionais da atenção primária.
Barreirinha é um município localizado no interior do estado do Amazonas, banhado pelos rios Paraná do Ramos, Andirá e Massauarí. A população, segundo o último censo de 2022, é estimada em cerca de 31.065 habitantes, incluindo povos tradicionais indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Estima-se que cerca de 60% da população resida na zona rural.
Tem como objetivo descrever a experiência da Vigilância Epidemiológica de Barreirinha/AM sobre os caminhos utilizados para aperfeiçoar a coleta e o processamento de dados do SINAN, com foco principalmente em ações participativas dos profissionais da atenção primária no ano de 2024.
Na prática local, ao avaliar especificamente as ações de VE no que tange o SINAN, identificamos três principais problemáticas relacionadas à coleta e ao processamento de dados: 1) altos índices de fichas de notificação compulsória incompletas; 2) identificação de fichas com inconsistências; 3) represamento das fichas, resultando na inserção tardia no sistema de informação.
Durante 2023, foram registrados 48 casos de acidentes com animais peçonhentos no município. Desses, 83,3% (n=40) apresentaram campos incompletos e 66,6% (n=32) continham inconsistências, evidenciando falhas no processo de notificação. Para qualificar esse cenário, implementaram-se ações de educação permanente, com oficinas destinadas a enfermeiros e agentes comunitários de saúde, visando à melhoria no preenchimento e envio das notificações compulsórias. Como resultado, de março a dezembro de 2024, foram registrados 63 casos, um acréscimo de 15 notificações em relação a 2023, justificado pela ampliação do perfil de notificadores e pela inclusão de acidentes antes subnotificados, como os causados por arraias, lagartas e abelhas, principalmente em casos sem necessidade de internação. Em 2024, apenas 7,9% (n=5) das fichas apresentaram campos incompletos e 9,5% (n=6) inconsistências, demonstrando a efetividade das intervenções e a adesão das equipes de saúde. Além disso, observou-se maior agilidade na inserção dos dados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), reduzindo o represamento e otimizando a vigilância epidemiológica no território.
A experiência da Vigilância Epidemiológica de Barreirinha/AM em 2024 destacou o papel essencial da Atenção Primária à Saúde no aprimoramento da notificação de acidentes com animais peçonhentos. Com estratégias como capacitações, reuniões de alinhamento e o uso de ferramentas digitais, foi possível qualificar os dados e agilizar o fluxo de informações, promovendo uma resposta mais eficiente aos casos. O envolvimento direto das equipes fortaleceu a vigilância local, ampliou a integração entre os serviços e contribuiu para o planejamento de ações preventivas. A experiência reforça a importância da continuidade e expansão dessas práticas para fortalecer o sistema de saúde.
Departamento de Vigilância em Saúde de Barreirinha AM
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