Esse projeto nasce a partir de uma demanda crescente do nosso município, a saber, crianças diagnósticas ou sob processo de investigação diagnóstica do Transtorno do Espectro Autista, que demandavam intervenção em saúde através do SUS, visto que a realidade social de muitas dessas famílias era impeditivo para condução desse processo via rede privada. Percebeu-se então que a realidade do município era favorável a construção de uma proposta de intervenção, uma vez que, conta com uma equipe multiprofissional, atuante na Atenção Básica. A partir daí, a inquietação sobre o que fazer com a demanda crescente, deu lugar a um projeto de intervenção que foi se construindo gradualmente, a partir de uma série de discussões e organizações dos processos de trabalho.
O objetivo do projeto é a construção, na Atenção Básica, de um espaço de acolhimento e intervenção multiprofissional para crianças que estejam dentro do Espectro Autista, bem como o surgimento de um espaço onde seja possível a promoção de saúde mental para os pais ou cuidadores dessas crianças.O processo de trabalho se desenvolve da seguinte maneira: as crianças que recebem diagnóstico ou não (mas que precisam de intervenção por qualquer que seja a demanda), são encaminhadas para atendimento no NASF. Esses encaminhamentos são recebidos e discutidos pela equipe multiprofissional e então é marcado um primeiro contato com a família para uma escuta e posteriormente uma primeira avaliação com essa criança. A partir dessa avaliação é observado a necessidade de cada uma delas e então são encaminhadas para atendimentos especializados (psicólogo, fonoaudióloga, educadores físicos, fisioterapeutas, psiquiatra). Esses atendimentos ocorrem tanto individual, como algumas atividades em grupo. Os profissionais atendem de forma individual (a depender da necessidade) ou por atendimentos compartilhados (ex: fono e psicólogo atendendo juntos o mesmo paciente). Paralelo a isso, é formado um grupo com os pais e cuidadores, cujo intuito é criar um espaço de troca de informações, esclarecimento de dúvidas sobre diagnósticos, medicações, dificuldades e desafios nos cuidados dos filhos. O grupo se reúne a cada 15 dias e é sempre conduzido por um ou dois profissionais. Também é feita articulações com as demais secretarias, como assistência social e educação, para haver ações efetivas que possam garantir que a saúde dos pacientes também englobe sua dimensão social e educacional.
Experiências como esse projeto, são de extrema relevância, sobretudo quando pensamos nas mais plurais realidades do Brasil. Algumas cidades possuem através dos CAPSs todo um suporte de equipe, estrutura e dispositivos para acolher e trabalhar com essa demanda. Entretanto, existem realidades que não dispõe de todo esse aparato, mas que essas demandas estão lá, suscitando cuidados e intervenção dentro do SUS. Projetos como esses apontam a importância de repensarmos as estratégias saúde da família e entender que dentro de nossas unidades, surgem demandas que nos fazem repensar nossa atuação e nossos processos de trabalho. Fortalecer o SUS tem sido nossa prioridade, mas também ousar pensá-lo dentro de outras possibilidades, que demonstrem não só sua importância, como também sua capacidade de intervenção frente aos novos desafios contemporâneos da saúde.
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