Nos grupos de discussão, a partir da disponibilização dos resultados de pesquisas em gráficos, tabelas, falas e/ou figuras, solicitávamos que escolhessem um ou dois para comentar, a partir da sua vivência. Promovia-se assim debate sobre as relações saúde-trabalho na enfermagem, produzindo uma coanálise, ou mesmo novos resultados, a partir do saber acadêmico e do saber oriundo da experiência dos trabalhadores. No debate percebemos os principais problemas vivenciados pelo grupo quanto ao adoecimento relacionado ao trabalho (o próprio adoecimento, especialmente psíquico desrespeito e desvalorização da enfermagem excesso de tarefas e falta de recursos humanos e materiais). Também emergiam sugestões de ações para mudanças nas situações desfavoráveis às relações trabalho-saúde. Cada grupo elaborou um cartaz com os principais problemas e ações debatidos, no nível local, municipal e amplo. Pesquisas anteriores demonstraram que, para implementação dessas ações, era necessária a inclusão de novos atores, em especial os gestores. Houve então um Grupo de Discussão com os gestores de enfermagem e geral de cada hospital, com foco no binômio problema-solução a nível local, revelando problemas e soluções discutidos nos grupos com os trabalhadores. A partir dos materiais produzidos nesses Grupos, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro (SMSDC-Rio), foi realizado o 1º Encontro de Saúde do Trabalhador de Enfermagem dos Hospitais de Urgência e Emergência da SMSDC-Rio, que reuniu pesquisadores, trabalhadores de enfermagem, gestores dos hospitais e da SMSDC-Rio. Seu principal objetivo foi a construção coletiva de uma proposta de enfrentamento de problema identificado como relevante e passível de solução, factível, em cada hospital. Para tanto, os diferentes atores participantes do Encontro reuniram-se em grupos, um de cada hospital. Os principais problemas foram a falta de atenção à saúde dos trabalhadores nas próprias unidades, tendo como possível solução ações de promoção de saúde (consultas de enfermagem, criação de espaço terapêutico e de núcleos de saúde do trabalhador nas unidades). Após dez meses, realizou-se o 2º Encontro, para acompanhar os encaminhamentos das propostas. Nos quatro hospitais efetivaram-se algumas ações previstas (consulta nutricional, adequação de espaços para descanso, consulta de enfermagem, diálogo com os trabalhadores), e em todos permanece a vontade de implementação de núcleos de saúde do trabalhador. Frente a esses resultados, a SMSDC-Rio se comprometeu a elaborar uma política institucional mais efetiva, reunindo as boas propostas de cada hospital. Avaliamos que as experiências dos grupos de discussão e dos encontros foram potentes para a construção coletiva de propostas de ação em saúde do trabalhador e para a ampliação do poder de agir dos trabalhadores nesse sentido. Mais que isso, se mostraram experiências relevantes no que se refere à potência da participação dos trabalhadores e da interlocução entre eles e os gerentes, principalmente, para que se busque e efetive ações de saúde do trabalhador.
Uma experiência de construção coletiva de saúde do trabalhador de enfermagem em hospitais municipais do RJ. Desenvolvemos uma pesquisa-intervenção que buscou, a partir da devolução de resultados de pesquisa, discutir as relações trabalho-saúde, com vistas à ampliação do poder de agir dos trabalhadores em prol de melhores condições de trabalho e saúde. Realizamos grupos de discussão dos resultados e encontros de saúde do trabalhador de enfermagem dos hospitais municipais do RJ.
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