No decorrer de 2014, fortalecemos os vínculos com o ele e verificamos que era poli queixoso e sem vínculos familiares. Como estratégia de adesão ao tratamento psiquiátrico, utilizamos o desejo de conseguir o laudo médico. Em abril de 2014 marcamos a consulta psiquiátrica. Pactuamos o comprometimento do tratamento, em contrapartida, receberia o laudo. Crendo que essa motivação seria decisiva na adesão ao tratamento, o que ocorreu. Essa estratégia foi discutida e avaliada pela equipe multiprofissional tendo em vista o perfil dele. A equipes de Consultório na Rua (eCR) acompanhava-o nas consultas, em função da falta de familiares e sua vulnerabilidade, pois ele tinha vínculo e confiança na equipe e, aprendemos que o vínculo fortalecia e favorecia o desenvolvimento do trabalho. Isso auxiliou o diagnóstico, uma vez que a equipe pode contribuir com informações e fortalecer a rede. Notou-se que o tratamento alcançou êxito. Diante disso o médico pode fazer o relatório com diagnóstico para o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Iniciamos a elaboração de um projeto de vida no qual trabalhamos como seria a sua vida após o inicio do recebimento do benefício, em relação: a moradia, o mobiliário, o desligamento da unidade, o cuidado da alimentação, cuidados pessoais e orientação quanto à organização financeira para não ser ludibriado por terceiros. Após, muitas idas e vindas, a perícia do INSS deferiu o seu pedido de BPC em agosto de 2015. Ele foi desligado da unidade e optou ir morar com conhecidos no estado de GO, o que nos preocupou. Contudo, vinha ao serviço para as consultas com o psiquiatra e retirar as medicações. Em outubro de 2015 apareceu abatido, com baixo peso, e deprimido. Suspeitamos de maus tratos, e em reunião de equipe, resolvemos investigar a fim de empoderá-lo. Em abril de 2016 ele chegou ao serviço assustado, dizendo que não voltaria para o GO. Após o acolhimento, tentamos abrigo nas unidades disponíveis, mas sem sucesso. Diante do relato que tinha um sobrinho no RS, fizemos contato com a rádio da região e, ao vivo, fizemos um apelo, no intuito de localizar algum parente. Após 03 dias, Conseguimos abrigo e na semana seguinte, localizamos a família em São Leopoldo (RS). Em seguida, o auxiliamos na compra de roupas, passagens e o acompanhamos na última consulta ao psiquiatra para o encaminhamento do tratamento no RS. No dia 27/04/16, após 25 anos em situação de rua ele voltou para os braços da família. A eCR é uma equipe da atenção básica que atende pessoas em situação de rua, lidando com diferentes problemas e necessidades de saúde e buscam desenvolver ações compartilhadas e integradas com outros serviços da rede de saúde. Segundo a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), caracteriza-se como atenção básica diversas ações de promoção e proteção à saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e a manutenção à saúde, a fim de desenvolver a integralidade do cuidado ao indivíduo e sua autonomia. Portanto, o papel do eCR é ampliar o acesso destes usuários à rede de atenção e ofertar de maneira oportuna e humanizada.
O paciente ACM foi atendido pela equipe do Consultório na Rua (eCR) de Taguatinga (DF) em 08/13, acolhido, queixou-se de cefaleia, relatou trabalho no campo e alcoolismo durante anos, e internações em hospitais psiquiátricos. Não realizava acompanhamento psiquiátrico e tinha o discurso bastante desconexo. Desde o primeiro contato com a eCR tinha como principal demanda o laudo médico para Benefício de Prestação Continuada (BPC).
Taguatinga, Brasília - DF, Brasil
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO