- Atenção Primária à Saúde
Mateus Emanuel da Silva Santos
- 22 maio 2024
Inicialmente, para uma melhor organização, elaborou-se um cronograma de corresponsáveis pela horta, onde diariamente existe um encarregado por cuidar da mesma. Dentre algumas de suas funções estão: confeccionar canteiros, adubar, regar, realizar o plantio e a colheita. As mudas para plantio são trazidas pelos próprios usuários e funcionários do serviço e o grupo se reúne semanalmente nas terças-feiras no período matutino para discussão do andamento da horta e novos combinados para as próximas semanas. Ressalta-se que os principais protagonistas da atividade são os frequentadores do Capsad), o grupo é formado de maneira heterogênea, atualmente composto por um número de 8 a 10 pessoas, acompanhadas por uma equipe de 3 terapeutas. Através desta estratégia de intervenção, analisou-se como resultado principal o estimulo ao trabalho em grupo e cooperação mútua, a troca de informações, bem como a descoberta de muitos pacientes de sentirem-se capazes de ensinar, de compartilhar saberes e de respeitar o saber do outro, desenvolvendo desta forma o senso crítico e a valorização da diversidade, bem como a criatividade diante de novas concepções. Outro aspecto importante observado foi a autonomia dos participantes em se dividirem nas funções diante da aptidão de cada um, onde um entende de virar a terra, outro entende de plantar, de cultivar e colher, mostrando-se mais seguros em realizar as atividades que mais possuem afinidade. Tem-se ainda como objetivos e perspectivas futuras, trabalhar com assertividade o processo de reinserção social, o qual pode ser viabilizado através da vivência em grupo, possibilitando o estimulo de habilidades sociais, integração, a possibilidade de sentir-se dono de um saber, porém conseguir transmitir esse conhecimento, assim como estar aberto a novos aprendizados. O monitoramento é realizado através do projeto terapêutico singular, correlacionando à prática da horticultura na diminuição da ansiedade, aumento da autoestima e melhora na qualidade de vida.
Implementação da horticultura como um novo recurso de oficina terapêutica destinado a reabilitação psicossocial dos usuários do serviço do Capsad (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas) de Ponta Grossa. É possível compreender através de Arruda (1962) que a atividade em horta para fins terapêuticos favorece diversas competências aos participantes, dentre elas a de se expressar, a espontaneidade e o autoconhecimento, onde é possível distinguir potencialidades de limitações. A horticultura também pode auxiliar no desenvolvimento de algumas concepções que se apresentam fragilizadas quando o paciente chega ao serviço, possibilitando o desenvolvimento dos aspectos físico, emocional e social, assim como proporcionando o desenvolvimento da autonomia nas atividades propostas. Pagassini et al. (2015), afirmam também que a horta como oficina terapêutica pode ser considerada como um significativo recurso para tratamento em saúde mental, visto que estimula a capacidade de autoria da própria produção, ao mesmo tempo que incita habilidades sociais, integração entre os pacientes e a troca de informações e saberes.
É possível concluir, que a horta permite que a pessoa tenha um contato direto com a terra e o prazer de se sentir útil a si mesmo e às pessoas de seu convívio (Maruyama, 2005). O envolvimento com a horticultura aproxima o sujeito do ambiente natural resgata o conhecimento popular, contribui no processo de construção crítica do saber e, como observado, pode estimular e aguçar a imaginação, trazendo benefícios psicológicos, físicos e sociais. Além disso, é concebível correlacionar, sem estudos aprofundados, a prática de horticultura na diminuição da ansiedade e aumento da autoestima, da mesma maneira que caracterizá-la como um espaço de relaxamento, onde o participante mostra-se ativo na melhoria da sua qualidade de vida.
Ponta Grossa, PR, Brasil
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