A experiência da terapia comunitária integrativa com a população em situação de rua

Apresentação
A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) nasceu em 1987 no município de Fortaleza – CE e foi criada pelo Prof. Dr. Adalberto Barreto, docente do Curso de Medicina Social da Universidade Federal do Ceará, com a intenção de solucionar, as necessidades de saúde daquela comunidade .Há mais de três décadas de sua elaboração, a TCI tem se consolidado como uma tecnologia leve de cuidado em saúde mental que focaliza de forma inovadora na reorganização das redes de atenção à saúde. Isso se dá por intermédio de ações baseadas na prevenção e na cura, as quais integram elementos culturais e sociais em prol do desenvolvimento biopsicossocial dos indivíduos e comunidades. Conceitualmente, a TCI é considerada uma ferramenta de construção de redes sociais solidárias, nas quais todos se tornam corresponsáveis na busca de soluções e superação dos desafios do cotidiano, num ambiente acolhedor e caloroso. A TCI se expandiu no Brasil e em outros países, pelos benefícios que apresenta quando adequadamente aplicada. No contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), desde 2017, a TCI é considerada e reconhecida como uma Prática Integrativa e Complementar (PICs). A inserção das PICs nos serviços de saúde melhora o atendimento à população, além de possibilitar a promoção da saúde e a prevenção de doenças e agravos.

Objetivo
Em 2022, diante das demandas por cuidados de saúde mental no município de Petrópolis após a pandemia e os desastres causados pelas chuvas e enchentes, a Secretaria de Saúde capacitou profissionais que atuam na Atenção Primária a Saúde, visando a formação de Terapeutas Comunitários para a realização de rodas em diferentes espaços e territórios. Assim, ainda durante a formação, iniciou-se a realização de rodas no Núcleo de Integração Social (NIS) com a população em situação de rua. Isto porque a TCI trata de cuidar da saúde comunitária em espaços públicos, procurando acolher o sofrimento pessoal e social, tanto no plano individual quanto através do fomento às redes de apoio, convivência e solidariedade. A TCI tem como proposta valorizar a prevenção ao adoecimento e partilha de sentimentos e inquietações, sobretudo estimulando o grupo a ressignificar o presente e futuro a partir de seus próprios recursos, além de criar espaços de fala e escuta para os moradores do NIS.

Metodologia
As rodas de Terapia Comunitária Integrativa, com periodicidade quinzenal, foram conduzidas por três terapeutas em formação, conforme sistematização de uma técnica que compreende, de acordo com o seu criador, de cinco etapas, a saber: acolhimento, escolha do tema, contextualização, problematização e encerramento. Os terapeutas se dividem no desenvolvimento da roda, ficando, cada um, com uma etapa. O primeiro, com o acolhimento, onde se explica o que é a roda de TCI, e suas regras. O segundo terapeuta, fica com o desenvolvimento, que incluem a escolha do tema, a contextualização e a problematização, etapa essa, onde as inquietações são trabalhadas e desenvolvidas na roda. Por fim, o terceiro terapeuta, se encarrega do encerramento da roda. A partir do início da realização das rodas no NIS, pudemos observar a criação de vínculos, partilha de sentimentos e busca de recursos entre os participantes para reduzir o sofrimento que as inquietações trazidas ocasionavam. Dentre essas inquietações, podemos citar as com maior frequência: angústia, medo, saudade, mágoa, tristeza, solidão, desânimo, desprezo e rejeição. Os principais recursos trazidos para superar as inquietações foram à fé em Deus, possibilidade de trabalhar, a necessidade de se distrair, o encontro com outras pessoas, criação de uma rede de apoio e as próprias rodas de TCI.

Resultado
Dentre os resultados percebidos, pudemos constatar a partir do relato dos próprios moradores em situação de rua do NIS, que o espaço da roda de TCI é bastante valorizado pelos participantes, como oportunidade de serem ouvidos e terem suas dores e sofrimentos minorados, seguindo a máxima da TCI que “quando a boca cala, o corpo fala e quando a boca fala, o corpo sara”. Sua satisfação corrobora com Barreto no tocante às três grandes categorias de benefícios encontradas na avaliação de depoimentos sobre os benefícios e aprendizados obtidos por participantes nas Rodas de TCI,: “criação de vínculos”, “partilha e acolhimento” e “ampliação da consciência pessoal e social”, condições fundamentais para o reconhecimento de seus recursos, enquanto protagonistas da própria existência.

Oportunidade de desenvolver roda de terapia comunitária integrativa, com população em situação de rua de um abrigo de Petrópolis, fornecendo escuta ativa e espaço de conversa sobre inquietações trazidas na roda e possíveis usos de recursos. para enfrentamento.

Considerando o caráter voluntário em que as pessoas em situação de rua participavam das rodas de TCI, o vínculo do grupo formado e a proposta de um espaço criado que objetiva as pessoas a externarem seus sofrimentos e inquietudes, com possibilidades de compartilharem dos mesmos nas rodas, utilizando dos recursos trazidos pelos seus integrantes, chegamos a conclusão que as rodas de TCI desenvolvidas no NIS é uma ótima ferramenta de cuidado, pois possibilita a fala e a escuta, a troca de experiências e a valorização do indivíduo, sendo uma prática de saúde transformadora e inovadora.

Considerando que a Terapia Comunitária Integrativa é uma Prática Integrativa e Complementar do SUS, devidamente reconhecida, importante que a gestão dos municípios sejam capacitados, para atuarem como terapeutas, colaborando para minimizar o sofrimento ou as inquietações de indivíduos e coletivos, principalmente os em situação de maior vulnerabilidade.

Principal

André Luís Borges Pombo

and_pombo@hotmail.com

Dentista SMS Petrópolis RJ

Coautores

André Luís Borges Pombo Claudia Botelho de Oliveira Ângelo Lúcio de Oliveira Carvalho Julyana da Rocha Santos de Almeida Fernanda Cintra Orlikowski

A prática foi aplicada em

Petrópolis

Rio de Janeiro

Sudeste

Esta prática está vinculada a

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

André Luís Borges Pombo

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01 abr 2024

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01 abr 2024

ATUALIZAÇÃO

14 out 2022

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