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TRAINING EXPERIENCE BETWEEN BRAZIL AND PORTUGAL: AURICULOTHERAPY FOR NURSES
Daiana Cristina Wickert
enfermeiradaianawickert@gmail.com
Brasil
EXPERIÊNCIA DE TREINAMENTO ENTRE BRASIL E PORTUGAL: AURICULOTERAPIA PARA ENFERMEIROS
Descrição

Este é um relato descritivo sobre um curso de treinamento em auriculoterapia para enfermeiros portugueses. Esse tipo de estudo descreve uma experiência inovadora envolvendo uma formação amplamente difundida no contexto da enfermagem brasileira, mas ainda rara em Portugal. O foco da experiência é a pesquisa, visto que o treinamento faz parte de um projeto de tese que visa desenvolver diretrizes para a formação em auriculoterapia, com base nos referenciais da OMS. Ressalta-se que não existem diretrizes com recomendações para a redação de relatos de experiência; no entanto, optou-se por seguir os pressupostos para a elaboração de relatos de experiência como conhecimento científico, propostos por Mussi, Flores e Almeida. A experiência ocorreu na Ordem dos Enfermeiros (OE) em Coimbra, Portugal, em janeiro e fevereiro de 2025, durante mobilidade acadêmica na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC). A descrição informativa e dialógica foi o tipo de análise utilizado, considerando que se tratava de uma formação inédita vinculada a uma etapa de pesquisa.

Problemas abordados

O principal documento que orienta a formação em acupuntura é o WHO Benchmarks for the Training of Acupuncture, desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com a colaboração de mais de 50 especialistas globais. Esse documento define categorias de treinamento, níveis de complexidade de conteúdo e uma grade curricular que integra os fundamentos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) às disciplinas básicas da saúde. Destaca-se o reconhecimento do caráter multidisciplinar da acupuntura, evidenciado pela diferenciação curricular proposta para profissionais biomédicos, praticantes de medicina tradicional e indivíduos sem formação biomédica. A auriculoterapia, uma prática no âmbito da acupuntura, pode ser aprendida de forma independente por meio de cursos livres, reforçando seu caráter multidisciplinar. A enfermagem, cuja prática é centrada no cuidado, pode se beneficiar da auriculoterapia como ferramenta que promove autonomia profissional. No Brasil, a Resolução COFEN nº 739/2024 reconhece a auriculoterapia como formação via cursos livres, recomendando carga mínima de 80 horas, ao mesmo tempo que define a acupuntura como especialização com pelo menos 360 horas de formação. A auriculoterapia é realizada de forma significativa por enfermeiros. Portugal não desenvolve formações para enfermeiros em auriculoterapia, mas existe interesse nesse tipo de capacitação, considerando a tendência a um modelo de cuidado mais complexo. Assim, a experiência de desenvolver um treinamento em auriculoterapia para enfermeiros atuantes em Portugal foi fundamental para fomentar discussões ainda incipientes no país.

Resultados (opcional)

O projeto recebeu apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS), pelo edital nº 04/2024, termo de outorga nº 24/2551-0001824-7, viabilizando a realização do programa de treinamento proposto. Trata-se de um treinamento coletivo desenvolvido com enfermeiros atuantes em Portugal sem formação prévia em auriculoterapia, sendo este o critério de inclusão. A turma foi composta por 19 enfermeiros, convidados intencionalmente por uma professora da ESEnfC para participar da formação. Considerando os objetivos de aprendizagem, o curso foi dividido em seis módulos (cinco teóricos e um prático). Os materiais didáticos utilizados foram adaptados do curso de extensão promovido pelo Programa de Extensão #SUStentaPICS (Escola de Enfermagem e Saúde Coletiva – UFRGS); Secretaria Estadual de Saúde do RS (Área Técnica de PICS), intitulado “Qualificação profissional em PICS: auriculoterapia”. O curso foi adaptado seguindo as diretrizes propostas para a formação de enfermeiros em auriculoterapia/auriculopuntura.

O curso contou com uma etapa teórica online, via Moodle da UFRGS, e uma etapa prática presencial na OE em Coimbra, Portugal. O curso foi ministrado por duas enfermeiras com formação em cursos livres de auriculoterapia. Os materiais para a aula prática foram doados e entregues aos 19 enfermeiros participantes do curso. Na etapa prática, foi utilizado o espaço do auditório da OE. Mesas e cadeiras foram dispostas em círculo para estimular o diálogo constante entre os enfermeiros. Foram organizados quatro dias de aulas práticas, de acordo com o período da mobilidade acadêmica: 30 de janeiro, 13, 20 e 27 de fevereiro, das 13h às 18h, totalizando 20 horas de prática. Devido à disponibilidade dos serviços de saúde, nem todos os enfermeiros estiveram presentes em todos os dias de prática, sendo exigido um mínimo de 5 horas para certificação. Assim, com os enfermeiros que participaram em 13 e 20 de fevereiro (10 horas de prática), o treinamento baseou-se em biomedicina, reflexologia e MTC. Para o grupo que participou apenas em 27 de fevereiro (5 horas de prática), a abordagem foi centrada em biomedicina e reflexologia.

Como estratégia didática para localização dos pontos auriculares, foram utilizados um modelo de silicone de orelha e alfinetes, com localização na orelha do colega e por meio de desenho de orelha e mapa auricular. Em seguida, foi apresentado um caso clínico para simular o tratamento com auriculoterapia, no qual os participantes deveriam localizar os pontos de acordo com a escola e a vertente estudada e aplicar as sementes em seus colegas. O grupo de WhatsApp foi mantido, e discussões de casos, dúvidas e feedbacks ocorreram com frequência. Entre os 19 estudantes que concluíram a formação, 13 relataram aplicar a auriculoterapia em amigos, familiares e/ou pacientes. O número de enfermeiros utilizando auriculoterapia pode ser entendido como um aspecto positivo da capacitação. Esperam-se como resultados a segurança do paciente, a adoção de práticas baseadas em evidências e a efetividade no cuidado de enfermagem a partir da melhoria na formação profissional.

Recomendações ou Desafios

A experiência impactou a difusão da auriculoterapia em Portugal, fomentando, assim, novas turmas e novos horizontes quanto ao seu uso como intervenção no cuidado de enfermagem.

Palavras-chave
TRAINING EXPERIENCE BETWEEN BRAZIL AND PORTUGAL: AURICULOTHERAPY FOR NURSES
Description

This is a descriptive report on an auriculotherapy training course for Portuguese nurses. This type of study describes an innovative experience involving training that is widespread in the context of Brazilian nursing but still rare in Portugal. The focus of the experience is research, given that the training is part of a thesis project that aims to develop guidelines for training in auriculotherapy, based on WHO benchmarks. It should be noted that there are no guidelines with recommendations for writing experience reports; however, we chose to follow the assumptions for the preparation of experience reports as scientific knowledge proposed by Mussi, Flores, and Almeida. The experience took place at the Order of Nurses (OE) in Coimbra, Portugal, in January and February 2025, during academic mobility at the Coimbra Higher School of Nursing (ESEnfC). Informative and dialogical description was the type of analysis used, considering that this was an unprecedented training linked to a research stage.

Problems Addressed

The main document guiding acupuncture training is the WHO Benchmarks for the Training of Acupuncture, developed by the World Health Organization (WHO) with the collaboration of more than 50 global experts. This document defines training categories, content complexity levels, and a curriculum that integrates the fundamentals of Traditional Chinese Medicine (TCM) with basic health disciplines. Of particular note is the recognition of the multidisciplinary nature of acupuncture, evidenced by the proposed curricular differentiation for biomedical professionals, practitioners of traditional medicine, and individuals without biomedical training. Auriculotherapy, a practice within the scope of acupuncture, can be learned independently through open courses, reinforcing its multidisciplinary nature. Nursing, whose practice is centered on care, can benefit from auriculotherapy as a tool that promotes professional autonomy. In Brazil, COFEN Resolution No. 739/2024 recognizes auriculotherapy as training via free courses, recommending a minimum of 80 hours, while defining acupuncture as a specialization with at least 360 hours of training. Auriculotherapy is performed by nurses in a significant way. Portugal does not develop training for nurses in auriculotherapy, but there is interest in this type of training, considering the trend toward a more complex care model. Thus, the experience of developing training in auriculotherapy for nurses working in Portugal was fundamental in fostering discussions that are still incipient in the country.

Results (optional)

The project received financial support from the Rio Grande do Sul State Research Support Foundation (FAPERGS) under grant number 04/2024, grant agreement number 24/2551-0001824-7, enabling the proposed training program to go ahead. This is a collective training program developed with nurses working in Portugal who have no previous training in auriculotherapy, these being the inclusion criteria. The class was composed of 19 nurses, intentionally invited by a professor from ESEnfC to participate in the training. Considering the learning objectives, the course was divided into six modules (five theoretical and one practical). The teaching materials used were adapted from the extension course promoted by the Extension Program #SUStentaPICS (School of Nursing and Collective Health - UFRGS); State Department of Health of RS (Technical Area of PICS) entitled “Professional qualification in PICS: auriculotherapy.” The course was adapted following the proposed guidelines for training nurses in auriculotherapy/auricular acupuncture. The course had an online theoretical stage, via UFRGS Moodle, and a practical stage in person at the OE in Coimbra, Portugal. The course was taught by two nurses with training in free auriculotherapy courses. The materials for the practical class were donated and delivered to the 19 nurses participating in the course. In the practical stage, the OE auditorium space was used. The tables and chairs were arranged in a circle to encourage constant dialogue among the nurses. Four days of practical classes were organized, according to the academic mobility period, on January 30, February 13, 20, and 27, from 1:00 p.m. to 6:00 p.m., totaling 20 hours of practice. Due to health service availability, not all nurses were present on all days of practical classes, with a minimum of 5 hours required for certification. Thus, with the nurses who participated on February 13 and 20 (10 hours of practice), the training was based on biomedicine, reflexology, and TCM. For the group that participated only on February 27 (5 hours of practice), the approach focused on biomedicine and reflexology. As a teaching strategy for locating auricular points, a silicone ear model and pins were used, with location on the colleague's ear and through the use of an ear drawing and auricular map. Afterwards, a clinical case was presented to simulate auriculotherapy treatment, in which they had to locate the auricular points according to the school and branch studied and apply the points using seeds on their colleagues. The WhatsApp group was maintained, and discussions of cases, questions, and feedback frequently occur. Among the 19 students who completed the training, 13 reported applying auriculotherapy to friends, family members, and/or patients. The number of nurses using auriculotherapy can be understood as a positive aspect of the training. Patient safety, the adoption of evidence-based practices, and effectiveness in nursing care are expected results with improved professional training.

Recomendations or Challenges

The experience has had an impact on the spread of auriculotherapy in Portugal, thus fostering new classes and new horizons with regard to its use as an intervention in nursing care.

Keywords
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