A Terapia Comunitária Integrativa (TCI) é uma intervenção terapêutica participativa e comunitária de cuidado, desenhada para fomentar resiliência coletiva e bem-estar emocional em diferentes contextos. Expandir a TCI para a Europa apresenta desafios e oportunidades únicos, particularmente em países com variados contextos culturais, estruturas de saúde e necessidades de saúde mental. A TCI tem se expressado em muitos contextos além das necessidades materiais, alcançando também preocupações emocionais ligadas a como viver em uma diversidade ampliada, com tanta austeridade e autonomia, mas sem perder a conexão, o respeito e a boa ambiência.
A porta de entrada da TCI na Europa foi através dos francófonos, em alguns workshops e conferências do professor Adalberto Barreto e outros protagonistas como Jean Pierre Boyer, Nicole Hugon, Christine Hertig, Christiane Feneon na França e na Suíça, que visualizaram nos anos 90 uma metodologia brasileira de cuidado mútuo baseado no acolhimento.
Hoje, em Paris, em dois bairros, na Mairie dos arrondissements 15ème e 19ème, aos sábados de manhã existe uma sala aberta onde qualquer pessoa que queira cuidar de sua saúde mental é bem-vinda, mas a maioria dos que chegam são migrantes de diferentes origens. Nesse espaço seguro, encontraram uma boa ambiência que os acolheu como pessoas, com braços calorosos, gentis e a liberdade de compartilhar suas histórias e sentimentos.
Já em Bruxelas, desde 2014, muitas associações abriram suas portas para os facilitadores e instrutores da TCI oferecerem e promoverem rodas de cuidado solidário. Essa cidade é conhecida por sua própria pluralidade e divergências, mas em momentos críticos a TCI se mostrou uma ferramenta complementar para lidar com preocupações emocionais e sociais de famílias, amigos e vizinhanças. Falando dos que estão próximos, os Países Baixos também se aproximaram da Bélgica em 2019, assim como outros polos que integram essa rede de TCI como a TCI Rhône Alpes-FR, MISC Portugal e MISMEC 4 Varas-BR; esses diferentes lugares colaboram para difundir a metodologia e formar grupos de pessoas capazes de iniciar rodas de TCI em suas comunidades.
Em Portugal, a Divisão de Juventude da Câmara Municipal de Cascais desenvolveu um projeto de saúde voltado para pessoas de 12 a 30 anos. Os participantes têm acesso a consultas de Psicologia Clínica e Nutrição, bem como às rodas de TCI. Essas rodas acontecem uma vez por semana e contam em média com cinco participantes, em sua maioria jovens mulheres. As preocupações comuns relatadas incluem ansiedade em provas e exames, dificuldades de socialização, resistência à autoridade parental, frustrações relacionadas à luta contra a anorexia e dependência de celulares. As participantes identificaram várias estratégias de enfrentamento que consideraram úteis, como praticar a aceitação, desenvolver habilidades de negociação, valorizar os pais como fonte de conforto e segurança, confiar na intuição ao tomar decisões, reinterpretar problemas e deixá-los passar, observar as estrelas e participar das atividades de TCI.
Mais tarde, na Bélgica, Itália, Ucrânia etc., essa abordagem integrativa sistêmica reúne pessoas em círculo por um período de 60 a 90 minutos para compartilhar a vida com respeito, falando em primeira pessoa (“eu”), relatando suas próprias histórias de vida com alegrias e dores, explorando a escuta ativa sem julgamentos ou conselhos, mas expressando-se por meio de poemas, músicas, sorrisos, abraços e lágrimas. É um espaço aberto para aprender com as próprias dificuldades e até compartilhar estratégias de enfrentamento.
Na Inglaterra, busca-se abrir espaço para acolher a TCI por meio de sua implementação tanto em ambientes acadêmicos com estudantes de Psicologia Clínica quanto na comunidade, com cuidadores de sobreviventes de lesão cerebral. Com os estudantes de Psicologia Clínica, as sessões de TCI são integradas ao currículo, visando ampliar a compreensão sobre saúde mental comunitária, a capacidade de facilitar sessões de grupo e o engajamento com populações diversas. Esse ambiente fornece um espaço para aprender e refletir sobre o processo terapêutico ao mesmo tempo em que aprimora habilidades clínicas. Na comunidade, a TCI é aplicada com cuidadores de sobreviventes de lesão cerebral, abordando os desafios psicossociais enfrentados por esses cuidadores no apoio a seus entes queridos. A abordagem comunitária fomenta apoio mútuo, expressão emocional e construção de resiliência entre cuidadores, que frequentemente vivenciam altos níveis de estresse e isolamento.
A TCI já esteve presente em 46 países desde que começou no Brasil, na comunidade das 4 Varas, localizada na favela do Pirambu, um bairro vulnerável da cidade de Fortaleza, Ceará.
Em ambos os contextos, a TCI oferece uma solução potencial para enfrentar os desafios atuais de saúde mental e a sobrecarga nos sistemas públicos de saúde, especialmente diante dos longos tempos de espera e da falta de profissionais qualificados. No entanto, limitações incluem a necessidade de adaptação cultural e possíveis dificuldades em manter o engajamento em grupos diversos. Apesar desses desafios, a TCI representa uma abordagem promissora para a saúde mental comunitária, oferecendo novas possibilidades para a promoção da saúde biopsicossocial na Europa.
Integrative Community Therapy (ICT) is a participatory, community-based therapeutic intervention of care, designed to foster collective resilience and emotional well-being in diverse contexts. Expanding ICT into Europe presents unique challenges and opportunities, particularly in countries with varying cultural contexts, healthcare structures, and mental health needs. ICT has expressed itself into many contexts beyond the material needs, but also emotional concerns that are linked with how to live in amplified diversity with so much austerity, autonomy but without losing connection, respect and good ambience.
The open door to ICT in Europe was through francophones, in some workshops, conferences by the professor Adalberto Barreto and other main characters as Jean Pierre Boyer, Nicole Hugon, Christine Hertig, Christiane Feneon in France and Switzerland, that visualized in the 90’s a based brazilian methodology of mutual hosting care.
Today in Paris in two neighborhoods, at the Mairie of the arrondissement 15eme and 19eme, on saturdays mornings it has an open room that anyone who wants to take care of you mental health is welcome too, but mostly of the people who arrive are migrants from different roots. In this safe space they found good ambience that hosted them as people, with kind, warm arms and freedom to share your histories and feelings.
Therefore in Brussels since 2014 many associations have opened their doors to the facilitators and instructors of ICT to provide and promote rounds of solidarity care. This city is known by its own plurality and divergences but also wherever takes place in critical moments ICT has shown itself a complementary tool to deal with emotional and social concerns, to families, friends and neighborhoods. Talking out about the ones who are nearby, Netherlands also approached to Belgium in 2019 and other hubs that integrate this network of ICT like TCI Rhone Alpes-FR, MISC Portugal and MISMEC 4 Varas-BR; those different places collaborate to spread this methodology and provide training to a group of people to start hosting rounds of ICT in their villages.
In Portugal, the Division for Youth of the Cascais City Council developed a health project targeting people aged 12 to 30. Participants have access to Clinical Psychology and Nutrition consultations, as well as ICT circles. These circles take place once a week and typically include an average of five participants, mostly young women. Common concerns raised include exam and test anxiety, difficulties in socializing, resistance to parental authority, frustration related to struggles with anorexia, and dependency on mobile phones. The participants identified several key coping strategies they found helpful, such as practicing acceptance, developing negotiation skills, valuing parents as a source of comfort and security, trusting their intuition when making decisions, reinterpreting problems and allowing them to pass, stargazing, and engaging in ICT activities.
Later on Belgium, Italy, Ukraine, etc. this systemic integrative approach that gathers people around a circle in the period of 60’’ to 90’’ minutes to share life with respect, talking in “I” statements, its own life history with joy and sorrows, that explorate an active listening with no judgments or advices and rather expressing owns selves with poems, songs, smiles, hugs and tears. It's an open space to learn about its struggles and even share coping strategies.
In England, we are looking to open up space to host ICT in England through implementing both in academic settings with Clinical Psychology trainees and in the community with carers of brain injury survivors. With Clinical Psychology trainees, ICT sessions are integrated into the training curriculum, aiming to enhance the trainees' understanding of community mental health and their ability to facilitate group therapy sessions and to engage with diverse populations. This setting provides a space for trainees to learn and reflect on the therapeutic process while enhancing their clinical skills. In the community, ICT is implemented with carers of brain injury survivors, addressing the psychosocial challenges these carers face in supporting their loved ones. The community-based approach fosters mutual support, emotional expression, and resilience-building among carers, who often experience high levels of stress and isolation.
ICT has been present to 46 countries since it began in Brazil, into the community of 4 Varas, that are localised into the Pirambu’s Favela, that's a vulnerable neighborhood of the city of Fortaleza, Ceará.
In both contexts, ICT offers a potential solution to address current mental health struggles and the strain on public health systems, particularly in light of long waiting times and the lack of qualified professionals. However, limitations include the need for cultural adaptation and potential challenges in maintaining engagement across diverse groups. Despite these challenges, ICT provides a promising approach to community mental health, offering new possibilities for promoting biopsychossocial health in Europe.