A auriculoterapia é uma modalidade integrativa utilizada para promover, manter e restaurar a saúde física e mental, com evidências provenientes de estudos em modelos humanos e animais. No Brasil, tem sido amplamente implementada por meio do Programa de Práticas Integrativas do SUS. Esta prática também foi integrada a um contexto espiritual em uma grande instituição religiosa universalista no Rio de Janeiro, combinando cuidado de saúde com abordagem biopsicossocial-espiritual. O modelo enfatiza uma visão holística da experiência do indivíduo diante da doença e da saúde, abrangendo dimensões físicas, sociais, emocionais e espirituais. A auriculoterapia integra diversas racionalidades médicas, incluindo Reflexologia, Biomedicina Neurofisiológica e Medicina Tradicional Chinesa. Nesse contexto espiritual, também se incorporou a Medicina Vibracional, reconhecendo os centros de energia do corpo como elementos vitais do sistema de energia sutil, associados a múltiplas dimensões do bem-estar físico, emocional e espiritual. A prática é gratuita e conduzida por voluntários treinados da instituição, sob supervisão de profissional certificado em auriculoterapia (UFSC/Ministério da Saúde), mediante termo de confidencialidade. As sessões semanais duram cerca de 10 minutos, em um total de 5 a 8 encontros, com estímulo de até 10 pontos auriculares por sessão. A metodologia inclui: (1) acolhimento com presença compassiva e entrevista estruturada inicial; (2) aplicação de sementes de mostarda nos pontos auriculares selecionados; (3) imposição de mãos sobre a região auricular e áreas correspondentes aos principais chakras, prática amplamente aceita em tradições espirituais e investigada em contextos de manejo da dor. Durante a anamnese, são coletados dados sociodemográficos, histórico clínico, uso de medicamentos, práticas complementares e espirituais, além da intensidade e frequência da dor física e emocional (antes, durante e após o tratamento), utilizando a Escala Visual Analógica (VAS). Todos os atendidos recebem cuidado da equipe de voluntários e as informações são registradas nos Arquivos Históricos da Instituição, com consentimento informado, conforme a LGPD (Lei nº 13.709/2018).
A iniciativa promove cuidado em contexto espiritual para indivíduos em sofrimento ou vulnerabilidade social, respeitando diferentes crenças sem realizar proselitismo religioso. O modelo amplia a assistência por meio de abordagem biopsicossocial-espiritual, valoriza práticas de saúde complementares e fomenta investigação científica em contextos comunitários e naturalísticos, mantendo rigor metodológico e coragem epistemológica.
Não foram especificados dados quantitativos no relato; o enfoque é descritivo da implementação e da metodologia, enfatizando a integração da auriculoterapia ao contexto espiritual.
Entre os desafios estão consolidar a legitimidade científica das práticas integrativas em contextos espirituais, sistematizar dados coletados, fortalecer a formação de voluntários, refinar protocolos de atendimento e disseminar cientificamente a experiência. Recomenda-se incentivar pesquisas sobre os efeitos dessas práticas em contextos espirituais, superando a relutância em estudá-los e reconhecendo que a ciência é moldada pelas escolhas dos pesquisadores sobre o que investigar.
Auriculotherapy is an integrative modality used to promote, maintain, and restore physical and mental health, with evidence from studies conducted in both animal and human models [1,2,3]. It has been widely implemented across Brazil through the SUS Integrative Practices Program [4,5]. This microsystem-based therapy has also been integrated within a spiritual context, in a large Universalist religious institution located in Rio de Janeiro. Combining healthcare with a biopsychosocial-spiritual approach, this model emphasizes a holistic view of the individual’s experience of illness and health, encompassing physical, social, emotional, and spiritual dimensions [6,7]. Auriculotherapy integrates multiple medical rationalities — understood as organized systems of knowledge and practices that guide different perspectives on health and disease. Among these are Reflexology, Neurophysiological Biomedicine, and Traditional Chinese Medicine [8]. In this spiritual context, Vibrational Medicine was integrated, recognizing the body's energy centers—as vital elements of the subtle energy system, culturally understood to be associated with multiple dimensions of physical, emotional, and spiritual well-being [9,10,11]. This report aims to describe the experience of implementing auriculotherapy in a spiritual context. The practice is free of charge and carried out by trained volunteers of the institution, under the supervision of a healthcare professional certified in Auriculotherapy by UFSC/Ministry of Health (in Brazil) - all volunteers sign a confidentiality and non-disclosure agreement. Weekly sessions are held, typically ranging from 5 to 8 encounters, with duration of approximately 10 minutes, during which no more than 10 auricular points are stimulated. The methodology includes: (1) welcoming with a compassionate presence, followed by anamnesis and a comprehensive structured interview – on the first day; (2) application of mustard seeds on selected auricular points according to the main complaint — with therapists assigned randomly for each session [4]; (3) Laying on of hands over the auricular region and body areas corresponding to major chakras — a widely accepted practice across spiritual traditions, previously investigated in the context of pain management [9,10,11]. During the anamnesis, the following data are collected: sociodemographic characteristics, clinical history, medication use, complementary and spiritual practices, and the intensity and frequency of physical and emotional pain (before, during, and after treatment), using the Visual Analogue Scale (VAS). All individuals who seek this practice at the institution receive care from a team of trained volunteers and all information is stored in the Institution’s Historical Records, with informed consent from each participant, in accordance with Law No. 13.709/2018 (General Law for the Protection of Personal Data – LGPD).
This institutional initiative promotes care within a spiritual context for individuals experiencing suffering and social vulnerability that embraces diverse beliefs without engaging in religious proselytism. The approach expands care through a biopsychosocial-spiritual model, enhances scientific inquiry in naturalistic and community-based contexts, and values complementary health practices as part of a broader model of care — one that requires rigorous investigation without relinquishing epistemological courage.
A key challenge lies in consolidating the scientific legitimacy of integrative practices applied in spiritual and religious settings. Additional challenges include the continued systematization of collected data, the strengthening of volunteer therapist training, the refinement of the care protocol, and the promotion of scientific dissemination of this experience through naturalistic research within and outside spiritual contexts, including comparisons between both contexts as conducted previously in studies involving other practices [10]. It is recommended to encourage researchers to investigate the effects of these practices in such settings, recognizing the importance of overcoming the reluctance to study spiritual contexts - acknowledging that science is ultimately shaped by what scientists choose to explore [12].
