CONTEXTUALIZAÇÃO
Com a criação do setor de Vigilância em Saúde Ambiental no ano de 2000, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem participado cada vez mais de debates e diálogos não apenas para o cuidado das pessoas atingidas por alguma doença, mas também considerando os riscos ambientais a que essas populações possam estar expostas, compreendendo que o tema saúde publica é abrangente e de grande complexidade a ser desenvolvida nos territórios.
Com essa relevância, surge o projeto “Vigilância em Saúde Ambiental: o conceito de Uma Só Saúde, como um novo olhar à Saúde Pública”, o qual objetiva o atendimento e resolução à problemas de saúde pública relacionados ao setor de Vigilância em Saúde Ambiental de Paraíba do Sul – RJ, abraçando uma compreensão entre a saúde do ser humano, a saúde do animal e a saúde do meio o qual esses organismos estão inseridos (One Health), para uma anamnese mais acolhedora e holística do paciente, em busca de um melhor resultado. Baseado nisso, e dentro dessa realidade, o trabalho realizado pela Vigilância em Saúde Ambiental de Paraíba do Sul – RJ torna-se cada vez mais amplo no que tange as necessidades detectadas em todo território do município.
Paraíba do Sul – RJ está inserida na região Centro Sul Fluminense, é cortado pelo rio que dá nome a cidade (Rio Paraíba do Sul que nasce em São Paulo). O município esta a cerca de 135 km da capital fluminense, tendo o acesso rodoviário á mesma, através de duas vias principais: a Rodovia BR-040 e a RJ-125. Entre os 92 municípios do Rio de Janeiro, Paraíba do Sul se encontra na 40ª posição em relação ao número de população, com cerca de 42.063 mil habitantes (IBGE, 2022). Já entre os municípios de sua região, é o maior em extensão territorial (580.803 Km2), e o 3º no quesito tamanho populacional. Essas características são fundamentais, para o entendimento do ambiente o qual desenvolvemos as ações elencadas na Portaria 1.138/2014 do Ministério da Saúde, a qual aponta e define as ações e os serviços de saúde voltados para vigilância, prevenção e controle de zoonoses e de acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde pública.
Ressalta-se aqui, a magnitude das pastas a serem desenvolvidas dentro da Vigilância em Saúde Ambiental, para que cada vez mais, a promoção, prevenção e cuidado à saúde, estejam presentes em toda ação desenvolvida pelo setor, dando importância aos problemas de saúde públicos endêmicos e também flutuando por problemas de saúde públicos não endêmicos, visando justamente a Educação em Saúde da população, sobre os diversos outros problemas de saúde pública presentes no país.
Fatores determinantes sociais da saúde envolvendo a necessidade de ações cada vez mais integrativas (um dos princípios do SUS), também inserem grande relevância ao projeto desenvolvido, quando pensamos na visão que o Relatório Lalond nos mostra, sobre a importância do viés ecossistêmico para a avaliação e a criação de ambientes saudáveis, que a partir daí, permite buscar a discussão de um novo paradigma na formação dos profissionais que irão desenvolver as ações de saúde pública, assim como integrar uma abordagem mais holística e uma consciência ecológica no trato das questões afeitas à promoção, à proteção e à recuperação da saúde do cidadão, mostrando a essa população, a necessidade real de se buscar o equilíbrio entre a saúde do ambiente, a saúde do animal e a saúde do ser humano.
JUSTIFICATIVA
A geografia do município e as características do mesmo, contribuem para que tenhamos potenciais fontes desencadeadoras de problemas de saúde pública diversos, relacionados ás zoonoses e vetores, uma vez que o município além de possuir uma população que flutua por vários outros municípios (trabalho, lazer, etc), possui também as rodovias que cortam seu território, grande área rural, urbanização de forma a invadir a mata local, e população ribeirinha por exemplo, criando cenários propícios à introdução de doenças endêmicas como Dengue, Zika vírus, Chikungunya, Leptospirose, Febre Maculosa, Hantaviroses, Helmintíases, Leishamniose, e outras que possam adentrar, advindas de outras regiões, como o caso da Febre do Oropouche que até o momento o Brasil conta com 6.683 mil casos da doença, com 01 óbito em investigação, e no nosso Estado do Rio de Janeiro já temos cerca de 823 casos notificados da doença. Outros exemplos que corroboram a importância da Vigilância em Saúde Ambiental atuar por todas as pastas de sua responsabilidade são justamente embasadas, por questões das mais diversas, como por exemplo o aumento crescente da presença de animais peçonhentos, a falta de conhecimento da população e da rede de atenção a saúde em relação as diversas pastas trabalhadas pelo setor e sobre as doenças emergentes e reemergentes presentes no país.
OBJETIVOS
1. Produzir, integrar, processar e interpretar informações, objetivando fornecer ferramentas/dados à Rede de Atenção á Saúde do município de Paraíba do Sul – RJ, quanto às ações relativas às atividades de promoção da saúde e de prevenção e controle de doenças relacionadas ás zoonoses e vetores;
2. Trabalhar a Integralidade, promovendo junto aos demais órgãos do sistema público e/ou privado, as ações de proteção da saúde humana e saúde do ambiente, voltadas ao controle de doenças zoonóticas e vetoriais no município de Paraíba do Sul – RJ;
3. Trabalhar as questões envolvendo os animais peçonhentos e/ou venenosos no município de Paraíba do Sul – RJ.
DESENVOLVIMENTO
O Projeto em questão tem a metodologia de ação, a partir dos profissionais da Vigilância em Saúde Ambiental, os quais promovem atendimentos as diversas pastas do setor, contando com ações de Educação em Saúde para toda rede educacional com agenda anual, atividades junto á associações de moradores, exposições, feiras municipais, empresas privadas, praças públicas, e qualquer local que possam servir de espaço para promoção da saúde. Essas ações envolvem a população em diversas faixas etárias com didáticas especificas para cada idade do público alvo.
O projeto “Vigilância em Saúde Ambiental: o conceito de Uma Só Saúde, como um novo olhar à Saúde Pública”, visando melhorar o monitoramento, controle e prevenção de fatores ambientais que possam afetar a saúde humana, animal e ambiental (One Health), além de buscar reduzir os riscos ambientais que trazem impacto direto ou indireto sobre a saúde da população, aponta um grande problema que desencadeou a sistematização das ações da Vigilância em Saúde Ambiental de Paraíba do Sul, , que foi a exposição que a população sul-paraibana vêm sendo submetida periodicamente sobre o ambiente degradado. Ambiente esse, que gera inúmeros fatores determinantes sociais da saúde, como falta de saneamento básico, lixo descartado em local inadequado, surgimento de animais vetores de doenças (Roedores, Caracol africano, Flebótomos, Maruim, Aedes aegypti e albopictus, Sabethes e Haemagogus, entre outros) além da aproximação dos animais peçonhentos e venenosos junto a essas áreas degradas, corroborando com o aumento do risco de exposição dos municípes. Isso sendo um grande e complexo conjunto de problemas, que contribuem para que diversos riscos relacionados à saúde pública surjam e se instalem nos territórios.
O projeto em questão possibilitou os seguintes resultados:
1. Ampliação da pasta de ações relacionadas à Vigilância em Saúde Ambiental;
2. Sensibilização de profissionais da saúde quanto ao conceito Uma Só Saúde;
3. Sensibilização da população quanto ao conceito Uma Só Saúde;
4. Parcerias com municípios da região, para fortalecimento da Vigilância.
Ressalta-se também que a Educação em Saúde é uma ferramenta poderosa nessa busca pela solução de problemas e no fomento de estratégias que possam ampliar a obtenção de resultados, e de acordo com essa premissa, a Vigilância em Saúde Ambiental vem promovendo a educação em saúde em várias esferas da sociedade obtendo resultados significativos ao longo dos anos nos quais vem sendo aplicada essa estratégia através do projeto “Vigilância em Saúde Ambiental: O conceito de uma só saúde como novo olhar á saúde publica.”
Segundo a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), 60% dos patógenos que causam doenças em humanos tiveram origem em animais; 75% das doenças infecciosas emergentes humanas tem origem animal e 80% dos patógenos com potencial para bioterrorismo são de origem animal. Nesse sentido, o projeto possui papel importante no surgimento de novas abordagens e estratégias para se promover saúde pelo território, mitigar problemas futuros, decorrentes do ambiente doente, do animal doente e conseqüentemente, do ser humano doente.
Recomenda-se a ampliação e manutenção do projeto, para que sirva de apoio às redes de atenção à saúde, mostrando a importância de adotarem abordagens integradas que considerem os diversos fatores do ambiente, dos animais e dos seres humanos (Uma Só Saúde), objetivando uma escuta/anamnese mais sensível, e conseqüentemente uma saúde mais resolutiva.
Rua Luis Lopes da Silva, 166 Grama Paraiba do Sul/RJ
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO