A vacinação é uma das prioridades em saúde pública e deve ser mantida, sempre que possível, com a adoção de estratégias adaptadas às realidades locais e a situação de saúde de cada região, tais estratégias devem preservar a segurança dos profissionais de saúde e da comunidade a ser assistida. Com o objetivo de sensibilizar profissionais de saúde e o público em geral sobre a importância de não postergar a vacinação e buscar elevar os indicadores de cobertura vacinal mesmo no atual cenário de saúde do nosso pais, a coordenação de imunização em parceria com o departamento de vigilância em saúde e Secretaria de Assistência Social do município elaborou a estratégia de realizar ações de vacinação os bairros onde ocorresse qualquer dificuldade de acessibilidade (econômica, geográfica ou social), através de uma sala de vacina montada dentro de um micronibus, com as condições mínimas do ideal. Os locais de execução de vacinação (praças, pátios de igrejas, cooperativas ou vias públicas) eram definados semanalmente, mediante acompanhamento do fluxo vacinal da semana anterior, priorizando as áreas com menor adesão ou menor registro de vacinação. A divulgação realizada pela assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Saúde, através das redes sociais, televisão e rádios. O atendimento ao usuário consistia no acolhimento, verificação da documentação exigida (documento de identificação, cartão de vacinação, na ausência do mesmo outro cartão era emitido de imediato), avaliação do esquema vacinal e do imunizante a ser utilizada, aplicação do mesmo, orientação sobre os possíveis eventos adversos/aprazamento das doses posteriores e liberação do usuário. Portanto, as ações de vacinação itinerante impactaram positivamente na melhoria dos indicadores vacinais, melhor controle sanitário, redução na contaminação e disseminação das doenças imunipreveníveis, além de facilitar o acesso ao serviço de imunização à população.
Ao avaliar os níveis de cobertura vacinal do município ao longo de uma serie histórica de 5 anos (2018-2022) percebe-se o quanto tem declinado principalmente na avaliação dos indicadores em crianças menores de 01 ano tendo uma média de 76,63%, além de baixos indicadores nas principais campanhas de vacina (influenza, pólio, sarampo e covid-19). A busca constante por respostas para o entendimento da problemática descrita acima despertou a adoção de uma estratégia que levasse o serviço a população e pudesse ouvir o motivo de não se vacinar, mesmo que soubesse a importância dessa ação de saúde pública. Diversos problemas e desafios são enfrentados ao longo dos anos para manutenção, esclarecimento e adesão as ações do Programa de Imunização junto a população, destacamos em nossa realidade: 1. Sistema de informação – subnotificação, dificuldade de adesão e manuseio do eSUS pelos profissionais de enfermagem que atuam nas salas de vacina 2. Instrumentalização e Retroalimentação dos relatórios do Sipni web e eSUS para as equipes de AB 3. Fragilidade no monitoramento de indicadores 4. Fragilidade de supervisão do enfermeiro e pouca direcionalidade relacionada ao fazer do agente comunitário de saúde para torná-los como vigilantes de imunização. 5. Pouco exercício das práticas de busca – ativa, recuperando crianças com calendário vacinal atrasado 6. Salas de Vacina com restrição de horário de funcionamento. 7. Baixa divulgação das campanhas e das vacinas de rotina. 8. Quantitativo insuficiente de alguns imunobiológicos, obrigando o município a fazer agendamento vacinal. 9. Baixa adesão de algumas equipes de Saúde da Família quanto a execução das estratégias de vacinação em suas áreas de abrangência. 10. Não adesão as ações de vacinação pelos familiares, por exemplo: a vacina contra covid-19. 11. Crescimento de fake news nas informações vinculadas ao programa de imunização. 12. Atuação fragilizada do enfermeiro nas salas de vacina. 13. Acomodação popular pela falsa sensação de proteção em função da inexistência há vários anos de novos casos de polio/sarampo. 14. Cultura popular da antivacina assim como prática cotidiana de alguns profissionais. 15. Poucas ofertas e divulgação nas mídias sociais.
Na perspectiva de melhor organização das ações de vacinação, simplificação do acesso ao serviço de imunização, dirimir as discrepâncias quanto ao registro, e otimizar os índices de cobertura vacinal foi proposto: 1. Articulação das ações de Imunização com o Departamento de Atenção Primária, Coordenação de Saúde da Criança e Adolescente, Coordenação de PACS, Departamento de Vigilância em Saúde, Secretária de Comunicação, Coordenação de Saúde Mental e Sindicato dos agentes comunitários de saúde. 2. Reorganização do processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde e agentes comunitários de endemias para serem qualificados em vigilantes da imunização, colaborando com orientações e busca ativa do público alvo nas áreas de abrangência das unidades de saúde (domicílios, abrigos, orfanatos) antes e durante a execução da estratégia de vacinação; 3. Criação de espaços de diálogos para integração entre a Atenção Básica, Vigilância em Saúde e a Rede de Atenção à Saúde no município para identificar as dificuldades e potencialidades no território para desenvolvimento de estratégias locais de vacinação; 4. Mapeamento dos bolsões de indivíduos não vacinadas – susceptíveis; 5. Identificação direta ou indiretamente, a adesão da população, pessoas vivendo sob risco de doenças imunopreveníveis, e efetividade do serviço de vacinação; 6. Garantia de salas de vacina equipadas com o sistema de registro informatizado, equipamentos, recursos humanos, insumos e materiais necessários; 7. Alimentação o sistema de informação com as doses aplicadas a cada aplicação de imunobiológico a fim de garantir o registro correto das informações; 8. Elevação os níveis de cobertura vacinal de crianças e adolescentes menores 20 anos, impactando positivamente os indicadores do Previne Brasil; 9. supervisão das salas de vacina municipais a fim de manter a qualidade dos imunobiológicos ofertados à população; 10. Garantia de vacinação das populações de difícil acesso disponibilizando transporte, equipe e materiais necessários; 11. Realização ações de vacinação em dias e horários alternativos; 12. Reunião com Conselho Regional de Enfermagem para relembrar o papel do enfermeiro como responsável técnico das salas de vacina; 13. Realização Educação Permanente com os profissionais das equipes de Atenção Primária sobre imunização, a fim de os mesmos entenderem a importância da vacinação (esquema completo) para que recomendem, prescrevam e orientem à população; 14. Realização vacinação (BCG e hepatite B) ainda na maternidade; 15. Realização atualização do calendário vacinal de crianças e adolescentes que freqüentam o Caps infantil; 16. Fomentar a mobilização social.
O objetivo do projeto foi apoiar o programa de Imunização com ações pela reconquista das altas coberturas vacinais em queda desde 2015, e agravadas pela pandemia da covid-19. Percebe-se a necessidade de sensibilização da população e a criação de uma grande rede de solidariedade, envolvendo instituições, organizações sociais, associações comunitárias e poder público na tentativa de extinguir a falta de informação, Fake News ou informação equivocada no que se refere a vacinação. O projeto foi dividido em três bases fundamentais: vacinação (vacinas e vacinações); sistemas de informação (garantia da qualidade dos dados); e comunicação e educação (mobilização e controle social). Durante o período de execução do projeto foi possível reconhecer as fragilidades, dificuldades e acertos do programa de imunização dentro do território junto a população assistida, permitindo que ações futuras pudessem ser propostas e implementadas afim de minimizar ou eliminar os problemas levantados. A garantia a saúde e bem-estar da população é prioridade, logo o fortalecimento da vacinação na Atenção Primária à Saúde, contribui para o alcance da cobertura universal em saúde e no desenvolvimento sustentável sendo este o principal compromisso assumido junto a população do nosso município.
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO