Vacinação em Massa Contra Covid19: Cobertura Vacinal, Internações e Óbitos em Ribeirão Preto – Sp

O município de Ribeirão Preto, no interior do estado de São Paulo, conta com uma estimativa populacional já estratificada em faixas etárias de 711.825 habitantes na referência do decênio pós-censitário para 2020. Desde o advento da epidemia de covid19, muitos limites foram ultrapassados, excedendo a incidência de casos de todas as epidemias precedentes, incluídas as arboviroses e outros vírus respiratórios, e a mortalidade dos agravos mais frequentes em causa-base. No pico da epidemia de 2021 foram registrados mais de 70 casos confirmados por dia na média móvel semanal para cada 100 mil habitantes, situação em que 25 casos confirmados por dia para cada 100 mil já representa o limite crítico. Entre março e junho de 2021 foram registrados mais de 300 óbitos por mês, não obstante, dos 353 óbitos em junho foi-se a 143 em julho, 81 em setembro e menos de 40 em outubro de 2021. Concomitante a este período, de elevada incidência de casos, letalidade estável e mortalidade aumentada na prevalência da variante Gama até outubro quando fora sucedida pela variante Delta, ações de controle epidemiológico ocorreram dentre as quais se destacamos a vacinação em massa cuja cobertura no final de outubro do mesmo ano evidenciou 84% com D1, 74% com D2 na população acima de 12 anos e mais de 40.000 D3 aplicadas nas populações com indicação de reforço vacinal até então. Valendo-se da grande mobilização nacional para incentivo à vacinação o Programa Municipal de Imunizações (PMI) ocupou-se por promover mecanismos de agilidade ao processo de vacinação em massa procurando adequar as grades recebidas à rápida vacinação do público-alvo. O principal desafio assistiu em obter o equilíbrio entre a motivação e o treinamento técnico da equipe alinhado ao uso assaz dos recursos tecnológicos disponibilizados, haja vista que, a depender do cenário tecnologicamente heterogêneo, o uso de recursos muito sofisticados pode não ser efetivo. A estratégia base para fortalecer as ações para a vacinação da covid19 foi de seguir as determinações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) buscando, a cada anúncio de novo grupo eletivo, a reprodução da metodologia mais exitosa já experienciada pelo PMI para campanhas de monta equivalente, concentrando os esforços de logística e adequando os credenciamentos entre agendamentos e livre-demanda. Isto posto, para avaliar os resultados obtidos, para além da cobertura vacinal isolada, construímos um estudo de paramento temporal entre a cobertura vacinal e os óbitos por covid19 para as faixas etárias e, ao final, ela sustentou a hipótese de que a vacinação em massa atuou como eficaz mecanismo de controle epidemiológico da mortalidade, sobretudo nas faixas etárias mais elevadas, comparando-se 2020 com 2021, reduzindo o percentual de participação nos óbitos dos 90+ de 8,9% para 5,6%, dos 80-89 de 26,3% para 15,3% e dos 70-79 de 27,7% para 20,7%. Por fim, os resultados obtidos, a luz deste estudo, revelam que a vacinação em massa iniciada pelos grupos prioritários mostrou-se efetiva para a redução de internações e óbitos entre março e julho de 2021, verificado período mais agravador e letal da epidemia.

A partir dos resultados deste trabalho pode-se refletir que os “números vencem” e contra toda e quaisquer falácias que se possam ventilar à população e profissionais da saúde, prevalece os resultados positivos e efetivos da vacinação em massa. Neste caso, trazer-lhe a clareza necessária e a visibilidade apropriada aos atores do processo – profissionais e público-alvo das ações de imunização – assiste no principal problema a ser enfrentado. Os desafios das ações de imunização são muitos: planejamento tempestivo, gestão da rede frio com logística adequada, recrutamento, treinamento e reciclagem de profissionais, integração de sistemas de informação, publicidade apropriada, etc. Nisto, convém apontar que, para além da boa gestão complexa e participativa dos desafios supracitados, a apresentação aos atores da saúde dos importantes resultados obtidos pelas elevadas coberturas vacinais ancora-se como o mais relevante resultado prático para a intrínseca motivação dos entes envolvidos e únicos capazes de realizar o aumento das coberturas vacinais no município para quando se está pressuposta uma gestão qualificada e comprometida.

Apresentar as estratégias institucionais que poderiam ser organizadas para fortalecer as ações de imunização e melhorar as coberturas vacinais no município ou região de saúde. A melhoria da cobertura vacinal é um processo complexo, não obstante deve ocorrer naturalmente para quando os problemas inerentes aos gargalos para a escalada vacinal são identificados e mitigados em estratégias adaptativas, antes pesadas na metodologia esforços aplicados por retorno, e.g. ROI (retorno sobre o investimento), justamente para se não saturar o poder de ação da equipe e estrutura do PMI em mecanismos de baixo ROI. Considerando a estrutura do PMI, o território e a população de Ribeirão Preto, os resultados ora conhecidos, tanto os exitosos quanto os não-exitoso, das experiências já realizadas, a de se entender que poderiam ser organizadas estratégias dotadas de tecnologia e integração para a coleção tempestiva dos conjuntos mínimos de dados a fim de se construir indicadores regionalizados que possam ser apresentados às comunidades (profissionais e população) de cada Unidade de Saúde. A ideia é que os atores as Unidades sintam-se parte do processo e consigam compreender com clareza se, para os dados consolidados e adequadamente parametrizados do período anterior de ação conclusa, estão acima ou abaixo dos valores atribuídos às metas e se estão orientados para melhora ou para piora com relação aos resultados dos anos/períodos anteriores.

Os resultados do trabalho ora apresentado manifestam-se com clareza no sentido de que a vacinação em massa da covid19 atuou como uma importante ferramenta de controle epidemiológico para a diminuição das internações e dos óbitos evitando o colapso de sistema de saúde do município de Ribeirão Preto entre março e julho de 2021. Os resultados mostram inclusive que somente a cobertura vacinal elevada produziu resultados efetivos de redução nas internações e óbitos na população-alvo, ou seja, coberturas inferiores podem não ser efetivas. Neste sentido o trabalho colabora para ressaltar a importância de uma cobertura vacinal elevada a fim de que se promova um resultado exitoso para a saúde da população. Os potenciais desta pesquisa estendem-se para a motivação da comunidade pelo envolvimento da mesma ao se reconhecer como parte do processo capaz de promover resultados laureáveis. A de se considerar a coleção tempestiva do conjunto mínimo de dados, o saneamento dos mesmos para gerar informação qualificada por meio de indicadores e a apresentação dos resultados de forma precisa e envolvente. Para o caso desta experiência ser replicada noutros municípios, a de se citar por fragilidade, que a estratégia foi aplicada num município de médio porte com distritos de saúde bem delineados, PMI bem estruturado (coordenação técnica, apoio de vigilâncias distritais, rede frio, central de vacina e logística bem alinhada), ou seja, pode não ser igualmente exitosa esta mesma metodologia se aplicada em município muito menores ou que careçam de um PMI melhor estruturado. Por fim, recomenda-se que antes de aplicar estratégias conhecidas neste trabalho seja considerado um levantamento histórico da cobertura vacinal e das ações anteriores para que se avalie a necessidade de esforços a serem aplicados tendo conhecidos os principais gargalos ao se identificar fortuitas idiossincrasias pontos discrepantes do conjunto médio dos atores vacinais e o perfil dos não-vacinados. REFERÊNCIAS 1. JARA, Alejandro et al. Effectiveness of an inactivated SARS-CoV-2 vaccine in Chile. New England Journal of Medicine, v. 385, n. 10, p. 875-884, 2021. 2. MOGHADAS, Seyed M. et al. Evaluation of COVID-19 vaccination strategies with a delayed second dose. PLoS biology, v. 19, n. 4, p. e, 2021. 3. MACINTYRE, C. Raina; COSTANTINO, Valentina; TRENT, Mallory. Modelling of COVID-19 vaccination strategies and herd immunity, in scenarios of limited and full vaccine supply in NSW, Australia. Vaccine, 2021. 4. BENENSON, Shmuel et al. BNT162b2 mRNA covid19 vaccine effectiveness among health care workers. New England Journal of Medicine, v. 384, n. 18, p. 1775-1777, 2021. 5. LIPSITCH, Marc; DEAN, Natalie E. Understanding COVID-19 vaccine efficacy. Science, v. 370, n. 6518, p. 763-765, 2020. 6. TARTOF, Sara Y. et al. Effectiveness of mRNA BNT162b2 COVID-19 vaccine up to 6 months in a large integrated health system in the USA: a retrospective cohort study. The Lancet, 2021.

Principal

MAYRA FERNANDA DE OLIVEIRA

Coautores

Samuel Sullivan Carmo Denise Bergamaschi Giomo Luzia Márcia Romanholi Passos Sandro Scarpelini

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