Semear é vital : resgatando os saberes da terra

O projeto “Semear é vital: Resgatando os saberes da Terra” visa potencializar a participação social em ações de saúde integral, fomentando a agroecologia na favela, através de intervenções socioambientais que promovam saúde, autonomia e segurança alimentar.
O resgate dos Saberes Agroecológicos será realizado pela da troca de conhecimento entre os coletivos e as comunidades, através do diálogo entre Campo e Cidade, com a promoção de diversas atividades educacionais e práticas.
A construção de um viveiro de mudas no assentamento Terra Prometida, permitirá suprir as demandas do projeto e, posteriormente, da região e dos parceiros desse projeto. As mudas e plantas produzidas serão direcionadas para revitalização dos espaços de cultivo comunitários das comunidades e servirão de apoio aos agricultores urbanos destes territórios.
O projeto também contará com oficinas e cursos para os moradores, abordando
tecnologias sociais voltadas para saúde da população, do ambiente e sustentabilidade.O projeto é fruto de uma parceria entre o Coletivo Favela Verde (da Comunidade do Vital Brazil, em Niterói), o Hydras do Terra Prometida (atuante no Assentamento TerraPrometida, em Duque de Caxias) e a Ong Soluções Urbanas (que atua em comunidades em Niterói). Essa ação em rede foi formada através dos encontros do 54X Favela, promovidos pela Fiocruz ao longo do financiamento dos projetos da Chamada Emergencial de Combate a COVID 19 em Favelas.;
O projeto “Semear é vital : Resgatando os saberes da Terra” visa potencializar a participação social em ações de saúde integral, fomentando a agroecologia na favela através de intervenções socioambientais que promovam a autonomia e segurança alimentar da população.
O resgate dos Saberes Agroecológicos será realizado a partir da troca de conhecimento entre as agricultoras do Coletivo Hydras do Terra Prometida e os moradores das Comunidades do Vital Brazil, Cavalão e Souza Soares e o Coletivo Favela Verde. Será feito um diálogo entre Campo e Cidade a partir da promoção de diversas atividades agroecológicas nos territórios, articulando os moradores de favela e também os coletivos e associações que já atuam nessas comunidades.
Primeiramente, será feita a construção coletiva de um viveiro de mudas de plantas medicinais, hortaliças, frutíferas, árvores nativas, e a confecção de bioinsumos, no assentamento Terra Prometida, onde o Coletivo Hydras já realiza um trabalho. Este viveiro será capaz de suprir as demandas do projeto e fortalecer as mulheres do coletivo, uma vez que poderá se tornar um polo de produção de mudas estadual, visto a atual carência de fornecedores no estado. Dessa maneira, será possível suprir as demandas tanto do assentamento quanto das parcerias estabelecidas através deste projeto. Para gerir este viveiro, as lideranças do Coletivo Hydras irão articular a comunidade e escolherão 10 pessoas, que serão instruídas e receberão uma ajuda de custo para fazer a manutenção deste espaço durante o período do projeto.
Para escoar as mudas e plantas produzidas pelas agricultoras e assentados, o Coletivo Favela Verde irá revitalizar cinco espaços de cultivo comunitários já existentes nas comunidades, através de mutirões, sendo estes espaços: A Agrofloresta Agroecológica da entrada da Comunidade do Vital Brazil, as Hortas de Fitoterápicos dos Postos Médicos de Família do Vital Brazil e Souza Soares e da Horta Comunitária do Cavalão e no viveiro de mudas do Assentamento Terra Prometida. Além disso, daremos apoio aos agricultores Urbanos que já existem nas comunidades fornecendo mudas, subsidiando seus próprios quintais produtivos e dando uma ajuda de custo para eles participarem das atividades do curso e dos mutirões. Assim, a partir dessa parceria em rede, supriremos as demandas de mudas e bioinsumos, que são o maior entrave para manutenção desses espaços agroecológicos nas cidades. Esses mutirões serão realizados mensalmente, a partir de uma chamada prévia da população do território. Serão realizados um total de 8 mutirões de renovação nos espaços comunitários e nos quintais produtivos de dois agricultores urbanos. Além disso, haverá a facilitação de 10 oficinas e aulas práticas para pessoas interessadas das comunidades, abordando tecnologias sociais, voltadas para saúde, meio ambiente e sustentabilidade, a fim de melhorar as condições de vida da população. Serão oferecidos cursos em diversos espaços, sendo estes no Centro comunitário do Cavalão, da Souza Soares, e do Vital Brazil, na Secretaria Regional de Santa Rosa e nas hortas comunitárias dos Postos Médicos de Família do Vital Brazil e da Souza Soares, para 30 pessoas residentes com a periodicidade mensal. As ações serão voltadas para agroecologia de forma holística, abordando temas como consumo consciente, produção de cosméticos, utilização integral dos alimentos, produtos de limpeza naturais, compostagem, produção de alimentos agroecológicos, utilização de ervas naturais, promoção da saúde por meio de ervas medicinais, entre outros. Por meio dessas ações, buscamos o desenvolvimento econômico das comunidades envolvidas, que poderão além de adquirirem o conhecimento agroecológico para subsistência, gerar renda através da venda dos produtos e prestação de serviços que serão capacitados a realizar, com o curso. O projeto também visa empoderar as mulheres responsáveis pelo movimento agroecológico do Assentamento Terra Prometida, que terão um espaço de trabalho onde produzirão mudas e ensinarão os assentados a produzirem, sem impactar o meio ambiente. Além disso, pretendemos capacitar as populações vulnerabilizadas pelas condições socioambientais e disseminar saúde integral através dos saberes agroecológicos e incentivar a autonomia e segurança alimentar das favelas.
Ao final do projeto, será realizada uma feira, na praça do Vital Brazil, onde os beneficiários irão expor os produtos e tecnologias sociais que aprenderam com os cursos e atividades práticas realizadas pelos coletivos. Temos a intenção de tornar essa ação periódica, encorajando os moradores ao empreendedorismo e a criação do senso de comunidade, de modo a manter as ações coletivas, tão necessárias para o desenvolvimento dessas localidades, além de promover saúde e bem estar para territórios favelados e fortalecer a Agricultura Urbana do Estado do Rio de Janeiro.
O objetivo do projeto é levar o debate de saúde para a periferia e fortalecer a agricultura urbana e agroecológica dos Municípios de Niterói e Duque de Caxias, através da ressignificação de espaços e da construção coletiva do da propagação do conhecimento agroecológico, práticas essas que previnem doenças e promovem o bem-estar na medida em que associa diversos fatores que são determinantes e condicionantes para saúde integral. Isso será feito ao: trazer alternativas para contornar a insegurança alimentar nas favelas; incentivar práticas sustentáveis como o cultivo de alimentos, o consumo consciente, a reutilização de materiais, o descarte adequado de resíduos, promovendo estilos de vida mais saudáveis; inserir o debate de saúde ambiental e o conceito de Racismo Ambiental como forma de empoderar a comunidade.; unir Campo e Cidade ao integrar os territórios das Comunidades do Vital Brazil, Cavalão, e Souza Soares com o Movimento de Mulheres do Hydras do assentamento Terra Prometida.

O principal problema identificado, foi a falta de acesso da população a uma alimentação saudável, devido aos elevados preços dos alimentos in natura nos mercados, além da falta de incentivo as práticas de sustentabilidade e alimentação consciente dentro desses territórios. Exemplificando mais especificamente na comunidade do Vital Brazil, esta é composta 55% de mulheres, onde 67% se declaram como mães solo, assumindo funções domésticas e de cuidados com os filhos, muitas vezes elas estão vinculadas a trabalhos mal remunerados gerando maiores dificuldades em garantir a subsistência da própria família. Dos trabalhadores economicamente ativos 31% estão desempregados, portanto em situação de vulnerabilidade social. São 75 % que se declaram negras ou pardas, dentre eles 16 de 28 remanescentes quilombolas e indígenas.
Sobre as demais comunidades envolvidas neste projeto, foi feito um levantamento nos bancos de dados da Prefeitura Municipal de Niterói e IBGE, não sendo encontradas informações específicas dos sítios de ocupação destas comunidades.
O plano de intervenção tem início com a construção do viveiro de mudas, a fim de incentivar a sustentabilidade das propostas trazidas pelo projeto, envolvendo soberania alimentar, saúde e meio ambiente. Movimenta-se a fim capacitar pessoas acerca de técnicas sobre plantio, vida saudável e produção de insumos naturais. Apresenta, ainda, ações de educação focadas em tornar o público consciente das possibilidades de subsistência, de uma vida mais integrada com a natureza que tende a minimizar as desigualdades socioambientais dessa população.

Com esta iniciativa, estamos fortalecendo a Agricultura Urbana através do apoio aos agricultores urbanos das comunidades de Niterói, facilitando o acesso a insumos, mudas, cursos e atividades práticas, na comunidade em que vivem, e também no Assentamento Terra Prometida, com práticas de como se produzir mudas de hortaliças, frutíferas e ervas medicinais, agroecologicamente. Assim, com a execução do projeto, incentivamos a autonomia e soberania alimentar nas favelas e no assentamento, dando suporte para continuarem a produzir alimentos saudáveis e de qualidade na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o que ajudará a diminuir o custo desses produtos ao consumidor final, além de garantir a subsistência dos produtores. Isso será possível através da diminuição de custos com o transporte e aproximação do agricultor do consumidor final, que impedirá o aumento do valor dos produtos através de atravessadores.
Também idealizamos a promoção da saúde em ambientes favelados onde o Poder Público acessa apenas com medidas emergenciais. Favorece-se, assim, a propagação do conhecimento agroecológico, o acesso a alimentos naturais e saudáveis, garantindo uma melhora na saúde preventiva, reduzindo o desenvolvimento de doenças e tornando o ambiente das comunidades mais verdes, diminuindo as desigualdades climáticas e ambientais.
Dessa forma, a articulação entre movimentos sociais e com o poder público foi capaz de conectar as dimensões sociais, políticas e culturais dos territórios de forma a garantir soluções antes desconhecidas para problemas socioambientais, garantindo justiça ambiental e promovendo saúde de forma integral. Assim, começamos a pensar em saúde de forma autônoma e emancipatória de favelas, oferecendo mais segurança alimentar.
Com isso, impactando direta e indiretamente a produção de alimentos, educação, saúde pública, trabalho e condições de vida das pessoas mais vulnerabilizadas das periferias dos grandes centros urbanos.

Para os mutirões nos espaços comunitários, a mobilização da comunidade, deve ser feita através dos agentes comunitários e pelas redes sociais com antecedência para que a população participe efetivamente da ação. Além disso, é importante que seja feito um diagnóstico dos espaços para planejar o que precisa ser feito. Nos mutirões, é importante adotar uma metodologia com diálogo horizontal com as pessoas, explicando o que será realizado e o porquê. Assim, todos os presentes poderão atuar no mutirão sendo orientados pelos responsáveis e como agentes detentores de conhecimentos tanto quanto os mentores,
assim ocorrendo a troca de saberes e o resgate da cultura ancestral.

Principal

Favela Verde

favelaverdevtb@gmail.com

Coordenadora de Projeto

Coautores

Bianca Oliver Sarmento, Gabriel Farias

A prática foi aplicada em

Niterói

Rio de Janeiro

Sudeste

Esta prática está vinculada a

Rua João Dalossi, 175 - Vital Brasil, Niterói - RJ, Brasil

Uma organização do tipo

Terceiro Setor

Foi cadastrada por

BIANCA OLIVER SARMENTO

Conta vinculada

06 fev 2025

CADASTRO

06 fev 2025

ATUALIZAÇÃO

15 jul 2024

inicio

Condição da prática

Concluída

Situação da Prática

Arquivos

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