Nos últimos anos o município do Guarujá revelou um aumento importante nos encaminhamentos para consultas psiquiátricas. A psiquiatria tornou-se a porta de entrada para a saúde mental e a medicalização a forma predominante de cuidado. Este cenário apontou a necessidade de um estudo para melhor compreender os pedidos de encaminhamentos. O estudo começou com visitas as dez unidades básicas de saúde do município cinco foram escolhidas, segundo o critério de maior território, para participarem do estudo. Durante um mês equipes de psicóloga e terapeuta ocupacional realizaram nas unidades básicas, grupo com os pacientes que haviam sido encaminhados para consultas psiquiátricas. Os grupos foram organizados com dez pacientes, encontros semanais com duração de duas horas visando escuta qualificada dos pacientes, compreensão de seu sofrimento, busca de cuidados no próprio território e se necessário encaminhamento implicado para outros equipamentos da rede de saúde mental. Dos 233 encaminhamentos 76% foram cuidados na atenção básica com recursos do próprio território, 2% foram encaminhados para rodas de conversas nas USAFAS 10% foram encaminhados para psicoterapia breve e somente 12% realmente necessitaram de encaminhamentos para consultas psiquiátricas. Constatou se durante o estudo, resistência por parte das equipes das unidades básicas em acolher a demanda PSI e assumir o papel de porta de entrada para os cuidados em saúde mental. As ações eram pautadas no modelo médico, reforçando o cuidado medicamentoso e o encaminhamento para a especialidade, contrariando os conceitos do programa de saúde mental do município que preconiza o acesso universal dos serviços de saúde a integralidade da assistência e a descentralização dos serviços. Entretanto a vivência de um novo olhar sobre os encaminhamentos para consultas revelou-se um meio importante de aproximar a saúde mental da atenção básica e oferecer cuidados em saúde mental dentro das unidades básicas de saúde. Salientou a necessidade de encaminhamentos criteriosos, objetivando a diminuição dos encaminhamentos para serviços de especialidades. Estabeleceu a meta de redução do uso de psicotrópicos e de maior controle na dispensação de medicações no município.
Necessidade de um estudo para melhor compreender os pedidos de encaminhamentos para consultas psiquiátricas realizados pelas unidades básicas de saúde, com um modelo de atuação que facilite o acesso aos cuidados em saúde mental, alternativas de cuidados como rodas de conversas, atendimentos individuais ou em grupos, estratégias de matriciamento e atividades sócio-ocupacionais, preferencialmente com recursos do próprio território
Este estudo representou ao município um marco importante na ampliação da rede de saúde mental, garantindo aos munícipes acesso e cuidados dignos e de qualidade em saúde mental. Pode se implantar um novo modelo de práticas para as equipes das unidades básicas. A coordenação de saúde mental a partir do estudo implementou ações de saúde mental em sete unidades básicas de saúde e padronizou um fluxo de dispensação de psicotrópicos.
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