No ano 2023, foi necessária uma reorganização nas ações e fluxos de trabalho no que
concerne à atenção diária no Caps AD III, em Vitória. O CENTRO DE ATENÇÃO
PSICOSSOCIAL ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS TIPO III foi implantado no município de
Vitória no ano de 2003, sendo que até o mês de julho de 2023 não havia passado por processo
sistematizado de reorganização das atividades que são propostas para o espaço interno de
cuidados, os quais eram ofertados à população que faz tratamento para a dependência e abuso
de substâncias psicoativas.
Os objetivos portanto foram avaliar a assistência prestada na atenção diária no Caps AD III-Vitória-ES.
Reconhecer as possibilidades de aprimoramento dos cuidados em saúde mental oferecidos aos
usuários do município de Vitória no quesito uso de substâncias psicoativas.
Desde sua criação, o Caps AD III trouxe uma proposta de abordagem integrada,
interdisciplinar e Inter setorial, com enfoque multifatorial à questão do uso abusivo de
substâncias psicoativas, tendo como princípio a voluntariedade ao tratamento.
Este equipamento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) foi estruturado para abarcar
também a permanência 24 horas, recebendo o registro no ministério da saúde como Caps AD
III. Com esta mudança, o centro passa então a ter em seu funcionamento tanto a modalidade
de atenção diária quanto a de desintoxicação no leito, como prevista em portaria.
Pelos doze anos seguintes, os processos de trabalho do Caps AD III foram consolidados e
estão projetados em sua história, sendo um Caps que atende todas as modalidades previstas
para um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas do tipo III, e tendo em sua
composição de equipe a multiplicidade de saberes. O modelo de atenção diária seguia
reproduzindo a construção inicial desde 2011, com algumas alterações no que tange às
contribuições dos saberes dos profissionais que adentravam a equipe.
No contexto em que estávamos, que incluiu período pós pandemia Covid-19, foi possível
perceber o agravamento das questões relacionadas à saúde mental dos usuários que são
atendidos. Tais agravantes, junto à população que tem questões com o uso e abuso de
substâncias psicoativas, refletem, na prática, numa maior desorganização da pessoa, o que
pode ser percebido na prática como aumento da frequência de quebras de acordos. Por esse
motivo, surgiu a necessidade de reavaliação das práticas que estavam sendo adotadas.
Iniciamos a discussão acerca da retomada de alguns pilares que deram início à fundamentação
em saúde mental, a qual se propõem os trabalhos da equipe. Elencamos nossas dificuldades de
manejo em determinadas situações que traziam incertezas, e avaliou que julho de 2023 seria
um mês viável para fazer análises sobre todas as ações que interferiam direta e indiretamente
sobre nosso trabalho e nos serviços ofertados.
A descrição a seguir refere-se ao período apresentado em julho de 2023. Convidamos os
usuários que chegavam ao Caps AD III para sentarmos juntos e conversarmos sobre seus
modos de ver esse equipamento de saúde. Perguntamos sobre suas rotinas, seus aspectos
familiares, além de suas vontades e objetivos ao estarem nesse serviço.
Após este primeiro momento, todos os profissionais se reuniram tanto ao fim da manhã
quanto ao final da tarde. Com isso, foram garantidos tempos nas agendas para compartilhar
com o grupo maior como teria sido dialogar com os usuários nesse formato.
As propostas para aprimoramento que surgiram desta pausa para reorganização foram as
seguintes: sugestão para melhoria das oficinas ofertadas no sentido de materiais utilizados e
propostas terapêuticas voltadas para atividades manuais; iniciação do grupo “Projeto de
Vida”, cujo intuito seria estimular novas formas de pensar nos usuários — este grupo será
prioritariamente conduzido por, no mínimo, um psicólogo e um segundo profissional da
equipe multiprofissional; formação de um grupo de mulheres visando fortalecimento do papel
do feminino, trabalhando empoderamento, autocuidado, autogestão, empreendedorismo,
dentre outras características; suspensão temporária da oficina “Vivências do Cotidiano”;
formação de grupo específico para trabalho de cognição; retorno do papel do plantonista da
atenção diária, que se dará em dupla ou trio, sendo que esses profissionais também atuarão
atendendo a demandas espontâneas.
Também ficou definido que os atendimentos provenientes dos territórios de saúde seriam
encaminhados diretamente para as agendas dos profissionais matriciadores da unidade de
saúde referência.
A nova configuração da equipe permitiu maior fluidez nos acompanhamentos e também
atuação mais livre entre os profissionais.
Ficou estabelecido, ainda, que os profissionais farão avaliações periódicas do projeto da
atenção diária e que os ajustes serão propostos nas reuniões semanais já existentes no serviço,
que se dão às quartas-feiras, pela manhã. Essa experiência
trouxe novo frescor para as ações executadas, permitiu olhar para a atenção diária ofertada
sob um novo ângulo. Além disso, validamos o que pareceu mais potente, tanto aos olhares da
equipe quanto aos olhares de nossos usuários.
Quando validamos esses momentos, pudemos oportunizar que uma de nossas oficinas
recebesse mais um dia na grade de ofertas da semana. Naquele momento, suprimimos duas
outras atividades, ao passo que surgiram novas propostas para dar início a um grupo para
mulheres, um grupo sobre projetos de vida, dentre outras questões que visam a melhoria da
assistência prestada.
Recomendamos avaliações periódicas e definidas minimamente a cada 06 meses de trabalho, estudo de agenda frequente, as avaliações das necessidades dos usuários mesmo que singulares, precisam ser partilhadas com todos da equipe, treinamento de novos participantes da equipe buscando transferência de saberes e consolidação de abordagens sabidamente assertivas. Posterior construção de protocolo com perguntas abertas e fechadas proporcionando circulação da palavra e saberes.
Rua Álvaro Sarlo - Ilha de Santa Maria, Vitória - ES, Brasil
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO