Prevenção ao HIV em pessoas com deficiência: uma experiência no setor de fisioterapia

A prática consiste na disponibilização de preservativos e gel lubrificante no setor de fisioterapia neurofuncional da AAE, em Jardim (MS), como estratégia para ampliar o acesso à prevenção combinada ao HIV por pessoas com deficiência. O serviço atende pacientes em reabilitação e, ao longo das atividades, foram identificados relatos de constrangimento e julgamento quando tentavam retirar preservativos na recepção da unidade. Esses episódios evidenciaram barreiras comportamentais e o estigma que frequentemente nega a sexualidade e a autonomia das pessoas com deficiência, apontando a necessidade de adaptações que garantissem privacidade e acesso seguro aos insumos.
Diante desse cenário, foi criado um ponto discreto, acessível, protegido e integrado ao ambiente do setor, permitindo que os insumos sejam retirados de forma voluntária, em ambiente seguro, acolhedor e livre de exposição. A iniciativa tem como objetivo garantir condições dignas de acesso aos insumos de prevenção e promover a equidade no cuidado, considerando necessidades específicas desse público.
Desde 2010, a prática se mantém de forma contínua, com reposição frequente dos insumos e adesão espontânea dos usuários. Por exigir baixo custo e nenhuma mudança estrutural significativa, a estratégia demonstrou ser simples, viável e facilmente replicável, fortalecendo a autonomia dos pacientes e contribuindo para ambientes de cuidado mais inclusivos e acolhedores.

A prevenção combinada do HIV prevê a distribuição de preservativos como estratégia essencial. Antes da experiência, os insumos eram disponibilizados apenas na recepção da unidade, local de maior circulação e exposição. Pessoas com deficiência atendidas no setor relataram vergonha, julgamento e comentários preconceituosos ao tentar retirar preservativos, o que levava muitos a evitarem o acesso ao insumo.
Um caso emblemático ocorreu quando uma paciente paraplégica solicitou que a fisioterapeuta retirasse os preservativos por ela, relatando situações anteriores de discriminação. Esse episódio revelou uma barreira comportamental invisível, porém concreta, que restringia a autonomia e o direito à saúde sexual desses usuários. Com o tempo, outros relatos semelhantes mostraram que o problema era recorrente.
A ausência de estratégias que garantissem privacidade, somada ao estigma que frequentemente nega a sexualidade das pessoas com deficiência, reforçava a exclusão desse público. Assim, identificou-se a necessidade de criar um ponto de acesso protegido, acessível e respeitoso, que assegurasse a retirada dos preservativos sem constrangimento.

A iniciativa gerou mudanças significativas no acesso à prevenção combinada. Usuários com deficiência passaram a retirar preservativos de forma espontânea dentro do setor, superando o constrangimento anteriormente vivido na recepção. Observou-se também a ampliação natural do público beneficiado, uma vez que acompanhantes e familiares passaram a utilizar o ponto protegido para acessar os insumos.

Outro resultado importante foi o fortalecimento da autonomia dos usuários, que passaram a exercer seu direito à saúde sexual com privacidade e segurança. A reposição frequente da caixa de preservativos e géis evidenciou a adesão contínua à estratégia e confirmou a efetividade da iniciativa no cotidiano do serviço.

No âmbito institucional, a prática demonstrou que ações simples, de baixo custo e facilmente replicáveis podem gerar impacto expressivo, contribuindo para a redução de desigualdades no acesso aos insumos de prevenção e reforçando as diretrizes da prevenção combinada no SUS.

A experiência aponta que serviços de saúde devem adotar estratégias de prevenção que assegurem privacidade, autonomia e acolhimento a usuários vulneráveis ao estigma social. Recomenda-se:
• disponibilizar preservativos em pontos acessíveis, protegidos e organizados de forma a garantir discrição na retirada dos insumos;
• desenvolver ações de prevenção sensíveis às especificidades das pessoas com deficiência, incorporando suas necessidades no planejamento das práticas;
• promover ambientes livres de julgamento, valorizando os direitos sexuais e reprodutivos e fortalecendo a autonomia dos usuários;
• incentivar a replicação da estratégia em outros serviços da rede SUS, dada sua simplicidade, baixo custo e potencial de impacto;
• integrar diferentes setores e dispositivos da rede de atenção para qualificar e ampliar as ações locais de prevenção combinada.

autor Principal

Luiza Mara Balta Quinta

luizamaraq@hotmail.com

Fisioterapeuta

Coautores

Luiza Mara Balta Quinta

A prática foi aplicada em

Jardim

Mato Grosso do Sul

Centro-Oeste

Esta prática está vinculada a

R. Antônio Pinto Pereira, 430 - Vila Angelica, Jardim - MS, 79240-000, Brasil

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Luiza Mara Balta Quinta

Conta vinculada

25 nov 2025

CADASTRO

25 nov 2025

ATUALIZAÇÃO

10 jul 2010

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