A promoção da saúde materna e infantil é um dos pilares fundamentais para a construção de um sistema de saúde mais humano e respeitoso, especialmente no contexto brasileiro, onde a violência obstétrica é uma realidade preocupante. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) preconiza através da Rede Alyne, Portaria MS 5350/2024 o Plano de Parto (PP) para gestantes como instrumento de comunicação entre parturiente e equipe de saúde da maternidade sobre seus desejos no pré-parto, parto, pós-parto e cuidados com o bebê como prevenção à violência obstétrica, o que representa avanço significativo no empoderamento das gestantes. Através deste instrumento, as parturientes têm oportunidade de expressar seus desejos e expectativas em relação ao processo de parto, o que contribui para um ambiente mais acolhedor na maternidade. Como implementar o plano de parto de parto na rede de saúde municipal? A descrição que se segue evidencia a vivência em uma unidade de saúde da família de João Pessoa na Paraíba que se destacou na implantação do plano de parto, fruto do Projeto de Extensão “Aconchego Materno: Apoio e Promoção à Saúde das Mulheres”, desenvolvido na graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) promovendo a implementação do plano de parto em todas as unidades básicas de saúde e na maternidade municipal, servindo como modelo para fortalecer a comunicação entre gestantes e profissionais de saúde, ressaltando o respeito às escolhas da mulher nesse momento significativo.
OBJETIVOS:
Objetivo geral: Implementar o plano de parto no município de João Pessoa, Paraíba, visando garantir um atendimento humanizado e seguro às gestantes.
Objetivos Específicos: Capacitar profissionais de saúde sobre a importância do plano de parto e suas diretrizes; Realizar divulgação para gestantes e familiares sobre os direitos e opções disponíveis no parto; Criar um canal de comunicação entre gestantes e equipes de saúde para facilitar a elaboração e a adesão ao plano de parto, a exemplo do pré natal coletivo; Monitorar e avaliar a implementação do plano de parto nas unidades de saúde e maternidade, visando melhorias contínuas no atendimento; Promover parcerias com instituições de ensino e organizações não governamentais para ampliar o alcance e a efetividade da iniciativa.
Trata-se de um relato de experiência descritivo sobre a implementação do plano de parto no município de João Pessoa estruturado em sete encontros ao longo de 2024 e 2025. O primeiro encontro, realizado em dezembro de 2024, marcou a apresentação do projeto e do plano de parto, conduzida pela professora e pela enfermeira colaboradora, direcionada à gestora responsável pela Saúde da Mulher da Secretaria Municipal de Saúde. Este momento inicial foi crucial para articular as demais etapas do processo. Em 2025, ocorreu um segundo encontro com a equipe gestora e técnica da maternidade para discutir as diretrizes do plano alinhado às ofertas da maternidade. Depois, foram realizados mais cinco encontros com enfermeiros e médicos das unidades de saúde e técnicos dos cinco distritos sanitários para discutir a temática e apresentar o modelo de plano de parto da rede de saúde municipal. Para facilitar a compreensão do conteúdo, foram utilizados recursos audiovisuais, como datashow, permitindo a projeção de slides, bem como a distribuição de cópia do plano de parto impressa para a leitura. Os encontros foram realizados nos auditórios da maternidade e de uma policlínica municipal proporcionando um ambiente favorável ao aprendizado e à troca de experiências. Essa estratégia institucional teve como intencionalidade capacitar os profissionais, mas também construir coletivamente um modelo que atenda às necessidades das gestantes e promova um parto mais humanizado.
Mais de 500 profissionais da Atenção Básica e da área hospitalar foram qualificados em João Pessoa para a adoção do plano de parto implementado nas outras 211 equipes de saúde da família a partir de abril de 2025. Além da qualificação dos profissionais, a experiência gerou um aumento na conscientização das gestantes sobre a importância do plano de parto. As equipes, formadas por médicos e enfermeiros, foram treinadas para oferecer suporte e informações claras. A expectativa é que, com o plano, as gestantes se sintam mais empoderadas e satisfeitas com as decisões sobre o parto, levando a melhorias nos indicadores de saúde materno-infantil, como a redução de intervenções desnecessárias, redução de cesarianas, mortalidade materna e neonatal, prevenção da violência obstétrica e incentivo ao aleitamento materno em tempo oportuno. Um sistema de acompanhamento e avaliação será estabelecido, incluindo feedback das gestantes e monitoramento contínuo. O modelo de João Pessoa poderá inspirar outros municípios e regiões do Brasil a adotarem práticas semelhantes, promovendo um cuidado mais humanizado e centrado na saúde materno-infantil.
A implementação do plano de parto em João Pessoa, realizada por meio de uma metodologia colaborativa, destaca a importância do envolvimento de diversos atores sociais e profissionais de saúde na melhoria da assistência ao parto. O primeiro encontro, em dezembro de 2024, foi crucial para estabelecer um diálogo produtivo e considerar as necessidades das gestantes. Com os encontros ao longo de 2025, tornou-se evidente que a parceria entre a professora do projeto, a enfermeira colaboradora e a gestora da área técnica de Saúde da Mulher foi fundamental para promover uma cultura de cuidado humanizado. Ao final, espera-se que o plano de parto melhore a qualidade do atendimento, aumente a adesão dos profissionais de saúde e fortaleça a autonomia das mulheres, respeitando suas escolhas. Essa iniciativa pode servir como modelo para outras localidades, demonstrando a eficácia de abordagens participativas na saúde pública e na saúde do binômio mãe e bebê, a fim de estimular uma experiência positiva para ambos.
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