As experiências e os processos de pesquisa apresentados pelo obteia sobre a saúde das populações do campo, da floresta e das águas visam a: contribuir teórica e metodologicamente com o tema da saúde rural brasileira.
As políticas de saúde para as populações do campo, da floresta e das águas no Brasil, historicamente, estiveram relacionadas aos interesses econômicos, que, para potencializar a exploração dos recursos naturais, necessitavam de mão de obra sadia. Os maiores avanços dessas políticas, por sua vez, ocorreram nos períodos históricos em que os trabalhadores rurais estiveram mais organizados. Como resultado desse processo, nos dias atuais permanece a descontinuidade das ações, dos modelos que não se consolidaram, e uma fragmentação de iniciativas que contribuem para altos níveis de exclusão e de discriminação das populações do campo, da floresta e das águas pelos serviços de saúde.
Na construção da política nacional de saúde integral das populações do campo, floresta e das águas (PNSIPCFA) foi levado em consideração as diversidades das populações do campo, da floresta e das águas. As questões foram formuladas por meio de estratégias de saúde a serem implementadas pelos gestores e por trabalhadores da saúde que busquem entender a vivência, a linguagem, o modo de fazer promoção de saúde das populações em questão, com foco em suas crenças e usos de cuidados com base na sabedoria popular. Os agravos que acometem tais indivíduos também devem ser compreendidos de forma diferenciada em relação as pessoas do meio urbano. Os trabalhadores da saúde necessitam se apropriar do modo de vida da população com a qual vão trabalhar. Com isso, poderão construir as ações que levem a superar os problemas que são enfrentados no meio rural. O observatório, que buscou uma amostra das situações dessas populações em nove territórios, é apenas uma pequena revelação das inquietudes e também dos trabalhos em saúde que acontecem em relação à PNSIPCFA. Percebemos que há ainda muito que avançar, pois a luta pela implementação da política precisa sensibilizar os gestores da existência da política e as estratégias propostas em cada um de seus eixos. A luta por mais espaços na formação dos trabalhadores da saúde campo, floresta e águas: saberes e práticas em saúde para que possam ter disciplinas voltadas para conviver com a realidade com a qual vão trabalhar, ainda durante seu período de estudos na universidade, melhorando a compreensão e a possibilidade de construir um trabalho com participação e com base nas necessidades da comunidade em que vão atuar. Existe também o interesse das populações por um olhar de respeito e de valorização pelas suas práticas, pelo cuidado e pela preservação do uso das plantas medicinais, como nas rezas, benzimentos, etc. E uma das grandes questões levantadas é o desconhecimento dos gestores do SUS da PNSIPCFA, o que é um primeiro impedimento para sua implantação. As diversas instâncias de gestão e controle social do SUS devem buscar superar os desafios relacionados
à implantação dessa política para saldar uma dívida histórica com essa população.
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