FINALIDADE DA EXPERIÊNCIA: Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência de elaboração de um Plano Operativo, parte integrante do Planejamento Estratégico Situacional, desenvolvido com a finalidade de qualificar a Assistência Farmacêutica da Farmácia Municipal de Canguçu/RS.DINÂMICA E ESTRATÉGIAS DOS PROCEDIMENTOS USADOS: Esta experiência surgiu através da elaboração de um PO cujas informações foram obtidas por meio de oficinas, pesquisa bibliográfica e anotações deste autor ao longo da vivência do processo. As oficinas ocorreram entre julho de 2014 e janeiro de 2015 e foram divididas em quatro etapas: Momento Explicativo, Momento Normativo, Momento Estratégico e Momento Tático-Operacional.O momento explicativo está relacionado ao entendimento do que se pretende realizar, das oportunidades e dos problemas que serão enfrentados. Nesta etapa foi construída uma Espinha de Peixe ou Diagrama de Ishikawa para elucidação do problema de forma a apresentar a relação entre o resultado (efeito) e os fatores (causas) que o influenciam. Após a análise crítica e minuciosa do problema, descritores e imagem-objetivo, foram sendo apresentadas causas e suas respectivas consequências até se chegar à causa convergente: falta de comunicação entre os setores administrativos, financeiro, equipe técnica, compras e defensoria pública
Com o objetivo de promover a educação permanente de farmacêuticos e qualificar a Assistência Farmacêutica (AF) do Sistema Único de Saúde (SUS), o Ministério da Saúde estabeleceu uma parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e promoveu uma qualificação nacional de farmacêuticos por meio do curso Gestão da Assistência Farmacêutica Especialização a Distância. A estratégia de ensino-aprendizagem do curso baseou-se na construção de um Plano Operativo (PO) com foco na gestão da Assistência Farmacêutica.O Planejamento Estratégico Situacional (PES) é um método de planejamentoorientado por problemas e trata, principalmente, daqueles que são mal-estruturados e complexos, para os quais não existe solução normativa ou previamente conhecida.É importante destacar que, embora se possa partir de um campo ou setor específico, os problemas são sempre abordados em suas múltiplas dimensões política, econômica, social, cultural, etc. e em sua multissetorialidade, pois suas causas não se limitam ao interior de um setor ou área específicos e sua solução depende, muitas vezes, de recursos extrassetoriais e da interação dos diversos atores envolvidos na situação.
Este trabalho teve a intenção de relatar uma experiência de elaboração de um Plano Operativo para a Farmácia Municipal de Canguçu/RS, detalhando todas as etapas do processo. Tornou-se, contudo, mais do que um relato, uma reflexão a respeito de todos os dilemas, processos e obstáculos que envolvem a construção de um PO, o foco central do planejamento, os seus objetivos e o espaço no qual ele deve ser aplicado. Isto é o que se denomina Educação Permanente em Saúde. A integração ensino-serviço que oportuniza problematizar a prática com vistas à melhoria do Sistema Único de Saúde.Esta experiência foi importante para a equipe constatar que as despesas da Secretaria Municipal de Saúde com os processos judiciais de medicamentos estavam relacionadas com a desatualização da REMUME. Ao contrário do que se pensava, a judicialização não é um problema isolado, mas proveniente de outros agravantes. Desta forma, pode-se afirmar que o Planejamento Estratégico Situacional contribuiu como ferramenta de gestão promovendo uma visão ampliada dos problemas e o envolvimento de múltiplos atores para a qualificação contínua dos processos na Assistência Farmacêutica e fortalecimento do SUS.
R Silva Tavares, 1085