- Promoção da Saúde
Bruno Henrique da Silva Ramos
- 18 nov 2024
As ações de prevenção da transmissão vertical da infecção pelo HIV vêm apresentando importante potencial de redução nas taxas, dada sua priorização nas políticas públicas de saúde através do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais (PCDT). As ações incluem a testagem para as infecções durante o pré-natal e, nesse contexto, se constituem como importante via de acesso ao diagnóstico para mulheres em idade reprodutiva. No Serviço de Atenção Especializada (SAE) do município de Ipatinga, Minas Gerais, as mulheres vivendo com HIV que manifestam o desejo pela gestação, são acolhidas e orientadas quanto aos protocolos que se seguirão. Quanto às mulheres que tiveram o diagnóstico durante a gestação, ou no momento do parto, estas são encaminhadas ao SAE para início imediato do acompanhamento. A criança nascida de mãe positiva é também acompanhada no SAE até a definição do seu diagnóstico. Os protocolos incluem o uso de antirretrovirais e a substituição do aleitamento materno por outras formas de amamentação, além de outras estratégias de prevenção e monitoramento. A operacionalização das ações é realizada pela equipe multiprofissional do SAE de Ipatinga, composta por médicos infectologistas e pediatra, equipe de enfermagem, equipe de farmácia, psicóloga, nutricionista e assistente social, que compartilham o cuidado de forma integral e integrada.
A despeito de se tratarem de medidas de tecnologia simples, é importante considerar os impactos emocionais e sociais advindos da descoberta de uma condição de saúde permeada por estigmas, pela impossibilidade da mãe em dedicar cuidados tão intrínsecos à noção de maternidade e pela temporalidade despendida no acompanhamento infantil até a sua definição. Considerando a perspectiva de humanização em saúde e a proposta de gestão do cuidado, busca-se ofertar atenção às demandas de cada mulher e cada criança considerando-as em suas especificidades.
O acompanhamento das gestantes e puérperas, bem como das crianças expostas, é realizado pela equipe multiprofissional, o que inclui consultas, discussões de caso, acompanhamento de vacinação, exames de monitoramento clínico, dispensação de medicamentos e de fórmula láctea, visitas à maternidade logo após o parto para acolhimento e orientações. Em 2023 foram acompanhadas 4 crianças expostas e, até o primeiro semestre de 2024, 3 crianças estão em acompanhamento.
O compartilhamento do cuidado possibilita a atenção às diversas demandas que se apresentam e vai além das intervenções biomédicas, perpassando também pelo acolhimento às questões subjetivas que possam emergir nesse contexto; a garantia dos direitos humanos, sexuais e reprodutivos; e a promoção e fortalecimento do vínculo mãe-bebê. De forma a ampliar as possibilidades de atenção, o compartilhamento do cuidado pode ser potencializado junto aos outros âmbitos da rede de saúde e intersetorial, considerando os aspectos da territorialidade e da longitudinalidade do cuidado.
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