Mergulho da inclusão: o SUS que emerge do rio Amazonas

A cidade de Macapá, capital do Amapá, está situada na Região Norte do Brasil e
é a única capital brasileira banhada pelo Rio Amazonas, sendo este o mais extenso e volumoso curso
de água do mundo, cruzando Estados, regiões e países. No cenário do cotidiano macapaense é
comum banhar-se nos igarapés, balneários e rios. Banhar-se no Rio Amazonas faz parte das cenas
de vida do sujeito Tucuju. Com isto, notou-se que uma parcela significativa da nossa população
nunca teve acesso ao banho de rio, em sua grande maioria pessoas com mobilidade reduzida,
pessoas com Transtornos Globais de Desenvolvimento, pessoas com Síndrome de Down e paralisia
cerebral. Posto isso, notou-se a importância da criação de um projeto que pudesse viabilizar esse
contato de todos com o rio, rompendo estigmas sociais e limitações. Sendo assim, em 2022, foi
criado o projeto “Mergulho da Inclusão”. Tal nomenclatura refere-se a uma praia acessível a todos,
propiciando o acesso e inclusão ao lazer a pessoas com deficiências, garantindo socialização,
contato com a natureza, aumento das possibilidades de estimulação sensorial, além da promoção do
bem-estar. Parte dos usuários que participam do projeto são atendidos pelas Equipes
multiprofissionais Atenção Domiciliar (EMAD), cujo perfil principal são crianças acamadas e em uso
de dispositivos auxiliares como traqueostomia e gastrostomia. O referido projeto encontra-se em
execução, solidificando-se como uma ação que sedimenta as práticas da inclusão.

Possibilitar o acesso e inclusão ao lazer em territórios líquidos às crianças com
mobilidade reduzida, atendidas pelo EMAD no município de Macapá.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
⮚ Promover atividades de recreação e lazer para o público-alvo.
⮚ Estimular sentimento de pertencimento, fortalecendo vínculo familiar e troca de experiências
entre os participantes.
⮚ Destacar benefícios que atividades em ambientes amazônicos podem proporcionar para os
participantes.
⮚ Possibilitar que as crianças atendidas pelo programa EMAD, as quais são acamadas,
pudessem ter contato com o banho de rio.

As ações acontecem sempre no Balneário da Fazendinha, distrito de Macapá. Nota
se, adesão significativa dos pacientes e suas famílias, com crescimento exponencial da participação
do público alvo. Observou-se, que a disponibilidade do transporte na ambulância do SAMU para o
translado dos usuários atendidos pelo EMAD, caracterizou-se como um facilitador da adesão à
participação dos mesmos. Percebe-se, que a presença dos profissionais da saúde durante o mergulho
reflete em sentimentos de segurança e confiabilidade, tornando aquele espaço acolhedor e referência
em promoção à saúde. Apesar das crianças participantes apresentarem grau de dependência
moderada a grave e uso de dispositivos como traqueostomia e gastrostomia, não houve
intercorrências durante o transporte e execução das atividades aquáticas. Os contatos com os usuários durante a realização das ações permitiram a visualização da importância do processo de
inclusão e acessibilidade para todos. Outro fator de importante destaque, foi a emoção dos
pais/cuidadores/responsáveis das crianças, visto que, para muitos o diagnóstico de PC, alinhado a
questões sociais, caracteriza-se como um fator de impedimento de sair de casa e usufruir de
atividades de lazer; foram recorrentes verbalizações que indicam a felicidade e o bem-estar de poder
pela primeira vez tomar banho no Rio Amazonas. Ademais, tal ação reforça o estabelecimento do
vínculo entre usuário, serviço de saúde e cuidador.

Considerando o exposto, evidencia-se a relevância da manutenção do referido projeto,
bem como ampliação dos quantitativos de edições do Mergulho da Inclusão. É importante a
manutenção dos recursos já disponibilizados, principalmente no que se refere ao transporte para
deslocamento dos participantes realizado pelo SAMU municipal. Pontua-se que o projeto contribui
para a efetivação e fortalecimento dos princípios do SUS, tendo o rio Amazonas como colaborador no
processo de promoção de saúde no território. Ainda, o Mergulho da Inclusão nos instiga a refletir sobre
a necessidade da imersão dos gestores, sobre projetos inclusivos, semelhantes a esse no âmbito do
SUS. Tal iniciativa corrobora com a integralidade e equidade do cuidado do sujeito Tucuju e isso, por
si só, evidencia “o jeito de ser do povo daqui”.

Principal

Luana Izabel da Silva Nunes

luhizabel13@gmail.com

Psicóloga

Coautores

Luana Izabel da Silva Nunes

A prática foi aplicada em

Macapá

Amapá

Norte

Esta prática está vinculada a

Av. Henrique Galúcio, 1249 – Centro

Uma organização do tipo

Instituição Pública

Foi cadastrada por

Monique Melo Gomes

Conta vinculada

20 set 2024

CADASTRO

20 set 2024

ATUALIZAÇÃO

Condição da prática

Concluída

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