As doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morbimortalidade no Brasil. Portanto, na Atenção Primária em Saúde (APS) os cuidados para as condições crônicas precisam de protagonismo. As equipes da APS diariamente encontram múltiplos desafios na abordagem integral a esses usuários, pois precisam lidar com cultura, estigmas e fatores que perpassam uma simples prescrição, necessitando constantemente de estratégias inovadoras fazendo uso de tecnologias leves como são, por exemplo, os grupos de educação em saúde.
O trabalho descreve um relato de experiência a partir do grupo de educação em saúde realizado na Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Volta Grande, localizada em Volta Redonda-RJ. Como objetivo, pretende-se mostrar a mudança na percepção do autocuidado das pessoas com doenças crônicas através desses encontros desenvolvidos.
A UBSF considerada a maior unidade da cidade, possui cinco equipes de saúde da família e uma população estimada de mais de 25 mil pessoas, um território com prevalência das condicionalidades crônicas como Hipertensão e Diabetes. Os grupos foram desenvolvidos como estratégia de abordagem comunitária, acontecem desde jan/2022 com peridiocidade mensal. As equipes se reúnem mensalmente para planejamento e estruturação dos grupos, contando também com a participação do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) e seus dispositivos sociais, como a associação de moradores e a igreja católica do bairro. Assim, durante os atendimentos individualizados ou através dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) os usuários são convidados para esta estratégia de cuidado grupal. Os usuários participam ativamente nos encontros com suas experiências e interações, que passam a ser significativas pela troca de saberes e no empoderamento dos participantes diante de problemas que são comuns. Dessa forma, foi possível aumentar o vinculo das pessoas com a unidade, os grupos possuem ampla adesão com mais de cem pessoas nos encontros. Também, trabalhar no coletivo, fatores de risco cardiovasculares, como as mudanças de estilo de vida, através de uma equipe multiprofissional de apoio promovendo maior adesão ao tratamento pré-existente e ressignificando processos de cuidado, trazendo o usuário como protagonista de sua historia e a comunidade como apoiadora de uma estratégia transformadora. Portanto, a abordagem comunitária quando direcionada as necessidades dos territórios e com participação ativa das pessoas oportuniza uma aprendizagem reflexiva de todos os envolvidos, como disse Paulo Freire: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Assim, quanto mais horizontal a pratica, maior será a efetividade do cuidado esperado.
O diagnóstico territorial mostrou um território com mais de 80% dos pacientes idosos e com doenças cardiovasculares; o uso dos grupos de educação em saúde foi uma ferramenta para diminuir a espera por consulta e otimizar as mesmas, além de levar informação e dar autonomia ao usuário, para que ele seja protagonista do seu cuidado
Com a realização da prática, pudemos perceber uma mudança no estilo de vida e melhora dos hábitos da população e como consequência melhora nos resultados de exames laboratoriais, perda de peso e diminuição dos scores de risco cardiovascular
Um cuidadoso diagnóstico territorial e visão ampliada da demanda do seu território faz com que os grupos de educação em saúde sejam usados como uma ferramenta eficiente para promover cuidado, autonomia e redução de consultas com a finalidade de esclarecimento e promoção do cuidado
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