Práticas
- Atenção Primária à Saúde
Rafaela Alves dos Santos
- 25 mar 2025
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social, sendo essencial que os sinais e sintomas sejam identificados o mais cedo possível para garantir um acompanhamento adequado e intervenções eficazes. Nesse contexto, a intersetorialidade entre os setores de saúde e educação tem um papel estratégico na promoção da triagem precoce, visto que os professores estão em posição privilegiada para observar o comportamento das crianças no ambiente escolar. A experiência está sendo desenvolvida na Creche Municipal Reino da Felicidade Mãe Lindalva, localizada no município de Cajazeirinhas – PB. A ação vem ocorrendo desde novembro de 2024 até os dias atuais, tendo como público-alvo os professores da instituição.
Os objetivos do trabalho são:
* Objetivo geral
Analisar a contribuição da capacitação docente e do uso de instrumentos específicos para a triagem precoce de sinais de autismo em uma creche municipal de Cajazeirinhas – PB, fortalecendo a intersetorialidade entre saúde e educação.
* Objetivos específicos
1. Investigar o nível de conhecimento prévio dos professores sobre os sinais e sintomas precoces de autismo e o uso de instrumentos de triagem.
2. Capacitar os professores para o uso de instrumentos específicos na triagem precoce de sinais de autismo.
3. Avaliar a eficácia da capacitação e do uso de instrumentos na melhoria da identificação precoce de crianças com suspeita de autismo.
4. Promover o diálogo e a articulação entre os setores de saúde e educação para o acompanhamento dos casos identificados.
O trabalho vêm ocorrendo mediante uma abordagem qualitativa e descritiva, visando analisar o impacto da capacitação docente e do uso de instrumentos para a triagem precoce de sinais de autismo. A estratégia institucional para desenvolvimento do trabalho, se deu por iniciativa articulada entre a Secretaria Municipal de Educação e a Secretaria Municipal de Saúde de Cajazeirinhas – PB, através da profissional de psicologia, ao qual promoveu uma ação conjunta com os profissionais da equipe E-multi, a fim capacitar os professores da creche municipal. Inicialmente foi realizada uma pesquisa meio de entrevista semi-estruturada e aplicação de questionário, tendo como público-alvo os professores e equipe pedagógica da creche municipal. A experiência vêm ocorrendo desde novembro de 2024, ao qual foi explanado a gestão o plano piloto do projeto, com início das intervenções no ano de 2025. Os instrumento de coleta de dados foram os seguintes: questionários para avaliar o conhecimento prévio dos professores sobre o autismo e o uso de instrumentos de triagem, observação direta das práticas em sala de aula após a capacitação e relatórios de registros institucionais sobre casos encaminhados para avaliação especializada. Os recursos que vêm sendo utilizado para desenvolvimento da experiência, são: a) material didático e apresentações sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA); b) instrumentos de triagem como o M-CHAT (Modified Checklist for Autism in Toddlers) e outras ferramentas de rastreio reconhecidas; e, c) suporte técnico das equipes de saúde e educação para orientação e acompanhamento dos casos identificados.
A motivação para essa abordagem surgiu da observação de que muitos casos de autismo não são identificados em tempo hábil, o que compromete o desenvolvimento das crianças e dificulta o acesso a intervenções adequadas. Diante desse cenário, a capacitação docente e o uso de instrumentos específicos para triagem precoce foram considerados estratégias fundamentais para fortalecer a detecção precoce e a articulação entre os setores de saúde e educação.
Os resultados obtidos com a capacitação docente e o uso de instrumentos para a triagem precoce de sinais de autismo evidenciam avanços significativos em diferentes áreas, atendendo diretamente aos objetivos propostos: a) a capacitação dos professores e a implementação dos instrumentos de triagem vêm contribuindo para uma maior precisão na identificação de sinais precoces de autismo, permitindo encaminhamentos mais rápidos para avaliação especializada, com destaque para integração entre os setores de saúde e educação que foi amplamente fortalecida, resultando em um fluxo mais organizado para o acompanhamento dos casos identificados; b) os questionários aplicados antes da capacitação revelaram que a maioria dos professores possuía um conhecimento limitado sobre os sinais de autismo e desconhecia o uso de instrumentos específicos para triagem; c) após a capacitação, os professores demonstraram domínio sobre o uso de instrumentos de triagem, como o M-CHAT, com um aumento significativo na confiança dos docentes em aplicar os instrumentos e interpretar os resultados, o que facilitou a identificação precoce de comportamentos atípicos em sala de aula; d) os professores relataram maior segurança e clareza ao observar comportamentos indicativos de autismo e na tomada de decisão sobre o encaminhamento para acompanhamento especializado; e) a articulação entre saúde e educação foi fortalecida por meio de reuniões periódicas entre as equipes escolares e profissionais da equipe E-multi da saúde, permitindo um acompanhamento integrado das crianças identificadas. Tal parceria possibilitou um tempo de resposta mais rápido para o início de intervenções especializadas e maior suporte às famílias.
A capacitação docente e o uso de instrumentos específicos para triagem precoce de autismo demonstraram ser estratégias eficazes para fortalecer a intersetorialidade entre saúde e educação. Os objetivos propostos foram atingidos, uma vez que os professores passaram a se sentir mais preparados para identificar sinais de autismo e realizar os encaminhamentos necessários de maneira mais assertiva. A experiência reforça a importância da articulação entre os setores de saúde e educação como meio de garantir uma resposta mais rápida e eficaz para crianças com sinais de autismo. Recomenda-se que a capacitação e o uso de instrumentos de triagem sejam institucionalizados como prática contínua, permitindo que o processo de identificação precoce se torne uma estratégia consolidada na rede municipal de ensino
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