- Saúde Mental e Atenção Psicossocial
Antonio Rinaldo Pagni
- 31 out 2024
A experiência foi realizada por conveniência, sendo composta por 58 (cinquenta e oito) participantes, incluindo alguns usuários e acompanhantes presentes na sala de espera do Ambulatório de Saúde Mental Oswaldo Camargo. Houve, ainda, a participação de alguns pacientes do CAPS Oswaldo Camargo, além da frequência eventual de alguns membros da equipe técnica das duas unidades.As estratégias adotadas consistiram em acolhimento, informação acerca da origem e do movimento de resgate das Danças Circulares, além do significado do círculo, do centro e da harmonia, leveza e qualidade de vida que as danças podem proporcionar. Posteriormente, ocorreram as vivências propriamente ditas e houve espaço para comentários finais e produção de relatos referentes às emoções dos participantes após as vivências com as Danças Circulares. A produção de relatos ocorreu no período de setembro/2014 à janeiro/2015, sendo realizada, semanalmente, com duração de 2 (duas) horas.
Os usuários do ambulatório de Saúde Mental investigado parecem envolvidos pela dialética exclusão-inclusão (SAWAIA, 2002). Essa dialética mostra-se como um processo multifacetado, uma configuração de dimensões materiais, políticas, relacionais e subjetivas. Sua existência está em função, por um lado, da inclusão feita pelo ambulatório, permitindo a acessibilidade dos usuários, mas excluindo, por outro lado, de diversas formas, evidenciadas por um tratamento envolvendo problemas de acolhimento e convivência, tais como a fraca adesão e a possível discriminação frente aos portadores de transtornos mentais (MERHY, 2007). Compreende-se que esses adultos não apenas vivenciam sofrimento psíquico, ético-político (SAWAIA, 2002), como também situações que são fonte de prazer: nas aprendizagens partilhadas, nas interações vividas na ambiência do ambulatório e nas perspectivas que constroem para regulação da sua saúde mental. Parece ser possível nessa dialética, a construção de novos sentidos que organizem as configurações subjetivas envolvidas nas suas estratégias de convivência consigo próprio e com os outros, possibilitando a reconstituição das trajetórias de desenvolvimento pessoal e social via Práticas Integrativas e Complementares (PICS), de acordo com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, PNPIC, 2006). Sendo assim, torna-se fundamental a criação de PICS que criem espaços de expressão criativa dentro da estrutura coletiva dos serviços de saúde mental ambulatorial, tais como as Danças Circulares (BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017), favorecendo a convivência, a troca de experiências e a manifestação de estados emocionais positivos, num esforço incessante de superação dos vícios institucionais (PRATA, 2004
De acordo com Barreto (2014), as Danças Circulares são desenvolvidas visando ampliar o conhecimento, em direção ao bem-estar físico, mental, emocional, energético e social. Em meio a momentos de muita descontração e também, a momentos de introspecção, as pessoas que estão na roda podem se perceber como seres humanos mais integrados. Para pessoas de todas as idades, as Danças Circulares podem sensibilizar, socializar, resgatar valores humanos, incentivar interações, promover diálogos intra e interpessoais, aguçar a consciência corporal, melhorar a autoestima e fomentar relacionamentos saudáveis dentro do contexto social em que vivem. Torna-se importante, para futuras investigações, o desenvolvimento de delineamentos mais amplos e comparativos que possibilitem expansão de amostras incluindo instrumentos validados, um maior número de dados sóciodemográficos tais como situação conjugal, escolaridade, nível sócioeconômico, tipo de ocupação, religião, além de dados clínicos referentes ao diagnóstico em saúde mental dos participantes.
CADASTRO
ATUALIZAÇÃO